Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Resenha DVD: O Quarto de Jack
Quarto de Jack foi um dos filmes badalados da época das premiações que eu ainda não havia conseguido assistir. Apesar de curioso com relação ao longa metragem, ele acabou preterido nas minhas idas ao cinema, e tendo assistido ao filme ontem à noite, devo dizer que foi mais uma dos equívocos que cometi na hora de decidir entre as minhas prioridades cinéfilas.
O longa de Lenny Abrahamson (do esquisitão mas bacana Frank), baseado no livro de Emma Donoghue (que adapta o próprio romance no roteiro), é uma experiência intensa, terrível e bela.
O longa conta a história de Jack (Jacob Trembay) e sua mãe (Brie Larson). Ela, uma jovem que foi sequestrada por um maníaco quando ainda era uma adolescente e vem sendo mantida cativa em um galpão convertido em quarto pelos últimos sete anos, ele, um produto dos constantes estupros que ela sofre.
Jack, porém, não é motivo de desgosto para sua mãe.
Pelo contrário.
Ele é sua fortaleza e sua razão de viver. Ela se desdobra para tornar o pequeno quarto um universo inteiro para Jack, que acredita piamente que o mundo é apenas o que existe naquele exíguo espaço onde ele e sua mãe estão confinados 24 horas por dia com nada além de um televisor cheio de estática e as brincadeiras que dividem.
É através de sua mãe que Jack aprendeu a ler, tendo contato com livros como João e o Pé de Feijão e Alice no País das Maravilhas... É ela quem lhe conta histórias como a de Sansão, cuja força estava nos cabelos, que transforma lixo em brinquedos e garante ao menino que tudo o que existe na TV é falso, e que as únicas pessoas do mundo são os dois e Velho Nick, que eventualmente surge trazendo comida, remédios e vitaminas, coisas que ele obtém, diz ela, através de mágica.
Jack e sua mãe estão juntos todo o tempo, exceto quando chega a hora do menino dormir, o que ele faz dentro de um guarda-roupa, para ser preservado das visitas que Velho Nick (Sean Bridgers), o carcereiro da dupla, faz todas as noites.
Jack por vezes está acordado, e tem uma visão parcial das visitas. Na verdade os momentos em que sua mãe é violentada por seu captor.
A dolorosa rotina da mãe de Jack consiste em suportar os abusos em troca de itens de primeira-necessidade para garantir um mínimo de bem estar material ao menino.
Quando Jack chega aos cinco anos de idade saudável e elétrico como qualquer menino de sua faixa-etária, com uma curiosidade crescente que cabe cada vez menos dentro das paredes do claustro que partilha com sua mãe, ela percebe o perigo ao qual Jack está exposto conforme o Velho Nick se mostra mais instável e interessado no menino.
É quando ela resolve que precisa revelar a Jack que há muito mais mundo além das paredes do quarto, e traça um audacioso plano para lhe oferecer uma chance de ver esse mundo.
O plano sucede, mas o bálsamo da liberdade logo se prova algo para a qual a mãe, na verdade uma jovem chamada Joy Newsome, talvez não estivesse preparada.
Enquanto Jack abraça um mundo tão imenso quanto novo, Joy encontra problemas para se readaptar a realidade que fora forçada a deixar para trás há sete anos. E mesmo o apoio de sua mãe (Joan Allen)e seu pai (William H. Macy) podem não ser suficientes para ampará-la agora que o mundo andou durante seu cativeiro, e que ela não é mais a única salvaguarda de Jack.
Muito mais do que um suspense, um thriller ou um drama, O Quarto de Jack é uma linda história a respeito do laço inquebrável que existe entre uma mãe e seu rebento.
Os primeiros dois atos de O Quarto de Jack se apoiam inteiramente na relação entre Joy e Jack, brilhantemente interpretados por Brie Larson e o estreante Jacob Tremblay. A atriz faz por merecer seu Oscar, mostrando uma ampla gama de emoções dolorosamente críveis. Tanto seu zelo e amor, seu jeito brincalhão e maternal quanto suas crises de depressão dentro e fora do cativeiro, são palpáveis e relacionáveis.
Tremblay, com seus longos cabelos e comportamento vagamente feminino talvez seja o ápice da interpretação que uma criança poderia alcançar, sendo o brilhante reflexo de uma criação como a de Jack, em suas condições e em seu ambiente.
A relação entre os dois personagens é, fácil, um dos pontos mais altos do filme, e a química dos dois transborda da tela.
Igualmente competente está Joan Allen.
A atriz enche a avó Nancy de vida, e muito do último ato do filme pertence à relação dela e de Jack, uma sorte que William H. Macy não tem.
No papel do avô de Jack, Robert, ele surge oferecendo um interessantíssimo retrato de um homem que não sabe ao certo como lidar com o reaparecimento da filha, e que é incapaz de se relacionar com o neto fruto do abuso. Infelizmente, ele tem pouquíssimo tempo de tela, e sua relação com Joy e Jack fica reduzida a uma participação especial, uma sugestão e nada mais.
Isso não tira, porém, a pujança de O Quarto de Jack, um filme surpreendentemente envolvente e poderoso para seu orçamento modesto.
Repleto de questionamentos válidos, e pintando um retrato belíssimo e sem floreios de uma das mais resilientes relações humanas, O Quarto de Jack nos leva a acompanhar com avidez a trajetória de seus dois protagonistas, torcendo para que eles sejam capazes de fechar a porta de seu doloroso passado, e olhar juntos para o futuro.
Altamente recomendável.
Assista.
"-Quando eu era pequeno, eu só conhecia coisas pequenas. Mas agora que eu tenho cinco anos eu conheço tudo!"
domingo, 31 de julho de 2016
Sorvete de Manga
-Sorvete de manga? - Ela perguntou. A nota de sua voz denunciava alguma coisa perdida entre o incredulamente divertido e o francamente horrorizado.
Ele, calmo, confirmou:
-Sim. Sorvete de manga.
Ela encarou o vazio brevemente... Desviando os olhos do olhar dele... Cheios de uma tranquilidade que a deixava algo desconfortável. Como é que ele podia agir naturalmente pedindo aquilo... Era ainda mais perturbador do que o pedido em si.
Ela disse:
-Olha... A tua calma fazendo esse pedido é... É... Sei lá. É ainda mais perturbadora do que o pedido em si.
-Tu acha? - Ele quis saber, erguendo vagamente as sobrancelhas, como que surpreso com aquela declaração.
-Sim! - Ela confirmou. A calma dele era, de fato, perturbadora.
-Pena que tu pense assim... - Ele disse, ainda calmo.
-Mas peraí - Ela protestou -Como assim? Tu acha perfeitamente razoável tu me pedir pra...
-Comer sorvete de manga da tua bunda? - Ele completou - Sim. Eu acho. Eu tinha a sensação de que nós havíamos alcançado um certo patamar de intimidade... Talvez eu tenha me enganado...
Ela se sentiu atingida pelo último comentário. Replicou:
-Não... Não é isso... Claro que nós temos intimidade... A gente tá junto há mais de um mês, mas... Sei lá...
Ele a interrompeu continuando:
-Porque eu achei que nós já havíamos alcançado o patamar de dizer um para o outro o que queremos... Do quê gostamos... Ainda na terça tu me disseste, e eu repito "Me pega de quatro", e eu não te julguei... Não perguntei o porquê... Não achei estranho nem repelente... Eu estava bem confortável por baixo, mas saí, me ajoelhei, te peguei pela cintura...
-Tá! - Ela o interrompeu. -Eu me lembro... Mas é que... Vamos combinar... Pedir pra - Ela baixou a voz -Ser comida de quatro... É um lance muito mais normal do que o que tu tá me pedindo, criatura... Ora... Comer sorvete da minha bunda...
-Bom... Suponho que isso seja uma questão de ponto de vista, não? É cultural... Sabia que em diversos estados Norte-americanos a única posição sexual permitida é o papai-e-mamãe? - Ele perguntou, ainda sério.
Ela o encarava sem expressão definida. Ele abrandou as feições e sorriu:
-Mas tudo bem... Nós obviamente não vamos fazer nada que tu não queira fazer... Os dois precisam se sentir confortáveis na relação pra que ela dê certo... Eu estava me sentindo confortável o suficiente pra me expor pra ti... Pra me abrir e dizer do que eu gosto... Talvez eu tenha cometido um engano e avançado o sinal. Ultrapassado alguma barreira... Eu peço desculpas.
Parecia sincero, mas cabisbaixo. Desapontado, mas não envergonhado.
