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terça-feira, 1 de outubro de 2019

Resenha Game: FIFA 20


Neste ano de 2019, pela primeira vez em nem sei quanto tempo, eu realmente pensei se compraria a edição anual de FIFA, ou não.
Porque embora eu seja um apaixonado por futebol e um fã da série FIFA, a verdade é que, de uns meses pra cá, flertei pesadamente com a ideia de, nesse ano, variar o script e comprar Pro Evolution Soccer, um game de futebol que sigo considerando tecnicamente inferior, mas que conta com os campeonatos brasileiros das séries A e B, oferece divertidas opções de customização e patches para consertar todos aqueles times terrivelmente genéricos do catálogo de campeonatos dos quais a Konami não conseguiu obter a licença, tornando, por exemplo a Premier League, uma coisa deprimente de se olhar.
Minha principal restrição para com FIFA era que, em anos recentes a EA viu seu FIFA Ultimate Team se transformar em uma mina de ouro para a qual os aficionados por modos online sempre voltavam pra deixar mais dinheiro, resolveu investir alguma coisa em um modo história, e mandou os jogadores solitários às favas.
Eu não era capaz de lembrar a última vez em que o Modo Carreira havia recebido alguma atenção da desenvolvedora, e, sentindo-me negligenciado enquanto consumidor, estava considerando seriamente experimentar outros ares (e economizar oitenta reais, já que FIFA custa R$ 279,90 contra os R$ 199,90 de PES).
Mas eis que, por coincidência, a EA resolveu se coçar, e dar uma recauchutada em seu modo single player mais raiz, e, diante desse aceno, resolvi que, 2019 ainda não seria o ano em que eu ia virar a casaca.
Na sexta-feira saí da academia e passei numa loja do Centro para apanhar a minha versão de PS4 de FIFA 20, e após um final de semana de intensa jogatina, vi que não foi apenas o Modo Careira que ganhou um tapa.
Para mim, que até a semana passada ainda estava jogando FIFA 19, logo de cara nota-se que FIFA 20 tem leves alterações visuais que eu francamente não sei se foram necessariamente para melhor. O nível de detalhamento dos modelos dos jogadores parece ter sido levemente esmaecido, talvez numa tentativa de reduzir a diferença entre o visual dos jogadores que têm suas feições capturadas digitalmente para a criação de suas contrapartes eletrônicas e os jogadores com feições mais genéricas (uma discrepância que nunca foi excessiva em FIFA mas que é quase risível no PES). Essa é uma alteração visual muito sutil, mas é na hora em que a bola rola que nós começamos a ver que a EA fez mais do que apenas atualizar o jogo do ano passado na nova versão.
A mais óbvia diferença é na velocidade do jogo.
FIFA historicamente alterna entre games mais cadenciados e mais ligeirinhos, mas a versão atual trouxe um divertido equilíbrio à essa equação ao criar uma variação de velocidade entre os jogadores que simplesmente era ignorada em games anteriores. Quem nunca ficou frustrado ao controlar um Danny Ings da vida correndo em desabalada carreira pela beirada do campo e de repente perceber que um Harry Maguire da vida estava emparelhando contigo pra fazer o desarme?
No ano passado, parte dessa discrepância havia sido polida ao termos jogadores fisicamente mais fortes levando vantagem sobre os magrelos nos lances de divididas de bola, mas a revisão da versão atual parece melhor sacada, criando a sensação de que os jogadores velozes são tão rápidos quanto deveriam e garantindo que, dependendo do teu estilo de jogo, ter um jogador mais veloz, ou mais forte em determinada posição, pode fazer a diferença (que o diga meu ataque do Newcastle United, composto por Callum Wilson e Andy Carrol, fazendo chover). Essa alteração entre força e velocidade dos jogadores torna o jogo mais desafiador, pois se chocar com um zagueiro é quase certeza de ser desarmado, e errar o bote no atacante é garantia de cometer a falta.
Outra diferença é que a bola esse ano parece mais leve. Por vezes um balão pra afastar o perigo da área faz a bola voar de uma maneira que ela parece capaz de entrar em órbita para cair dois passos à frente da área. Não chega a afetar de maneira excessiva os chutes a gol, mas torna lançamentos longos um pouco mais desafiadores até pegar a manha da nova física.
Fora isso, não há grandes diferenças de gameplay na hora de jogar FIFA, à exceção de alguns detalhes cosméticos como animações mais variadas na hora de pegar uma bola de primeira ou chutar de chapa pra colocar um efeito na redonda.
Falando em efeito, as jogadas de bola parada foram total e absolutamente revistas na nova versão, com batidas de pênalti e especialmente de falta se tornando quase um mini-game onde nós escolhemos onde mirar o chute, e, enquanto corremos para a bola, escolhemos que tipo de efeito queremos colocar na batida. É um sistema bastante interessante comparado com a pobreza das cobranças em anos anteriores, mas demanda tempo para dominar. Eu tenho acertado o travessão com bastante frequência, mas ainda não guardei a minha primeira batida na gaveta.
Em relação aos modos de jogo, após três anos o divertido e piegas Jornada foi aposentado pela EA após Alex e Kim Hunter e Danny Williams trilharem seus caminhos no mundo do esporte bretão.
Nesse ano a grande novidade é o Volta Football, que mistura um modo de história cheio de todos os clichês de filmes de superação esportivo com uma herança espiritual do finado e saudoso (para alguns) FIFA Street.
