Pesquisar este blog

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Resenha Filme: Brightburn: Filho das Trevas


Um dos sinais mais claros de que um filme não será bom, é a insistência dos trailers em alardear o nome dos produtores ou do produtor do longa. Quando os trailers de Brightburn, que no Brasil ganhou o estúpido subtítulo de "Filho das Trevas" insistiam em usar o nome de James Gunn, celebrado diretor dos dois Guardiões da Galáxia como produtor do filme, já ficava meio que na cara que essa provavelmente era a única qualidade do longa que parecia ser um "E se o Superman fosse malvado?" (e tivesse desenvolvido a integralidade de seus poderes ainda na infância, um detalhe importante para iniciados no assunto, mas enfim, não vem ao caso...).
Sábado à noite, caçando um filme para assistir no Google Play, titubeei brevemente entre Aladdin e Brightburn, e acabei me decidindo pelo último apenas porque era mais curto (é, eu queria ver um filme, mas não queria ver um filme com mais de duas horas...).
Quando o longa começa, no ano de 2006, nós conhecemos o casal Tori (Elizabeth Banks) e Kyle Breyer (David Denman).
Os dois vivem na pequena cidade de Brightburn, e levam uma vida pacata. Ela é uma artista plástica, ele é um fazendeiro, e os dois parecem ter uma relação saudável o bastante para estarem tentando engravidar embora lutem contra a infertilidade.
Certa noite, os chamegos do casal são interrompidos por uma chuva de meteoros, em meio a qual, há uma espaçonave e dentro dela, um bebê, a quem o casal adota e cria como se fosse seu...
Doze anos mais tarde o jovem Brandon (Jackson Dunn) é tudo o que Tori e Kyle poderiam querer. Prestativo, comportado, o primeiro de sua classe na escola local...
As coisas mudam quando, às vésperas de seu décimo segundo aniversário, Brandon é atraído até o celeiro que guarda em segredo a espaçonave onde fora encontrado. Tentando desesperadamente abrir o alçapão onde a máquina alienígena está trancada em um rompante de sonambulismo turbinado por vozes fantasmagóricas que apenas ele é capaz de ouvir, Brandon eventualmente é despertado por Tori, mas a partir dali, já não é mais o mesmo. Descobrindo não apenas uma série de surpreendentes habilidades que parecem aumentar exponencialmente a cada dia, mas também um sinistro propósito que impulsionou sua vinda à Terra, sistematicamente Brandon divisa seu papel no mundo, e a cada nova descoberta, se aparta mais e mais de seus pais adotivos e do resto da humanidade...
À certa altura de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, Bilbo Bolseiro diz que se sente esticado e fino, como um bocado de manteiga espalhado por uma fatia muito grande de pão... A despeito de sua enxuta metragem de 90 minutos, Brightburn é mais ou menos isso: Uma ideia básica esticada muito além de seu verdadeiro potencial.
O longa co-escrito por Brian e Mark Gunn (respectivamente irmão e primo de James) usa a história de origem do Superman para construir um horror slasher com super-poderes que tem todos os piores defeitos dos terrores slasher do cinema, em especial a ineficiência das autoridades, alguns sustos rápidos e a estupidez completa e absoluta de todos os personagens em cena.
Sério.
Há um momento em que fica simplesmente impossível acreditar que pessoas reais poderiam ser tão idiotas, não importa o tamanho da ligação emocional que essa gente pudesse ter com o pequeno Brandon que vai se transformando em um completo psicopata no decorrer de poucos dias a olhos vistos, e esse é um defeito capital para um filme de horror. A partir do momento em que não acreditamos nos personagens em cena, e paramos de ligar para eles, o filme se torna apenas uma sucessão de sequências que tentam gerar tensão sem funcionar totalmente e que deixam a audiência apenas esperando para ver que tipo de atrocidade o moleque esquisito irá praticar a seguir, e tome gore gratuito conforme o monstrinho explora o corpo humano com requintes de sadismo super-poderoso por noventa minutos que se arrastam sem chegar a lugar algum...
Dirigido de maneira estéril por David Yarovesky, que tem apenas o horror A Colmeia, de 2014 no currículo de longas metragens, e sem nenhuma atuação memorável do elenco que ainda conta com Gregory Alan Williams, Meredith Hagner e Matt Jones (Beaver de Breaking Bad), Brightburn é um autêntico exemplar de um estúdio tentando chupar uns trocados da onda dos super-heróis no cinema sem grandes luzes.
Absolutamente descartável, Brightburn não consegue ser uma boa pedida para fãs de filmes de quadrinhos ou de filmes de terror, e nem mesmo ser a resposta mais interessante à pergunta "e se o Superman fosse malvado?". O Capitão Pátria de The Boys, com todos os seus defeitos, está aí e não me deixa mentir...
Passe longe.

"-Eu nunca vou ficar contra o nosso filho!
-Ele não é nosso filho. Ele é uma coisa que nós encontramos na floresta!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário