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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Resenha DVD: Pompeia


Existem filmes que antes de assistir a gente já sabe que vão ser ruins, mas assiste assim mesmo, na esperança de transformá-lo em um guilty pleasure, aquelas coisas que a gente faz mesmo sabendo que estão erradas simplesmente porque é divertido fazer.
O cinema é repleto de guilty pleasures, filmes que são descarada e declaradamente ruins, mas que as pessoas assistem porque, na hora em que se desliga o cérebro e aumenta o nível de suspensão de descrença ao máximo, são divertidos o suficiente para valer o preço do ingresso ou da locação.
Foi pensando exclusivamente nesse tipo de filme que eu aluguei Pompeia, filme do diretor Paul W. S. Anderson, o mesmo da série Resident Evil e de Os Três Mosqueteiros que conta a história de Milo (Kit Harrington, o Jon Snow de Game of Thrones), um escravo celta cujo povo foi massacrado por uma legião de romanos comandados pelo general Corvus (Kiefer Sutherland) quando ele era apenas uma criança.
Milo sobrevive ao massacre fingindo-se de morto, mas pouco depois é capturado por viajantes que o tornam um escravo.
Anos depois, ele se torna um gladiador que, por sua perícia em combate é levado a Pompeia, onde grandes jogos estão prestes a acontecer.
Lá, ele conhece Cassia (Emily Browning, que apesar de gostosinha em Beleza Adormecida e Sucker Punch está meio esquisita), jovem filha do burguês Severus (Jared Harris), que planeja reformar toda a cidade com o apoio de Corvus, agora um influente senador romano.
Corvus, um tremendo escroto, planeja oferecer seu apoio aos projetos de Severus mas apenas em troca da mão de Cassia, a quem conheceu enquanto a moça viveu em Roma.
Conforme decorrem as festividades, se aproxima o momento em que Cassia será jurada a Corvus e Milo deverá enfrentar o grande campeão Atticus (o impronunciável Adwale Akinnuouye-Agbaje), que luta por sua liberdade após anos na arena, mas ao mesmo tempo em que os jovens começam a nutrir sentimentos um pelo outro, o monte Vesúvio entra em erupção, colocando o gladiador em uma luta desesperada contra o tempo para escapar do destino reservado a ele na arena e salvar sua amada conforme o Vulcão destrói Pompeia.
Óbvio que um filme com essa premissa não seria grande coisa, mas eu esperava ao menos uma hora e meia de diversão descerebrada, algo como os filmes-catástrofe de Roland Emmerich (que são tremendos guilty pleasures, diga-se), uma montanha-russa de espetaculosa falta de compromisso e destruição gratuita, porém Pompeia falha em oferecer isso.
A inspiração mais óbvia a Pompeia não é 2012, mas Gladiador. Na verdade, poderia-se sintetizar o longa de W. S. Anderson como "Gladiador em meio a um vulcão".
Está lá a história de vingança do escravo tornado lutador de arena, o negro que se torna amigo do protagonista e deseja reencontrar sua família, a sequência na arena onde os gladiadores alteram o desfecho de uma batalha histórica a ser reproduzida, o vilão romano que é constrangido pelo povo e não mostra o polegar virado pra baixo... Mas tudo de forma mais leviana, bobinha...
Aliás, Pompeia é todo assim. Rapidinho, ligeiro, rasteiro.
O amor puro surge do nada, a amizade sincera também, os arrependimentos dos personagens secundários são igualmente bobocas de forma que o filme passa os dois primeiros atos se arrastando de maneira previsível e sonolenta...
Quando o vulcão, que deveria ser a estrela do filme, resolve explodir, o espetáculo visual não justifica a espera.
O Vesúvio destruidor do longa não lambe as botas da devastação de um 2012, por exemplo.
Chuvinha de cinzas daqui e dali, rochas em chamas voando pra cá, um tsunamizinho acolá, e nada que gere assombro ou impacto visual.
Entre a história de amor bobinha, a trama de vingança morna e o desfecho anti-climático, Pompeia falha miseravelmente ao prometer um filme catástrofe situado na antiguidade clássica e entregar um Gladiador genérico sem o talento de Ridley Scott, Russel Crowe ou Joaquin Phoenix.
Se estiver muito curioso, aguente um pouquinho e espere passar na TV a cabo. Não vale a locação.

"-São os deuses. Eles têm um plano para todos nós.
-Talvez. Eu vi o homem que matou minha família. Talvez os deuses tenham me poupado por uma razão..."

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