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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Resenha Cinema: No Limite do Amanhã


Eu vou confessar que estava um pouco ressabiado em assistir No Limite do Amanhã, mais recente empreitada do astro/galã/produtor/maluco/cientologista Tom Cruise.
Apesar de achar Cruise um ator com recurso, e essencialmente curtir o tipo de cinema que ele faz, tenho que dizer que não fiquei impressionado com o último sci-fi do ator, o mediano Oblivion, de modo que estava mais interessado em esperar por outra bobagem divertida como Missão: Impossível ou um bom thriller ao estilo Operação Valquíria.
Mas acabou que no meio da semana, sem que houvessem estreado Vizinhos ou Como Treinar seu Dragão 2, eu me vi sem lá muitas opções, de modo que acabei no cinema para encarar o longa metragem estrelado por Cruise e Emily Blunt.
O resultado?
No Limite do Amanhã abre com um recorte de trechos de noticiários que rapidamente ilustram uma invasão alienígena. A raça extraterrestre conhecida como Mímicos (Que parecem polvos metálicos estilo os sentinelas de Matrix, mas depois de cheirar cocaína e tomar redbull) chega à Terra em um asteroide que cai em Hamburgo e imediatamente começa a sobrepujar a raça humana, matando milhares e avançando pelos territórios da Europa em direção à Ásia e à América.
Para a humanidade tentar equilibrar o confronto com esses inimigos ferozes, cientistas elaboram um exoesqueleto balístico chamado de "Jaqueta", que não parece estar funcionando lá muito bem, até que, na batalha de Verdum, a sargento Rita Vrataski (Emily Blunt, bonita e durona estilo Ripley) mata milhares de Mímicos em combate, garantindo a vitória e se tornando a garota-propaganda dos esforços de guerra, sendo apelidada de Anjo de Verdum, e "Full Metal Bitch".
Encorajados por essa vitória, a coalizão terráquea planeja um ataque maciço à Europa na esperança de retomar o continente antes que os alienígenas cheguem à Grã Bretanha, é pouco antes desse ataque que conhecemos William Cage (Tom Cruise, comprometido como sempre), ex-publicitário transformado em relações públicas do exército, após chantagear um oficial superior na tentativa de evitar o front, ele acaba rebaixado e colocado na linha de frente do combate no Pelotão J liderado pelo sargento Farell (Bill Paxton, hilário).
Completamente incompetente em combate, Cage entra no campo de batalha durante uma emboscada Mímica sem saber nem mesmo destravar o armamento de seu exotraje, numa ótima sequência de batalha.
Infelizmente, inepto e apavorado como ele só, Cage acaba morrendo no campo poucos minutos após o desembarque, mas, devido a um misterioso loop temporal, ele desperta no dia anterior ao combate que tomou sua vida!
Cage revive o mesmo dias vez após vez, sempre morrendo em combate, incapaz de convencer qualquer pessoa de sua condição.
Eventualmente ele encontra Rita Vrataski durante a contenda, e com a ajuda dela, Cage continua a reviver o dia de sua morte repetidas vezes, sendo morto novamente de formas diversas e constantes, mas a cada uma delas se tornando um pouco menos inútil, aprendendo novas formas de sobrevivência e refinando suas técnicas de combate para tentar se tornar o trunfo necessário para a vitória humana na guerra.
É muito bom.
O filme tem algumas reviravoltas e detalhes que eu obviamente mantive em segredo no resumo acima pra não estragar a surpresa de ninguém, inclusive porque esses "twists" na trama são parte da graça e estão muito bem amarrados no roteiro de Chritopher McQuarrie e John e Jez Butterworth (baseado no romance All You Need is Kill, de Hiroshi Sakurazaka), e eu sei, que a primeira vista, poderia-se sintetizar No Limite do Amanhã como uma mistura de Feitiço do Tempo com Tropas Estelares, mas acredite, é exatamente isso, e não tem nada de errado com a referência.
No Limite do Amanhã tem vários acertos, da bela fotografia aos ótimos efeitos visuais, passando pela direção competente de Doug Liman (Deixando pra trás porcarias como Sr. e Sra. Smith e Jumper), mas talvez o principal seja o fato de não se levar excessivamente a sério, e assumir sua condição de matiné descompromissada sem perder a esperteza.
Outro trunfo do filme está no bom elenco (que tem Brendan Gleeson e Noah Taylor) e no personagem de Tom Cruise.
Seu William Cage foge do estilo exterminador sorridente habitual do ator. Sai a coragem fria e estoica, o físico prodigioso, e entra um covarde egoísta e cagalhão que só faz bobagem na primeira vez em que pisa num campo de batalha e que frequentemente caga tudo, se machuca e morre quando tenta alguma inovação em seus dias repetidos, numa inversão interessante do script, o papel de super guerreiro fodelão cabe a Emily Blunt, que manda muito bem, obrigado.
Esse frescor e o espaço para essa veia cômica pouco explorada do ator (que encontrou seu ápice em Trovão Tropical, mas também apareceu em Jerry Maguire e Rock of Ages, todas interpretações acima da média de Cruise) já valeriam o ingresso, mas felizmente o roteiro e a direção ajudam, e o garoto-propaganda da Cientologia não precisa carregar o filme nas costas.
Com belas cenas de batalha, tensas, sujas e bagunçadas (que contrastam com o estilo videogame do morra e tente de novo, especialmente nas primeiras, quando Cage está em pânico quase todo o tempo), um roteiro que não trata a plateia como imbecil, No Limite do Amanhã merecia melhor sorte nas bilheterias, se segura bonito sem querer virar franquia, e faz um belo trabalho ao entreter por 113 minutos que jamais parecem perdidos.
Assista no cinema, vale horrores a pena.

"-Eu não sou um soldado.
-Claro que não. Você é uma arma!"

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