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terça-feira, 22 de março de 2011

Pesadelo


Ele acordou sobressaltado, molhado de um suor frio. Sentou na cama respirando fundo na tentativa de fazer os batimentos cardíacos, que mais pareciam um tambor de selva, voltarem ao normal. Ele levou vários minutos fazendo isso. Respirando fundo, e olhando pra tela da TV, que mostrava um dos noticiários da madrugada da Globo News. Deitou novamente, encarando o teto. Fechou os olhos e coçou a barba de alguns dias. Sussurrou:
-Eu tive um sonho, agora... Ruim, Bem ruim. A gente tava junto, em um lugar... Tinha um cinema, eu acho, mas era aberto, era um tipo de cinema ao ar-livre, sabe? Um drive-in, mas sem o drive, tinha árvores, grama, e ninguém se incomodava, pois a tela do cinema era imensa, da altura de um prédio alto, mas bem mais larga, muito mais larga, e ia dar um filme, era em 3-D, mas a gente tinha esquecido de pegar os óculos, e então a gente saiu dessa área aberta, e era um shopping, e dentro do shopping tinha essa área aberta e verde do cinema. Engraçado, né? De qualquer jeito, a gente voltou pra pegar os óculos, e aí tu me pegou pelas mãos, e me falou alguma coisa, eu não me lembro o que era, mas era tão lindo, e eu não soube o que te dizer de volta, normal, né? Eu nunca sei o que te responder de volta... Tu me pergunta dos ciclos lunares, nomes de estrelas de outros sistemas solares, emigração, e isso eu consigo te responder, mas se tu me diz uma coisa bonita eu emudeço... Enfim, tu me falou isso... Eu não consigo lembrar o que era, mas era tão lindo... E eu sorri feito um idiota, sem dizer nada, parecia o Tobey Maguire quando a Kirsten Dunst repara que ele tem olhos azuis no primeiro Homem-Aranha, eu sorri, e tu sorriu de volta, e saiu andando, e eu fui pegar os óculos, e começou a tocar Stop Crying Your Heart Out, do Oasis nos auto-falantes do shopping, e eu entendi que aquela coisa linda que tu tinha me dito era uma despedida, e eu me desesperei pois não conseguia mais te ver, e só queria te encontrar, mas eu precisava pagar pelos óculos 3-D, e eles custavam quatrocentos reais e eu precisava ir ao banco, e aí me deu um alívio tão grande quando eu acordei e vi que tinha sido só um sonho... Mas aí, meu amor, eu estiquei o meu braço, e tu não tá aqui do meu lado, e eu não sei onde tu tá, nem o que tu tá fazendo, e nem me lembro do que eu te disse quando a gente se despediu pela última vez. Eu tava com vontade de me levantar, agora. Comer um biscoito, beber uma Fanta, terminar Assassin's Creed, mas não... Eu vou dormir de novo, tá bem, amor? Por que eu tô com muita saudade, e ás vezes, quando eu tô com dor de cabeça, eu durmo e alivia, então, quem sabe funciona, né? Quem sabe eu te acho naquela multidão e a gente vê aquele filme juntos, né?
'Cause all of the stars, are fading away, just try not to worry, you'll see them some day...

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