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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Resenha Cinema: Argo


Existe uma tradição de atores não tão bons que se tornam diretores de cinema acima da média. Ron Howard, Jon Favreau, por exemplo... Há também a linhagem de astros de um papel só, que assumem a cadeira de diretor e apenas então mostram seu verdadeiro potencial, como Clint Eastwood, Kevin Costner, George Clooney e Mel Gibson, pra ficar apenas nos mais óbvios. A esses caras, juntou-se, não tem muito tempo, Ben Affleck.
O Astro de bombas como Pearl Harbour, Armageddon e Ele Não Está Tão A Fim de Você assumiu a cadeira do diretor em Medo da Verdade, de 2007, fazendo um bom suspense estrelado pelo seu irmão caçula, Casey Affleck, Ed Harris, Morgan Freeman e a delicinha Michelle Monaghan. Ele repetiu a dose em 2010, com o ótimo filme policial Atração Perigosa, dessa vez estrelado por ele próprio, Rebecca Hall, o Gavião Arqueiro Jeremy Renner e a delicinha Blake Lively. Agora, em 2012, Affleck volta a carga com esse Argo, filme que conta como a CIA usou uma ficção científica meia-boca para salvar diplomatas norte-americanos presos no Irã durante a crise dos reféns no país em 1980.
O Xá Reza Pahlevi foi demovido do poder pela revolução islâmica Iraniana. Enquanto o aiatolá Khomeini assume o poder no país, Pahlevi, opressor do seu povo e peão dos interesses norte-americanos no oriente médio se exila nos EUA para fúria dos manifestantes, que exigem que ele seja entregue ao governo de Teerã, julgado e executado. Uma das manifestações mais violentas ocorre junto à embaixada norte-americana em Teerã. Lá, após uma invasão, todos os funcionários do corpo diplomático estado-unidense são feitos reféns pelos revolucionários, exceto por seis pessoas que conseguem fugir e se esconder na residência oficial do embaixador do Canadá.
Vivendo em sigilo absoluto por meses os funcionários começam a correr perigo ainda quando os iranianos descobrem que faltam seis americanos entre os prisioneiros.
É nesse momento que o Departamento de Estado dos EUA e a CIA começam a traçar planos para remover os seus conterrâneos do Irã sem azedar ainda mais as já estremecidas relações entre os países.
O especialista em exfiltrações Tony Mendez (Affleck) tem a ideia de realizar o resgate usando como fachada a produção de um filme de ficção científica ao estilo Star Wars, que usaria as paisagens exóticas do Irã como locação.
Com o auxílio do especialista em maquiagem vencedor do Oscar John Chambers (John Goodman) e do produtor de cinema Lester Siegel (O ótimo Alan Arkin, impagável), Mendez se infiltra em Hollywood para poder se infiltrar em Teerã e realizar a extração.
Argo é ótimo.
Ben Affleck e seu parceiro, o roteirista Chris Terrio conseguem equilibrar a comédia do absurdo que era o plano de Mendez, em especial no segundo ato do filme, quando Mendez, Chambers e Siegel transitam por uma afetadíssima Hollywood, o drama dos reféns, e a tensão de um suspense de deixar o espectador na ponta da cadeira (A sequência final, no aeroporto de Teerã, é de assistir com o Isordil embaixo da língua.).
O elenco não decepciona, e mesmo Affleck, um canastrão costumeiro, mantém a boa forma de seus últimos trabalhos e entrega uma atuação muito digna. O elenco ainda tem nomes como Bryan Cranston (ótimo como o superior de Mendez, Jack O'Donnell), Victor Garber como o embaixador Canadense Ken Taylor além de Tate Donovan, Clea DuVall, Scoot McNairy, Rory Cochrane, Christopher Denham e Kerry Bishé como os fugitivos do corpo diplomático estadunidense. Com uma fotografia esperta, trilha sonora discreta, roteiro inteligente e direção segura Argo é um filmão que não coloca o discurso político acima da história, presta homengem à Hollywood e ao cinema em geral (Fique ligado em como os storyboards começam e terminam o filme além de ter papel crucial em uma das cenas mais tensas da produção), e se torna desde já figurinha carimbada entre os melhores filmes de um baita ano cinematográfico, além de acenar com uma carreira longa e promissora para Affleck detrás das câmeras.

"ArGo fuck youserlf!"

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