Ela, por outro lado, se sentiu constrangida. Não pelo pedido incomum dele, mas pela própria negativa. Vê se pode... Em plena época de "empoderamento" feminino, ela se recriminando por não se sentir a vontade pra aceder aos caprichos dele...
O problema é que não conseguia negar a lógica da explanação do miserável.
De fato... Toda a vez que ela pediu alguma coisa na alcova, ele concordara. Posições, modalidades, coisas que a agradavam e que ele jamais sequer perguntou por que. Apenas fez e, no mínimo, com muito boa vontade.
Ele podia ser o homem da sua vida. Seu grande amor. Diabos... Com todas as coisas que tinham em comum aquele cretino podia ser o pai de seus filhos... E ela perderia isso porque achava estranho que ele quisesse... Enfim... Comer alguma coisa da sua bunda?
Ergueu os olhos e o encarou pensativa.
-Que foi? - Ele perguntou.
-O lance do sorvete... Ia ser tipo... Numa taça?
Ele suspirou:
-Não. Eu gostaria de largar uma ou duas bolas de sorvete em cima das tuas nádegas e lamber elas enquanto o contato com a tua pele as derretia.
Ela olhou em volta, como se estivesse procurando algum observador indiscreto, e então olhou de volta pra ele:
-Se eu fizer isso... Tu não pode deixar nem uma gota de sorvete em mim.
Ele sorriu.
Se casariam, teriam filhos e seriam muito felizes. Ela só teria que se habituar a uma ou outra excentricidade. Podia suportar isso... Quão mais estranho podia ficar, afinal de contas?
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Rapidinhas do Capita
Tragédia para os fãs do diabo da guarda de Hell's Kitchen. A Netflix confirmou que só lançará dois programas da Marvel por ano.
Com o ano que vem já marcado para a estréia de Punho de Ferro e Os Defensores, isso significa que a segunda temporada de Jessica Jones e a terceira temporada de Demolidor só devem surgir no serviço de streaming em 2018!!!!!
Segundo o chefe de conteúdos do serviço, Ted Sarandos, a medida foi tomada par garantir a qualidade dos projetos.
Olha... Tranquilo. Eu entendo, sério, mesmo.
Mas seria injustiça da minha parte dizer que deveria ser Demolidor e mais uma todo o ano? Por que, francamente, eu gostei bastante de Jessica Jones, mas eu não troco por Demolidor... E eu acho que tanto Punho de Ferro quanto Luke Cage tem um puta potencial... Mas não troco por Demolidor. E os Defensores parece maneiro, mas eu nem penso antes de dizer que, entre Defensores e Demolidor, eu escolho Demolidor.
Pra piorar, se a regra for mantida, e apenas dois seriados forem lançados anualmente, podemos ter Demolidor empurrado pra 2019, ou O Justiceiro de Jon Bernthal, outro personagem muito foda, apenas em 2020 dependendo do calendário escolhido...
Por favor, Netfix... Não faça essa cagada.
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E com as filmagens de Spider-Man: Homecoming rolando a todo o vapor em Atlanta, Georgia, mais e mais fotos dos sets abertos caem na rede.
A nova leva mostra o Homem-Aranha Tom Holland usando uma combinação que sempre me agradou muito:
Traje de super-herói e mochila. Eu não sei se é porque eu cresci indo à escola de mochila enquanto meus colegas usavam pastas ou elásticos prendendo seus livros, mas eu sempre achei que a combinação deixava o Homem-Aranha mais relacionável. Se fosse uma mochila de teia, então, aí seria épico...
Veja as imagens:
Fica muito maneiro.
Em uma notícia relacionada, Kevin Feige falou a respeito dos planos da Marvel pra franquia do cabeça de teia, e a comparou à série Harry Potter.
Eu devia trabalhar no Marvel Studios... Na época da saída de Sam Raymi e Tobey Maguire da série, eu defendia nos fóruns de nerds das redes sociais a escolha de um adolescente de verdade, com seus quinze, dezesseis anos, para o papel (à época, meu favorito era Freddie Highmore), para que a audiência crescesse junto com o protagonista, e o visse amadurecer, á exemplo do que acontecera com Danie Redcliff em Harry Potter...
