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sexta-feira, 18 de março de 2016

Resenha Game: Tom Clancy's The Division


Quando comprei meu PS4 por uma grana que eu nem tinha, eu comprei pensando em Batman Arkham Knight acima de qualquer outro jogo.
Arkham Knight e Uncharted 4. Esses eram os games que eu realmente queria jogar, além, claro, da série FIFA.
Pouco depois de comprar o console (e perceber que haviam pouquíssimos games no catálogo do sistema que eu gostaria de jogar...), foi que ouvi falar do The Division, que estava em desenvolvimento e, a exemplo de Arkham Knight e Uncharted 4, viria a ser adiado mais de uma vez antes de seu lançamento.
E talvez, se o quarto capítulo das aventuras de Nathan Drake não tivesse sido adiado novamente, eu sequer estivesse jogando o game da Ubisoft.
E, se tivesse sido esse o caso, eu teria perdido um dos melhores games da presente geração de consoles.
Na trama do game, a cidade de Nova York sucumbiu ao caos após as autoridades fracassarem em todas as esferas na tentativa de conter um ataque biológico à cidade.
Conforme as agências de combate à desastres tombarem sucessivamente, a metrópole mais cosmopolita do mundo tornou-se uma terra de ninguém, onde os cadáveres se empilham nas ruas enquanto as pessoas que não caíram vítimas da "febre verde" se dividem entre aqueles que precisam de ajuda e aqueles que precisam ser detidos, conforme oportunistas passam a se apropriar de comida e remédios e desafiar o fiapo de civilidade que ainda perdura mantendo a grande maçã à beira do precipício da selvageria.
Em meio ao cenário desesperador, uma iniciativa secreta conhecida como A Divisão, é ativada.
São homens e mulheres entranhados na sociedade civil que secretamente são agentes de campo altamente treinados para situações onde todas as outras alternativas já falharam. Esses homens e mulheres anônimos são ativados ao melhor estilo Tradstone, e passam a operar em conjunto ou separados para tirar uma das maiores cidades do mundo da cadeia alimentar em uma sucessão de missões de altíssimo risco em meio ao cenário de uma megalópole arruinada.
É ótimo.
A Ubisoft pegou todas as características de um RPG e as colocou em um game de tiro em terceira pessoa extremamente competente e desafiador na medida certa.
Na pele de um agente da Divisão criado de acordo com suas preferências, o player passa a cumprir missões que se dividem entre principais e periféricas em um mundo aberto extremamente amplo, vivo, e com os pés cravados firmemente dentro da esfera do possível.
Quando encontramos uma gravação de câmeras de segurança com pessoas inocentes sendo espancadas por criminosos, ou nos deparamos com uma montanha de cadáveres apodrecendo nos túneis do metrô, sabemos de pronto, que estamos diante de um cenário dolorosamente crível no mundo de hoje.
O estúdio francês dá show na criação de um cenário sandbox que talvez seja o mais sensacional já visto fora de um game da Rockstar, e ainda mais impressionante à medida em que o game é um rpg online para multidões.
Quando saímos de um dos esconderijos da Divisão, não é raro fazê-lo acompanhado de vários outros "agentes" que volta e meia pedem ajuda para cumprir determinadas missões em conjunto.
As missões têm níveis de dificuldade específicos que dialogam com o nível do personagem do jogador, a progressão é simples, e a customização é balanceada de modo a garantir que seu personagem se ajuste perfeitamente ao seu modo de jogar, sem que a customização se torne uma experiência mais importante do que o game em si.
O colecionismo encarnado nos registros (gravações de celular, câmeras de segurança e registros militares) estão espalhados por todo o game, é uma especialidade desenvolvida pela Ubisoft em Assassin's Creed, e muito bem utilizada em The Division, o impulso de explorar o enorme cenário em busca de novas evidências que ajudem a explicar a tragédia se torna quase obsessivo após algum tempo, assim como as missões secundárias, que são as que recompensam o jogador com os melhores itens, o que, acredite, podem fazer a diferença na hora de cumprir as missões principais do game que avançam a história.
Nem tudo são flores, porém.
Há algumas falhas em The Division, que são particularmente irritantes.
O principal modo de confrontação do game são os tiroteios em cobertura ao melhor estilo Rainbow Six - Lockdown. Por isso, mesmo, faz uma falta danada a possibilidade de se agachar ou rastejar (a primeira coisa que o exército te ensina a fazer em um tiroteio). O personagem só se agacha ao ser colado à uma cobertura baixa, outrossim, ele corre despreocupadamente em pé em meio às balas e lança-chamas inimigos.
Os inimigos, por sinal, são outro ponto fraco do game.
Há apenas cinco tipos, os corredores, que avançam contra o personagem armados com bastões e geralmente morrem antes de chegar se não conseguirem te pegar recarregando, os pistoleiros, os snipers, os granadeiros e os lança-chamas. O fato de a produtora tentar fazer o game primar pelo realismo limitou bastante a paleta de adversários do game, e, pra piorar, a inteligência artificial dos inimigos não chega a ser um grande primor, uma vez que, baseado em seu arsenal, eles sempre agem da mesma forma.
O computador geralmente remedia o problema com ondas adicionais de adversários tentando flanquear o jogador em campo aberto, ou encurralá-lo em locais fechados, não é uma saída particularmente criativa, mas, que diabos, funciona.
Não é raro se ver suando frio atrás de um carro conforme um franco-atirador dispara incessantemente de um lado enquanto um corredor vem de outro com um bastão e um granadeiro atira explosivos sem cessar na sua cobertura em meio a uma missão ou encontro aleatório.
Após zerar as missões single player, o jogador pode se aventurar pela Zona Cega, o ponto zero da infecção viral, um ambiente online onde ninguém é de ninguém, os agentes não são seus aliados e vão te enrabar na primeira oportunidade para roubar seus itens.
É a maneira mais fácil de ter a
O game demanda que o PS4 esteja sempre online, e apesar disso, só tive problemas de servidor uma vez, e por poucos minutos.
No frigir dos ovos a produtora francesa acertou a mão na criação de um game original e arejado, que, mesmo longe de ser perfeito, oferece um respiro tanto aos games de tiro, quanto aos RPGs e MMORPGs.
Não é um game obrigatório, mas certamente é divertidíssimo e vale o preço.

"-Essa é minha cidade. Vamos tomá-la de volta."

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