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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Resenha Cinema: O Lobo de Wall Street


Pense comigo... Qual foi o último filme ruim que tu viu estrelado pelo Leonardo DiCaprio?
Eu estava pensando a respeito, e, pra mim, foi A Praia, de Danny Boyle, lançado em 2000, e que, a bem da verdade, não é assim tão ruim, apenas empalidece ante a filmografia do ator de lá pra cá.
Lançando em média um longa por ano (quase sempre um filmaço, ou no mínimo uma ótima atuação), DiCaprio se mostrou não apenas um grande intérprete, mas um tremendo gênio na hora de escolher seus roteiros. Não bastasse isso, ainda firmou uma bem-sucedida parceria com Martin Scorsese, com quem realizou Gangues de Nova York, O Aviador, Os Infiltrados, Ilha do Medo e o filme do título, esse O Lobo de Wall Street.
No longa DiCaprio (brilhante) vive Jordan Belfort, jovem ambicioso que decide se tornar rico. Pra isso, vai para onde vão a muitos dos jovens ambiciosos dos EUA:
Wall Street.
Lá ele começa, nos anos 80, sua curta carreira de corretor da bolsa sob a tutela de Mark Hannah (Matthew McConaughey, que vai roubar o Oscar de DiCaprio.), que dura apenas até a segunda-feira negra em 87, quando a Rothschild na qual trabalhava, fechou as portas.
Jordan chega a flertar com a ideia de abandonar a corretagem, mas é convencido por sua esposa, Teresa ( Cristin Milioti) a tentar novamente, e assim se torna um corretor da bolsa de tostões, negociando ações de companhias de baixo capital com preços mínimos por cota. É lá, com as comissões de 50% (face às comissões de 1% de Wall Street), que Jordan começa a fazer dinheiro de fato usando seus conhecimentos adquiridos na meca das bolsas de valores e uma boa dose de mau-caratismo. É na mesma época que conhece Donnie Azoff (Jonah Hill, surtado), com quem começa a trabalhar.
Jordan prospera, funda sua própria empresa, e se farta de tanto ganhar dinheiro de maneiras que vão das moralmente reprováveis às totalmente ilegais.
Entre trocas de esposa, investimentos milionários em iates de 57 pés, mansões nos metros quadrados mais valiosos da América, Ferraris, Lamborghinis, helicópteros, abuso de drogas, álcool, prostitutas e pílulas acompanhamos Jordan de sua ascensão até sua decadência, atolado até o pescoço em crimes do colarinho branco e corrupção, investigado pelo FBI e ameaçado de prisão.
É ultrajante no melhor sentido da palavra. Scorsese sabe como ninguém transformar criminosos em tipos com quem podemos simpatizar, e Jordan Belfort com sua resistência sobre-humana à drogas, álcool e sexo desprotegido, sua boca-suja e sua lábia de vendedor que não aceita não como resposta é o tipo de escroto repulsivo e hilário de quem é difícil não querer mais, especialmente quando é trazido à tela por um ator com o carisma e o calibre de Leonardo DiCaprio, que dá show durante os 180 minutos de projeção mostrando até uma faceta desconhecida com uma disposição invejável para a comédia rasgada, inclusive física (a sequência dos Lemmons na saída do country club é de fazer Jim Carrey se roer de inveja).
Sem compromisso sério para com a verdade dos fatos, Martin Scorsese conta a história de Jordan Belfort pela ótica do próprio (o filme é baseado na autobiografia de Belfort, adaptada por Terence Winter), o que explica muito do exagero do longa, como a banda de cuecas no escritório, ou o tiro ao alvo com anões, e os momentos em que Jordan se dirige à audiência por alguns momentos até decidir que ninguém é esperto o suficiente pra acompanhar o que ele diz.
Soma-se a DiCaprio um grande elenco de apoio encabeçado por Jonah Hill, impagável como o parceiro de Belfort, Donnie Azoff, além da lindona Margot Robbie como a segunda esposa do corretor, Naomi, mais Kyle Chandler, Rob Reiner, Jon Favreau, Jean DuJardin e outros nomes mais ou menos reconhecíveis de ponta a ponta, todos funcionando como relógio sob a batuta de Scorsese, o diretor que Quentin Tarantino (que eu adoro) gostaria de ser, numa histérica fita baseada em fatos que intercala momentos cômicos de chorar de rir com outros realmente sérios em um show de três horas de duração que passam voando.
Talvez o melhor filme de Scorsese desde Os Bons Companheiros, talvez a coroação de Leonardo DiCaprio como um dos maiores atores de sua geração, mas certamente um filme que estará na lista dos melhores do ano de qualquer pessoa quando dezembro chegar.
Obrigatório.

"Deixa eu te contar uma coisa. Não há nobreza na pobreza. Eu fui um homem pobre e um homem rico, e eu escolho ser rico toda porra de vez."

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