Ainda que Tom Holland já tenha seus dezenove pra vinte anos, parece que a Marvel optou por seguir um modelo semelhante. Com um ator mais jovem do que Tobey Maguire e Andrew Garfield (quase trintões quando assumiram o papel).
Não chega a ser uma ideia brilhante, apenas demonstra mais vontade da Marvel Studios de seguir a origem de seu personagem mais importante com um pouco mais de fidelidade.
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E ainda nos super-heróis, aWarner/DC confirmou que haverá outro membro da Liga da Justiça em Esquadrão Suicida além do Batman (e do Superman, já que no trailer final aparece o funeral do homem de aço), o Flash Ezra Miller, um dos pontos altos do trailer de Liga da Justiça, deve aparecer em um flashback prendendo o Capitão Bumerangue (Jai Courtney).
Dirigido por David Ayer Esquadrão Suicida estréia em 4 de Agosto no Brasil.
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Resenha Cinema: Jason Bourne
Quase dez anos se passaram desde que David Webb, também conhecido como Jason Bourne deu as caras pela última vez nos cinemas.
Após redescobrir seu passado, expôr a face negra da CIA, ser baleado e jogado do alto de um prédio de trinta andares no rio Hudson, Bourne nadava para o anonimato, mas jamais para o esquecimento.
O espião desmemoriado vivido por Matt Damon em A Identidade, O Ultimato e a Supremacia Bourne era um personagem muito bacana, envolvido em filmes muito bons para ser esquecido. Prova disso é que, com apenas três filmes, ele era capaz de rivalizar tanto com o Ethan Hunt de Tom Cruise em Missão Impossível quanto com James Bond e sua infinita série de filmes 007. Mais do que isso, Jason Bourne influenciou o avô dos filmes de espionagem de maneira clara e cristalina, ou alguém é capaz de negar os traços Bournescos nos primeiros 007 com Daniel Craig, apelidado maldosamente por detratores de Bourne, James Bourne...
A série Bourne exerceu grande impacto sobre o gênero, criando um personagem que ganhou cadeira cativa no coração da audiência.
Tanto que, após Matt Damon e Paul Greengrass, o diretor dos dois últimos (e indiscutivelmente melhores) filmes chegaram à conclusão de que a história de Bourne havia chegado ao final no topo daquele prédio em 2007, a Universal ainda tentou seguir com a franquia no bem intencionado e só O Legado Bourne, que tentava seguir outro agente de um programa-irmão do Treadstone em uma aventura paralela estrelada por Aaron Cross, vivido por Jeremy Renner.
Ainda que O Legado fosse um filme de ação competente, com um ótimo elenco e uma trama sólida, faltava alguma coisa para Cross ter chance de rivalizar com seu predecessor... Talvez fosse o talento de Matt Damon, talvez a visão de Greengrass, talvez um filme que não fosse uma tentativa tão clara e desesperada de capitalizar em cima de uma história conhecida, porém esgotada em si própria.
O Legado não fez feio, mas Aaron Cross e Marta Shearing sumiram nos mares paradisíacos da Malásia e a Universal se viu, novamente, despida de sua franquia.
Mas um produto como Bourne não pode ser ignorado em tempos onde uma marca conhecida e uma série de filmes são o pão com manteiga de um estúdio. E, após Matt Damon declarar que voltaria à série se Greengrass voltasse, a Universal abriu, não apenas a mão, mas as pernas, em sua desesperada busca por mais um Bourne.
Matt Damon e Paul Greengrass receberam ampla liberdade criativa, créditos de produção, e provavelmente um monte de dinheiro para trazer à vida Jason Bourne, quarto filme da saga do espião amnésico após um hiato de quase uma década.
Ontem, como bom fã da série, corri pro cinema pra conferir o novo capítulo do que é, de longe, minha franquia de espionagem preferida.
Em Jason Bourne, após uma breve montagem nos levando de volta aos primeiros passos da luta de David Webb para recuperar seu passado, encontramos o envelhecido ex-operativo da CIA, ainda assombrado por ecos de seu passado, vivendo em constante movimento, fora dos radares das agências de segurança, saindo do esconderijo e do anonimato apenas eventualmente para ganhar alguns trocados como lutador de boxe sem luvas na fronteira da Grécia com a Macedônia enquanto tenta continuar esquecido por todos.
Os planos de ostracismo de Bourne são frustrados quando Nicky Parsons (Julia Stiles) retorna à sua vida.
