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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Resenha DVD: Frankenstein - Entre Anjos e Demônios.


Eu acreditava que após Batman - O Cavaleiro das Trevas, a carreira de Aaron Eckhart iria decolar. Seu retrato do promotor público Harvey Dent, indo da luminosa interpretação do cavaleiro branco de Gotham até o inferno da desfigurada e torturada figura do Duas Caras era um dos pontos altos num filme repleto de picos.
Mas, após Batman, Eckhart fez Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles, O Amor Acontece e Invasão a Casa Branca, nenhum deles filmes nem mesmo razoavelmente memoráveis.
Mas aí, quando parecia que a coisa estava meia-boca, Eckhart aparece como astro desse Frankenstein - Entre Anjos e Demônios, filme baseado no quadrinho I Frankenstein, da Dark Horse (Editora que mais havia transformado gibis em cinema até a Marvel enlouquecer no começo dos anos 2000).
O longa metragem mostra o monstro de Frankenstein (Eckhart), logo após matar a noiva de seu criador, o doutor Victor Von Frankenstein (Aden Young), ser perseguido pelo mesmo, e vê-lo morrer.
Ao voltar à Alemanha para enterrar o corpo de seu "pai", a criatura é atacada por um grupo de homens que se revelam demônios, e salvo por gárgulas (é, eu sei...).
Levado à presença de Leonore (Miranda Otto, a Éowin de O Senhor dos Anéis), senhora dos gárgulas, ele descobre que essas criaturas a quem tomamos por meros adereços são, na verdade, seres angelicais, enviados à Terra para proteger a humanidade dos demônios que aqui habitam disfarçados de gente.
Ela oferece a ele guarida, proteção, e um nome: Adam.
O Monstro aceita o nome, armas sagradas que podem ferir os demônios, mas segue seu caminho solitário, vagando pelo mundo por duzentos anos, caçando os demônios na perspectiva de descobrir o que eles querem com ele.
O que Adam não sabe, é que ele, e a forma como foi criado, são o pino mestre do nefasto plano de Naberius (Bill Nighy), príncipe demoníaco, para dar um passo adiante nas pesquisas de reanimação da Dra. Terra (O pitéu Yvonne Strahovski), que, a exemplo de Adam, não sabe que seus experimentos serão usados para criar um exército de demônios, varrer os gárgulas, e gerar um inferno na Terra.
Frankenstein - Entre Anjos e Demônios é uma salada tão indigesta que é até difícil reconhecer todos os ingredientes.
Meio Anjos da Noite (referência mais óbvia, já que além de toda a atmosfera, a luta entre grupos rivais de seres sobrenaturais escondidos da humanidade ainda estão lá os produtores do filme e Bill Nighy interpretando uma variação do vampiro Viktor da série de vampiros e lobisomens), com ecos de Van Helsing, Blade e até Crepúsculo, o filme consegue arrancar as características originais da criatura de Frankenstein que todo mundo conhece, e torná-lo um personagem menos humano e interessante.
Ao mesmo tempo em que a aparência agigantada, com dificuldade para andar e falar é subsituída por um corpo sarado, cicatrizes mais amenas, trajes descolados e super força, todas as questões existenciais que atribulavam a vida artificial do monstro vão por água abaixo em nome de uma atitude ranheta de herói relutante e desconfiado de todo mundo.
Nem mesmo as frequentes cenas de ação, que envolvem perseguições, pancadarias e combates aéreos impedem o filme de ser maçante e chato, ou escondem os problemas de um roteiro cheio de buracos.
O diretor Stuart Beattie (Também um dos responsáveis pelo arremedo de roteiro) parece preocupadíssimo em criar um espetáculo visual com chamas rodopiando pelo ar, gárgulas voando ao redor de torres góticas, derrubando prédios e mostrando elaboradas sequências de luta com bastões, mas esquece de contar uma história que justifique a sequência que o fim do filme alardeia na forma do vilão secundário que foge e da promessa do herói de que protegerá a humanidade quando as forças do mal retornarem.
Em suma:
Tudo de ruim.
Deixe juntar poeira na prateleira da locadora.

"-Eu sou uma dúzia de pedaços de oito cadáveres diferentes. Eu sou um monstro.
-Você só é um monstro quando se comporta como um."

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