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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Afundar com o Barco


Que Lástima... Não me ocorre outra forma de expressar minha tristeza com o anúncio do fim do Orkut, a rede social que foi febre entre brasileiros e indianos encontrando o ápice de sua popularidade entre 2005 e 2008, teve uma sobrevida em 2010, e vinha cambaleando apoiada em alguns fiéis seguidores desde então...
A casa azul e rosa, praticamente entregue as traças após a popularização do Facebook já vivia seus estertores tinha algum tempo. Estranhamente os maiores atrativos do Orkut, os fóruns de discussão, só melhoraram conforme a rede social claudicava.
A debandada da maioria das pessoas para a rede social de Mark Zuckerberg tornou o Orkut uma rede social quase marginal, repleta de saudosistas e gente mais alternativa, uma espécie de resistência que continuava postando comentários em tópicos que encerravam acaloradas discussões que geralmente acabavam em xingamento à mãe de alguém e muitas risadas ao invés das curtidas nas alterações de status dos miguxos, fotos de pratos de comida e frases definitivas de para-choque de caminhão.
Oh, não... O Orkut pós Facebook tornou-se um espaço apenas para os fortes e os sem-noção.
Se a Sknynet desse início a seus planos de domínio global hoje, desencadeando o Dia do Julgamento e a Era das Máquinas, John Connor não postaria isso no Facebook, ele certamente abriria um tópico no Orkut pra ter certeza de que a mensagem alcançaria apenas aqueles que fossem dignos de fazer parte da resistência humana.
Ainda acessado por meia dúzia de nerds malucos de comunidades ligadas a quadrinhos, e especialmente aos fanáticos e fanáticas por futebol (a comunidade do Internacional segue bastante movimentada, por exemplo, com dezenas de tópicos sendo abertos diariamente no fórum e participação ativa de centenas de membros, números que se multiplicam em dias de jogos do colorado.), o Orkut seguia seu caminho.
Infelizmente esses números não devem ser suficientes para sensibilizar o Google ou justificar a manutenção do site.
Nos anos que se passaram desde o advento do Orkut, a rede social "só para convidados" viram em seus tópicos a aurora de amizades duradouras, o florescer de romances que geralmente surgiram após aquele tradicionalíssimo "gostei do teu perfil, posso adicionar?", ao qual se seguiam alguns dias de trova via scrapbook e finalmente a hora da verdade, quando se pedia o MSN da pessoa. Amores verdadeiros, fraternais ou não, têm suas raízes enterradas profundamente nas paredes hoje empoeiradas de comunidades jogadas às moscas e em depoimentos carregados de sentimentos em páginas de perfil que quase ninguém mais lê, e agora, todos esses momentos vão se perder no tempo, como lágrimas na chuva...
Uma fonte quase inesgotável de cultura inútil, informações de fontes duvidosas e muitas risadas, o Orkut vai ser assassinado pelo Google em 30 de setembro de 2014, deixando uma legião de órfãos que, no futuro, dirão aos incrédulos que, na melhor tradição de um verdadeiro capitão, afundaram com o navio.
O Orkut está morto.
Vida longa ao Orkut.

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