A ex-funcionária da inteligência agora trabalha contra a CIA, ajudando Christian Dassault (um hacker estilo Julian Assange) a expôr os segredos sujos das agências norte-americanas na internet. É durante uma de suas incursões que Nicky se depara com novidades a respeito do passado de Bourne. Mais precisamente, sobre o destino de seu pai, Richard Webb (Gregg Henry).
Não tarda para que a descoberta de Nicky a leve novamente ao encontro de Bourne, inadvertidamente levando em seu rastro o diretor da CIA, Robert Dewey (Tommy Lee Jones), a chefe do departamento de defesa cibernética da Agência, Heather Lee (Alicia Vikander) e o agente conhecido apenas como "Operativo", (Vincent Cassel) numa tensa sequência de perseguição por Atenas durante uma onda de protestos e conflitos entre a polícia e manifestantes, culminando com Bourne novamente enredado na teia de mentiras da CIA, e precisando viajar pela Europa em busca da verdade sobre a morte de seu pai e seu alistamento voluntário no programa Treadstone enquanto escapa dos inimigos que decidem que, ou o trazem de volta, ou o matam.
Essa familiar campanha pessoal acaba cruzando o caminho de Bourne com o do bilionário das redes sociais Aaron Kapoor (Riz Ahmed), um jovem start-up que criou sua companhia sobre o mantra da liberdade e da privacidade mas se envolveu com a CIA muito além do que deveria, e não tarda para que o destino de todos esses peões se tornem entrelaçados de maneira irretorquível no tabuleiro que se desenha.
Jason Bourne é um filme que tem dois grandes problemas:
O Ultimato Bourne e A Supremacia Bourne.
O longa é certamente superior ao primeiro filme da série, A Identidade Bourne, mas empalidece na comparação com os dois antecessores mais recentes.
A verdade é que a história de Jason Bourne e sua busca por sua identidade e seu passado havia sido plenamente contada nos três filmes originais quando Jason "encontrou" David Webb, então não deixa de soar como uma desnecessária trapaça trazê-lo de volta para mais buscas pelo passado, ainda que haja peso e estofo na trama que movimenta o longa. O que vemos em Jason Bourne não deixa de ser uma repetição dos eventos de Identidade, Supremacia e Ultimato.
As passagens por Londres, Berlim, Atenas parecem revisitas ligeiras com o cartaz "Lembra do que aconteceu aqui no primeiro filme? E no segundo? E no terceiro"... O personagem de Tommy Lee Jones não é diferente de Chris Cooper ou Brian Cox ou David Stratairn... O personagem de Vincent Cassel não é melhor do que o de Clyve Owen, Karl Urban ou Édgar Ramirez...
Melhor sorte têm Alicia Vikander, fazendo um equivalente da Pamela Landy de Joan Allen em uma versão mais dúbia em suas motivações, e Riz Ahmed, que eu cheguei a pensar que se tornaria uma nova versão do repórter vivido por Paddy Considine em O Ultimato, mas conseguiu seguir seu próprio caminho enquanto ajuda o roteiro a situar Jason Bourne em um mundo pós Edward Snowden, pós Wikileaks, e sugerir um debate a respeito de liberdades individuais em um mundo de vigilância constante, e isso é um mérito que não pode ser subtraído do longa.
Não bastasse dar um lastro de realidade ao seu filme, Greengrass e o co-roteirista Christopher Rouse, conseguem imprimir o mesmo senso de urgência dos outros filmes às sequências de ação, e a perseguição pelas ruas de Las Vegas é tão boa quanto a perseguição de Paris em Identidade e a de Nova York em Ultimato (A perseguição em Moscou de Legado segue soberana).
Com um grande elenco, ótimo diretor, um protagonista incrivelmente talentoso e carismático e uma trama firme embalada em grandes sequências de ação, Jason Bourne está meia dúzia de degraus acima da imensa maioria dos filmes de ação recente, e em pé de igualdade com os melhores. Seu grande senão é o absurdo nível de excelência da série, que eleva as expectativas a picos difíceis de se alcançar.
Assista no cinema.
Vale a pena.