Podendo ser jogado em versoes 3 contra 3, 4 contra 4, 5 contra 5 e Futsal em arenas elaboradas que vão de favelas do Rio de Janeiro ao topo de arranha-céus em Tóquio o Volta Football deve ser divertidíssimo para jogar entre amigos, fazendo malabarismos e dribles revoltantes, tabelando com as paredes e comemorando gols com celebrações excessivas, enquanto modo história, é bastante singelo, menos envolvente do que a coleção de clichês do Jornada, mas distrai, além de ter a vantagem de ser bem mais curto e oferecer opções de personalização particularmente engraçadas que vão dos tênis aos cabelos dos jogadores.
O modo Carreira, por sua vez, ainda que seja meu preferido desde sempre, segue sendo o patinho feio da coisa toda, mas, conforme eu disse ali em cima, finalmente foi recauchutado após anos sendo solenemente ignorado pela EA.
A apresentação das ligas segue sendo um dos maiores trunfos do modo, dos patrocinadores ao HUB televisivo, tudo evoca à perfeição os grandes torneios verdadeiros, Premier League, Liga Santander, UEFA Champions League e UEFA Europa League, todos devidamente apresentados à imagem e semelhança do que vemos ao sentar para ver um jogo na ESPN. As narrações e comentários são ótimos (a Premier League leva vantagem no quesito já que a melhor dupla de comentaristas do jogo é inglesa) e o visual dos jogos tem uma autenticidade que não se vê, por exemplo, no PES. Há a possibilidade de participar de torneios de verão, vender e comprar jogadores, cumprir objetivos secundários propostos pela diretoria e realizar treinos para melhorar as habilidades dos jogadores e torná-los mais eficientes para o time ou mais valiosos para vendê-los durante a próxima janela de transferências, tudo igual que nem foi em anos anteriores.
Nesse anos há a possibilidade de criar seu próprio avatar para ficar à beira do gramado durante os jogos e negociar com atletas e empresários.
Essa era uma opção que eu queria desde que surgiram aqueles modelos pré-estabelecidos esquisitos para interagir com jogadores e empresários dois anos atrás. Eu ficava fulo por não poder fazer um boneco para me representar na beira da cancha, e confesso que é divertido tentar criar um treinador barbudo e cabeludo para aparecer eventualmente comemorando os gols do time diante da casamata (a EA deveria ter disponibilizado óculos de grau entre as opções de customização, porém. E barbas maiores...). É possível fazer um treinador ou treinadora e escolher sua altura, cor de cabelo e roupas além de criar seu rosto da mesma maneira como se faz com jogadores desde sempre...
Outra novidade do Modo Carreira é o foco na moral do time e dos atletas. Conforme navegamos pelo gerenciamento do time é possível ver smiles ao lado do nome dos jogadores que vão dos vermelhos, que estão terrivelmente descontentes, até os verdes, que estão felicíssimos. A moral de cada jogador depende tanto de sua utilização na equipe e de sua performance em campo quanto da maneira como tu escolhe interagir com o atleta, seja diretamente, quando ele pede para começar a próxima partida porque acha que está em um bom momento, quanto indiretamente quando tu responde perguntas a respeito dele durante as coletivas de imprensa.
Eu realmente gosto das coletivas, mas me ressinto de elas se resumirem à escolha de uma entre três respostas possíveis a cada questão e nem sequer serem dubladas. Ao invés de o treinador ter uma voz e falar, nós apenas o vemos mexendo a cabeça e os lábios enquanto a legenda surge embaixo da tela. Com poucas opções de diálogo tanto nas entrevistas quanto nas negociações, a EA poderia ter criado meia dúzia de opções de vozes masculinas e femininas para que o jogador escolhesse a sua no começo do jogo, mas enfim, algum avanço é melhor do que nenhum...
Claro, a galinha dos ovos de ouro da EA, o FUT está de volta.
Eu francamente desprezo esse modo de jogo, mas há um grande alarde sobre a possibilidade de escolher jogadores icônicos de uma leva ainda maior para o seu time, objetivos por temporada e mais opções de customização.
Os fãs da série continuarão ligando o PS4 apenas para jogar o FUT e enchendo os cofres da EA de dinheiro, enquanto aqueles que não foram fisgados pelas ligas online dificilmente vão migrar à essa altura.
FIFA 20 segue sendo um game de futebol lindo, que busca criar a experiência mais próxima de um autêntico simulador de futebol, deixando a parte mais lúdica do esporte para o PES. O game segue sendo extremamente divertido e viciante como sempre foi para os fãs, e a adição do Volta Football adiciona um pouco de variedade aos modos de jogo com partidas rápidas, comemorações elaboradas e disputas de habilidades além de jogar com a notalgia dos órfãos do FIFA Street.
Dar alguma atenção ao Modo Carreira foi uma boa sacada, mas a EA precisa fazer mais, muito mais se quiser continuar trazendo os jogadores solitários de volta no ano que vem (meu irmão, FIFeiro há dezessete anos, migrou pro PES nesse ano...), escolher FIFA por padrão comportamental ainda é uma ocorrência comum, eu suponho, mas é melhor a EA deve parar de se sentar nos louros de ser o melhor simulador de futebol do mercado e oferecer mais a todos os segmentos de clientes no futuro.

"Vamos mostrar ao mundo quem nós somos..."

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