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sábado, 18 de abril de 2015

Resenha Série: Demolidor (parte 1, de 2)


Eu sempre gostei do Demolidor. Acho que sou uma das poucas pessoas que já gostava do personagem antes da fase Miller. Me lembro de ler suas histórias na extinta Heróis da TV, da Abril, e já curtir o personagem.
Era um defensor do longa de Mark Steven Johnson estrelado por Ben Affleck (ao menos da versão do diretor. Menos confusa e apressada do que a versão de cinema), e sou, hoje, um leitor voraz das histórias atuais do herói, e um colecionador das histórias antigas.
Fiquei feliz quando soube que os direitos do diabo da guarda de Hell's Kitchen haviam revertido da Fox para a Marvel, e mais ainda quando vazou a notícia de que o diretor Joe Carnahan, de Narc e A Perseguição gostaria de fazer um filme retratando o Demolidor numa fita de época passada nos anos setenta.
E confesso que, como um fã declarado de Matt Murdock, eu fiquei, mais do que triste, me sentindo horrivelmente traído quando foi anunciado que o personagem não seria aproveitado no cinema, mas sim, na TV.
Explica-se:
Sou um reconhecido e rematado enjoado pra séries de TV.
Tenho dificuldade pra acompanhar séries. Acho chato, complicado e aborrecido ficar refém dos horários da TV. Mesmo séries que assisti e de que gostei muito, como House, Prision Break, E.R., Breaking Bad e 24 Horas, foram abandonadas por mim à certa altura, simplesmente porque, chega um momento, em que, no meu entender, ou elas começam a se estender demais, ou o espaço entre as temporadas fica muito longo e eu perco o interesse, ou tudo isso ao mesmo tempo.
Não ajudou o fato de eu ter tentado assistir Smallville, Arrow, Flash, Agents of S.H.I.E.L.D. e Gotham e ter achado todas elas muito, muito, muuuuuito chatas, e nem a que achei razoável, Agent Carter, ter conseguido me segurar.
Aliás, é muito importante que uma série me agarre no episódio piloto. Se naquele primeiro contato, a série não tem atrativos que me façam querer continuar assistindo, eu simplesmente não continuo.
Não tenho a paciência para "esperar a série se desenvolver", se em dois ou três capítulos a coisa não andar, adeus, amor. Casos de Lost e Fringe.
Ainda assim, era o Demolidor, figura perene no meu seleto Top-5 de super-heróis preferidos, em uma produção da Marvel em parceria com o Netflix, uma instituição em termos de qualidade de produção. Os trailers e as artes de divulgação haviam sido interessantes. E gente que eu levo muito a sério me recomendou o programa.
Resolvi arriscar, assinei o Netflix, e assisti ao primeiro episódio da série pelo meu videogame. E quer saber?
Fui fisgado.
Demolidor é excepcional, nos últimos dias, assisti aos treze episódios da primeira temporada (que vou começar a rever), que agora, recebe um pequeno guia de episódios resenhados.
A eles:
Episódio 1: Into The Ring


Uma jovem chamada Karen Page (Deborah Ann Wool) é acusada do homicídio de um colega de trabalho. Dois jovens advogados de uma firma recém aberta, Franklin "Foggy" Nelson e Matthew "Matt" Murdock, aceitam defendê-la como seu primeiro caso.
O primeiro episódio da série abre com o acidente que custou a visão de Matt, cegado pela exposição a produtos químicos que caíram em seus olhos após empurrar um idoso da frente de um carro desgovernado.
Daquele momento, quando o pai do menino, Jack Murdock, o segura em seus braços ouvindo os gritos desesperados do filho que não pode mais ver, seguimos para o presente, onde um Matt Murdock (Charlie Cox) já adulto, está sentado no confessionário falando de seu pai com o padre Lantam (Peter McRobbie).
Essa cena, sozinha, já é melhor que todo o longa metragem de 2003. Ali, tudo o que a audiência precisa saber sobre Matt Murdock, é revelado.
Ele é um homem religioso. Ele acredita em fazer o que é certo. Ele amava seu pai. E ele tem um lado sombrio que tenta manter direcionado para o bem.
Matt é um advogado, ele e seu amigo e sócio Foggy Nelson (Elden Henson) estão abrindo um escritório de advocacia em uma parte da cidade destruída por um grande incidente pouco tempo atrás (sim, a invasão Chitauri de Loki em Os Vingadores), e é em meio aos esforços de reconstrução da metrópole que os ratos começam a sair da toca para tirar uma casquinha da reconstrução.
Não super-vilões em naves estelares ou em trajes mecanizados, mas bandidos, aproveitadores e gangsteres, todos operando dentro de uma pirâmide criminosa com alguém no topo, operando nas sombras.
Funcionando dentro de uma estrutura bastante convencional de piloto de série de TV, o episódio 1 da série dá seu recado, e termina com o tabuleiro montado para a sequência da temporada.