"-Eu sei quem eu sou. Eu me lembro de tudo."
sábado, 23 de julho de 2016
Trailer da Liga da Justiça
Eu não retiro uma vírgula do que eu postei, ontem. A notícia a respeito da terceira temporada de Demolidor foi A notícia que a Comic-Com de San Diego poderia ter me trazido. Mas ainda bem que a convenção não acabou ontem. Hoje a Warner divulgou o primeiro trsiler de Liga da Justiça e, meu amigo... Que baita prévia.
Confira no player abaixo com as legendas da Nosferatu Corp.:
Foda, hein? Eu sei, eu sei... Os trailers de Batman vs. Superman também haviam sido excelentes e o filme acabou sendo terrivelmente irregular, ainda assim, tudo no trailer de Liga da Justiça parece muito mais imbuído de uma aura de otimismo que, pra mim, casa mais com os personagens divinos da DC do que o melancólico espetáculo de rancor e ódio de BvS.
Já estou na espera.
Confira no player abaixo com as legendas da Nosferatu Corp.:
Foda, hein? Eu sei, eu sei... Os trailers de Batman vs. Superman também haviam sido excelentes e o filme acabou sendo terrivelmente irregular, ainda assim, tudo no trailer de Liga da Justiça parece muito mais imbuído de uma aura de otimismo que, pra mim, casa mais com os personagens divinos da DC do que o melancólico espetáculo de rancor e ódio de BvS.
Já estou na espera.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Marvel Netflix
Ontem na San Diego Comic Con saíram algumas das notícias que eu mais estava esperando.
O Universo Cinemático Marvel e o Universo Compartilhado DC nos cinemas que me desculpem, mas os dois terão de comer muito arroz com feijão pra alcançarem o nível de qualidade e fidelidade que a parceria Marvel/Netflix arranca com seus seriados.
Após uma temporada muito boa de Jessica Jones e duas temporadas de explodir o crânio de Demolidor, o serviço de streaming mostrou os dois próximos heróis da Marvel a ganharem versão em carne e osso na telinha.
O primeiro é Luke Cage, que meio que dividiu a primeira temporada de Jessica Jones com Krysten Ritter.
Na prévia vêmos Mike Colter deitando a porrada na vagabundagem do Harlem com sua superforça e pele impenetrável. Ao final, o aviso ao vilão Cornell Stokes (Mahershala Ali, de House of Cards), de que está só começando.
Confira:
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Outro herói que mostrou a cara e deu uma dica de seus super-poderes foi Danny Rand, o Punho de Ferro.
Um rápido teaser também foi mostrado ontem, caindo na rede logo em seguida. Nele, temos um vislumbre da origem do herói capaz de concentrar seu Ki em um invencível punho de ferro.
Veja Finn Jones, ex-Sor Loras Tyrell, de Game of Thrones, fazendo seu debute no mundo dos super-heróis:
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Não bastasse isso, ainda tivemos um inspirado teaser da série que juntará Punho de Ferro, Luke Cage, Jessica Jones e Demolidor: Os Defensores.
Na prévia, fica bastante claro que esses quatro heróis têm a primeira qualidade que se exige de um bom grupo de heróis:
Absolutamente nada em comum.
Veja o teaser embalado por Kurt Kobain que fecha com uma letrinha de Stick (Scott Glenn):
"Vocês quatro acham que podem salvar Nova York? Vocês não podem salvar nem a si mesmos..."
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
E, a notícia que fez com que, pra mim, a Coic Con pudesse acabar ontem: Pra fechar com chave de ouro, ainda tivemos a confirmação de que, sim, por Odin, sim, nós teremos a terceira temporada de Demolidor. De barbada a melhor adaptação de um super-herói em qualquer mídia!
Veja o teaser:
É isso aí, nerdaiada. O Diabo vai voltar a Hell's Kitchen e tornar a vida de todas as outras pirotécnicas adaptações de quadrinhos mais complicada.
O Universo Cinemático Marvel e o Universo Compartilhado DC nos cinemas que me desculpem, mas os dois terão de comer muito arroz com feijão pra alcançarem o nível de qualidade e fidelidade que a parceria Marvel/Netflix arranca com seus seriados.
Após uma temporada muito boa de Jessica Jones e duas temporadas de explodir o crânio de Demolidor, o serviço de streaming mostrou os dois próximos heróis da Marvel a ganharem versão em carne e osso na telinha.
O primeiro é Luke Cage, que meio que dividiu a primeira temporada de Jessica Jones com Krysten Ritter.
