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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Resenha Cinema: O Bebê de Bridget Jones


Se eu fosse elencar as maiores personagens femininas do cinema, minha lista certamente começaria com a princesa Leia Organa, ou com Beatrix Kiddo, ou com Scarlet O'hara... Alguma dessas personagens fortes que tomavam os rumos de suas vidas nas próprias mãos e comandavam destinos com suas decisões.
Ainda assim, eu encontraria um espaço na parte de cima dessa lista para Bridget Jones.
A inglesa gorducha com suas listas de resoluções furadas, luta perene contra a balança e incontinência verbal é uma personagem muito divertida.
Posto isso, devo confessar que, apesar de reconhecer as qualidades de O Diário de Bridget Jones, e de achar sua continuação menos inspirada Bridget Jones: No Limite da Razão uma comédia com seus bons momentos, não imaginava que, quinze anos após o lançamento do filme original, alguém ainda estivesse interessado em ver o retorno de Bridget ao cinema, exceto, talvez, Renée Zellweger, que conquistou sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz com a personagem (um feito e tanto considerando que estamos falando de uma comédia), e cuja carreira dera uma desacelerada violenta nos últimos anos.
Quando anunciaram que haveria um terceiro filme, a notícia não chegou a me impressionar. Especialmente após Hugh Grant, parte do triângulo amoroso dos filme anteriores se recusar a retornar ao papel do divertido mulherengo Daniel Cleaver.
Tudo em O Bebê de Bridget Jones parecia berrar caça-niqueis e desespero conforme as únicas manchetes de sua estrela eram por ter aparecido em algum evento irreconhecível devido à cirurgias plásticas (Zellweger não estrelava um filme havia seis anos!).
Ainda assim, ontem era um dos seis homens na sala de cinema para a sessão de O Bebê de Bridget Jones, e, devo admitir, estava errado.
O Bebê de Bridget Jones começa com a heroína celebrando seu quadragésimo terceiro aniversário com uma velinha em cima de um cupcacke ao som de All By Myself. Sua única companhia é a indefectível taça de vinho, e seu diário, agora um iPad.
Zellweger não perdeu o jeito.
Tudo continua no lugar, do sotaque às expressões faciais (aliás, no filme, Renée Zellweger parece ela própria, e continua bonita), mas algumas coisas mudaram para a personagem.
Bridget parou de fumar, chegou ao seu peso ideal e agora é uma bem-sucedida produtora de um programa de TV matutino.
Seu séquito de amigos ainda conta com Shazzer (Sally Phillips), Jude (Shirley Henderson) e Tom (James Callis), mas enquanto eles chegaram aos quarenta e poucos e sossegaram, casando-se e tendo filhos, Bridget precisou desenvolver um novo círculo de amizades que conta com mulheres solteiras de trinta e poucos anos como sua amiga Miranda (Sarah Solemani).
É Miranda quem arrasta Bridget para um enlameado festival de música onde, completamente bêbada, ela acaba na tenda de Jack Qwant (Patrick Dempsey), com quem resolve passar a noite.
A transa casual de Bridget é tópico de conversas com as amigas por onze dias, quando, após um batizado, Bridget encontra seu ex-grande amor, Mark Darcy (Colin Firth), e, na atmosfera bucólica do evento, os dois cabam, também, na cama.
A questão é que, após meses de vida sexual absolutamente inativa, Bridget acaba sendo vitimada por preservativos bio-degradáveis com a validade vencida, e descobre-se grávida.
O problema é que ela não sabe se o pai do bebê é Mark Darcy ou Jack Qwant.
Bridget se vê então precisando lidar com uma gravidez "geriátrica" (conforme sua médica, vivida por Emma Thompson, ótima no papel e também roteirista do longa) insiste em lembrá-la, uma nova chefe que surge querendo mudar o formato do programa de TV que Bridget produz, e o dilema da paternidade de seu filho.
O que é que eu posso dizer...
Eu ri muito assistindo ao filme.
Conforme eu disse lá no início, Bridget Jones é uma criação muito divertida de Hellen Fielding, sua intérprete é uma atriz com recursos, e a comédia escrita Dan Mazer e Emma Thompson é engraçada o suficiente para que a audiência não ligue para os clichês, além de ter encontrado uma forma divertida de explicar a ausência de Hugh Grant e o fato de Bridget não ter se casado com Mark Darcy.
Ajuda o fato que que Sharon Maguire, diretora do primeiro longa, tenha retornado para a sequência junto com todo o restante do elenco, incluindo Jim Broadbent, Gemma Jones e Neil Pearson.
Claro que a trama é manjada, quase uma formalidade antes do inevitável desfecho, ainda assim, é tudo divertido o suficiente para que nos sujeitemos a duas horas de enrolação folhetinesca de "quem é o pai", simplesmente porque é muito engraçado.
Não bastasse tudo isso, dá um certo alívio ver um filme protagonizado por uma personagem feminina que não é nem acessório narrativo e nem panfleto pró-feminismo, mas apenas um ser humano relacionável.
Com tantos predicados, O Bebê de Bridget Jones é um ótimo programa, divertido e que seria um fim digno para a trajetória da personagem no cinema, além de um bom retorno da sumidona Renée Zellweger.
Confira no cinema.
As risadas certamente valem o ingresso.

"Não vou ficar cometendo os mesmos erros quando posso sair e cometer erros novos."

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