Episódio 2: Cut Man


Após perseguir e confrontar um grupo russo de traficantes de pessoas, Matt é gravemente ferido e acaba dentro de uma lixeira.
A enfermeira Claire (Rosario Dawson) o acolhe e o trata, ajudando-o a se recuperar e resgatar um menino sequestrado pelos criminosos.
O segundo episódio de Demolidor vai bem além do bom primeiro capítulo. Enquanto é tratado por Claire, Matt relembra de sua infância, quando ele próprio era o "cut man" de seu pai boxeador. O episódio inicial já havia sido muito bom, mas é esse segundo capítulo que, de fato, manda tudo pro inferno.
Mostrando um pouco mais do passado do protagonista, em uma série de belos flashbacks retratando os dias finais de Jack Batalhador Murdock e sua amorosa relação com o pequeno Matt, Cut Man ainda mostra Matt indo até seus limites para obter informações com a ajuda de sua salvadora, e encerra com uma sensacional cena de luta, filmada em um violentíssimo plano-sequência ao estilo The Raid.
De tirar o fôlego.

Episódio 3: Rabbit in a Snow Storm


James Wesley (Tody Leonard Moore), consigliere do misterioso chefão do crime de Nova York cujo nome não deve ser pronunciado, vai até a firma de Nelson e Murdock, e lhes oferece um caso muito bem pago:
Defender um homicida.
Ao mesmo tempo, Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio), visita a galeria de Vanessa Marianna (a bonitona Ayelet Zürer).
Demolidor segue sem medo de mostrar violência extremamente gráfica nesse terceiro episódio, que abre com uma brutal cena de assassinato e finaliza a construção da persona do Rei ao mostrar como, mesmo as pessoas mais perigosas, temem o chefão cujo nome ainda não havia sido mencionado.
Além disso, finalmente coloca Matt e Foggy no tribunal, e tem uma das melhores apresentações de um vilão que eu já vi, quando Wilson Fisk diz a Vanessa como uma pintura o faz sentir.
No mesmo episódio, a apresentação do repórter Ben Urich (Vondie Curtis-Hall).

Episódio 4: In The Blood


Os traficantes de gente russos liderados pelos irmãos Vladimir e Anatoly Ranskahov sequestram Claire para tentar descobrir a identidade do misterioso mascarado de preto que tem deitado a porrada em seus homens.
Com a enfermeira em perigo, Matt sai no encalço dos russos, obrigando-os a aceitar os termos do acordo proposto por Fisk. Entretanto, interromper o jantar o Rei do Crime, pode não ser uma grande ideia.
Esse episódio pertence a Vincent D'Onofrio. Fugindo de todos os clichês vilanescos que poderiam ter sido a ruína do personagem, o ator entrega uma interpretação tímida, contida, até frágil durante seu encontro com Vanessa, para, mais tarde, mostrar do que é que todo mundo se caga de medo ao disciplinar Anatoly.
Mais um ótimo episódio, ajudando e estabelecer Wilson Fisk como o mais complexo vilão da Marvel em uma mídia além dos quadrinhos, e Demolidor como a mais adulta obra da Marvel enquanto produtora.

Episódio 5: World on Fire


Fisk incrimina o Demolidor por um assassinato para distrair seus adversários e colocar em prática seu plano-mestre para a reconstrução de Nova York. Ao mesmo tempo, Foggy e Karen começam uma investigação para auxiliar uma senhora explorada por seu senhorio abusivo.
Com momentos ternos entre Claire e Matt, Vanessa e Wilson, e até entre Karen e Foggy, o episódio até poderia ser classificado como o menos urgente da temporada, ou o momento fofo da série, mas em Demolidor, mesmo os momentos ternos guardam as suas explosões (Prova disso é quando Matt explica a Karen o que ele "vê" quando seu cérebro processa as informações que seus quatro sentidos e mais seu radar entregam, montando um mosaico de mundo em chamas. Belo e vivo, porém caótico.), como Wilson e Vanessa, ternamente observam, de mãos dadas, a destruição orquestrada pelo Rei em Hell's Kitchen.
Outro ótimo episódio com final estilo cliffhanger de fazer roer as unhas.
Se fosse na TV e tu tivesse que esperar uma semana pra assistir a sequência, chegaria lá sem as pontas dos dedos.

Episódio 6: Condemned


Hell's Kitchen faz jus ao nome conforme uma série de explosões destrói inúmeros quarteirões do bairro, tudo um plano de Wilson Fisk e seu sindicato do crime para incriminar o Demolidor e facilitar a reconstrução do bairro. Em meio ao caos instaurado pelo Rei do crime, o Demolidor tenta escapar do bairro carregando um moribundo Vladimir Ranskahov consigo, na esperança de que o gângster possa lhe dar informações que levem Fisk à justiça.
O melhor episódio da temporada até então. Graças a Odin que a Netflix colocou tudo na grade de uma vez, porque se fosse na TV, esse seria o Midseason finale, e nós passaríamos um mês ou dois arrancando os cabelos esperando pra seguir acompanhando as aventuras do diabo da guarda de Hell's Kitchen.
É até difícil escolher o melhor momento de Condemned, talvez seja o primeiro confronto de Matt com Wilson. Um confronto travado verbalmente, através de um walkie-talkie, e ainda assim, incrivelmente tenso e poderoso, fazendo valer cada momento gasto nos episódios anteriores edificando as personas do Demolidor e do Rei.
Talvez a jornada de Matt e Vladimir, com o mafioso russo passando gradativamente de inimigo e peso a aliado e salvador do herói, tudo isso enquanto Fisk puxa o tapete de Matt expondo-o à opinião pública como um monstro e um terrorista.
Brilhante.

A segunda parte está logo aqui embaixo.

"-Advogado de dia, vigilante à noite. Como diabos isso funciona?
-É... Eu te digo quando descobrir."

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