Na prévia vêmos Mike Colter deitando a porrada na vagabundagem do Harlem com sua superforça e pele impenetrável. Ao final, o aviso ao vilão Cornell Stokes (Mahershala Ali, de House of Cards), de que está só começando.
Confira:
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Outro herói que mostrou a cara e deu uma dica de seus super-poderes foi Danny Rand, o Punho de Ferro.
Um rápido teaser também foi mostrado ontem, caindo na rede logo em seguida. Nele, temos um vislumbre da origem do herói capaz de concentrar seu Ki em um invencível punho de ferro.
Veja Finn Jones, ex-Sor Loras Tyrell, de Game of Thrones, fazendo seu debute no mundo dos super-heróis:
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Não bastasse isso, ainda tivemos um inspirado teaser da série que juntará Punho de Ferro, Luke Cage, Jessica Jones e Demolidor: Os Defensores.
Na prévia, fica bastante claro que esses quatro heróis têm a primeira qualidade que se exige de um bom grupo de heróis:
Absolutamente nada em comum.
Veja o teaser embalado por Kurt Kobain que fecha com uma letrinha de Stick (Scott Glenn):
"Vocês quatro acham que podem salvar Nova York? Vocês não podem salvar nem a si mesmos..."
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E, a notícia que fez com que, pra mim, a Coic Con pudesse acabar ontem: Pra fechar com chave de ouro, ainda tivemos a confirmação de que, sim, por Odin, sim, nós teremos a terceira temporada de Demolidor. De barbada a melhor adaptação de um super-herói em qualquer mídia!
Veja o teaser:
É isso aí, nerdaiada. O Diabo vai voltar a Hell's Kitchen e tornar a vida de todas as outras pirotécnicas adaptações de quadrinhos mais complicada.
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super-heróis
Resenha Blu-Ray: Batman vs Superman: A Origem da Justiça - Versão Definitiva
Zack Snyder pode ser definido como um cineasta com excepcional mão pra ação, boas noções de visual, e severos problemas de narrativa.
Uma prova cabal disso é que seus filmes, de modo geral, têm sempre o mesmo calcanhar de aquiles: Contar sua história.
Seus melhores trabalhos foram realizados sobre roteiros redondinhos, geralmente adaptados, onde ele pôde dar um toque pessoal à uma história que, em suma, já funcionava.
Madrugada dos Mortos era um ótimo filme de zumbis do papa dos filmes de zumbis George Romero antes de ser temperado com correria e porradaria por Snyder. Da mesma forma, 300 era uma graphic novel excelente, que enchia de ação e sangue um filme de 1962 e Zack Snyder praticamente fez com o quadrinho o que Robert Rodriguez fez com Sin City.
Seu melhor trabalho na carreira, a adaptação de Watchmen, um dos livros sagrados dos quadrinhos e trabalho seminal de Allan Moore, consegue a proeza de ser um filme arrastado e apressado em mesma medida, e ainda que o longa tenha inúmeras qualidades e a versão do diretor seja consideravelmente melhor do que a de cinema, isso já deixa claro a dificuldade de Snyder de acomodar uma narrativa coesa em uma metragem razoável.
Seu grande filme original, Sucker Punch: Mundo Surreal, é, a bem da verdade, pouquíssimo original. Uma mistura de longa de fuga de prisão com videoclipe fetichista e um recorte de referências que iam do Steampunk à O Senhor dos Anéis e Eu, Robô, e naufragou bonito nas bilheterias quase falhando em pagar seu orçamento de modestos (em se falando de cinemão) 82 milhões de dólares.
Foi com isso em mente que ontem peguei a versão estendida de Batman v. Superman: A Origem da Justiça. Para descobrir se, com meia hora a mais de duração, o longa dirigido por Snyder com o encontro de dois dos maiores ícones dos quadrinhos, se tornava uma experiência mais equilibrada e menos atropelada em termos de trama.
E sob certos aspectos, sim.
Alguns pontos do roteiro realmente recebem uma atenção maior nos trinta minutos que o cinema não viu. Notadamente a investigação jornalística de Clark Kent acerca das ações do Batman, um ponto importante na construção da rivalidade do Homem de Aço em relação ao Homem Morcego.
Outra investigação jornalística que ganha mais espaço é a conspiração engendrada por Lex Luthor para culpar o Superman pelas mortes na África durante a entrevista de Lois Lane no início do filme, linha narrativa, aliás, onde surge a personagem de Jena Malone, Jenet Klyburn, cortada do longa na versão de cinema.
Essas duas histórias paralelas são, de fato, a grande diferença da "versão do diretor" pra versão de cinema, e, excetuando-se elas, o filme é basicamente o mesmo visto nas salas escuras em março. Existem algumas cenas inéditas com Alfred e a revelação de que o agente da CIA assassinado no início do filme é mesmo Jimmy Olsen (provando que ninguém está a salvo da sanha assassina de Zack Snyder).
O grande senão da versão espichada é que, ao lançar uma luz sobre o plano de Luthor, o que a investigação de Lois Lane faz, tudo se torna mais excessivo.
A maquinação de Lex é simplesmente impraticável, absurda, boba, até. Suas motivações seguem tremendamente rasas (o que não chega a ser um problema, a melhor versão de Luthor odeia o Superman por inveja...) e mal exploradas (esse, sim, um pecado imperdoável). Jesse Eisenberg é, de fato, uma das escolhas menos inspiradas da história do cinema para um papel, e sua abordagem do personagem é simplesmente sofrível, não é sua culpa, porém, e sim de quem o escalou para o papel e o dirigiu.
Outro senão da versão estendida é que, quando Lois e Superman são capazes de desvelar todo o plano de Luthor, o Batman de Ben Affleck parece um pouco burro.
Todos sabemos que o Homem Morcego é um personagem obstinado e obsessivo, mas por mais cheio de rancor e ódio que ele estivesse, Batman jamais poderia ser obtuso a ponto de deixar seu ódio pelo Superman cegá-lo o suficiente para torná-lo um peão de Lex Luthor.
A propósito... O ódio do Batman pelo Superman...
No filme é sugerido que essa furiosa ojeriza de Wayne pelo último filho de Krypton é por conta das mortes causadas na luta entre Superman e Zod em O Homem de Aço.
OK... Eu compreendo que o personagem de Scoot McNairy, que perdeu as pernas na luta, encare as coisas dessa forma.
Mas o Batman?
O Batman de Ben Affleck tem feito todas as escolhas difíceis. Ele é um homicida confesso que perdeu um Robin por causa de sua luta contra o crime. Não seria exatamente esse o sujeito que entenderia o significado de dano colateral?
Por mais que se sentisse condoído pelo resultado, ele não deveria ser o cara capaz de se colocar no lugar do Superman e perceber que naquele cenário, o Homem de Aço deu seu melhor e os responsáveis pelas mortes foram Zod e seus asseclas?
Se não, e OK, é uma alternativa: Não. O Batman não entenderia isso. Ele é um sujeito feroz e calejado, incapaz de ver o bem em qualquer um...
Então porque diabos suas disposições mudam absolutamente após ouvir o nome Martha?
A meia hora extra de Batman vs Superman não consegue consertar isso.
Tampouco torna a exaustiva luta entre Superman, Batman, Mulher-Maravilha e Apocalipse menos deslocada, excessiva e chata, ou explica a inserção do Flash do futuro conversando com Wayne em sonho para lançar um embrião de Injustice: Gods Among Us no meio do filme de maneira completamente gratuita.
Assistindo novamente ao longa ontem, cheguei à conclusão de que há um ótimo filme de super-herói em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, mas que ele não está escondido porque faltou alguma coisa na versão de cinema, mas sim porque sobraram muitas coisas.
Um filme que opusesse Batman e Superman, dois heróis com visões e métodos absolutamente distintos de justiça exatamente nos mesmos moldes seria épico.
Um filme que explorasse o fato de o escoteiro Superman ter matado seu inimigo enquanto o vigilante cruel e brutal Batman jamais o faria teria sido sensacional.
Um filme que dispensasse Luthor, Lobo da Estepe, Mulher-Maravilha, a pasta de vídeos da Liga da Justiça e se concentrasse nas diferenças entre Superman e Batman, e no inevitável confronto que surgiria de um encontro entre esses dois personagens teria sido incrível.
Entretanto, acredito que seria demandar sutileza demais de Zack Snyder.
Uma pena.
Há um grande filme de super-herói em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, mas ter que garimpá-lo em duas horas e meia ou três horas de filme é muito cansativo.
"Ninguém permanece bom neste mundo."
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