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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Resenha Blu-Ray: Meu Amigo, O Dragão


No ano passado eu gostaria de ter ido assistir uma série de filmes no cinema e não consegui.
Fosse pelos horários de exibição, ou pela ausência de cópias em idioma original, ou apenas por estar cansado da falta de educação dos frequentadores de cinema hoje em dia, eu me privei de fazer uma das coisas que eu mais gosto:
Comprar o ingresso, o refrigerante e o chocolate, e sentar na sala escura pra ver um filme em tela grande, com som alto e total e absoluta imersão.
Nem consigo me lembrar e quantos filmes deixei de assistir em 2016 porque o cinema não me ofereceu as condições.
Mas me lembro, claramente, que Mogli: O Menino Lobo, foi um deles.
E me lembro que, ao assistir ao filme em casa, fiquei um tanto quanto ressentido por não tê-lo visto como se deve. Com a pompa e a circunstância de uma poltrona reclinável com porta-copos e o carimbo no ingresso antes da entrada da sala...
Ontem assisti outro filme que me doeu não ter visto no cinema:
Meu Amigo, O Dragão.
Outra refilmagem de uma animação clássica da Disney com atores (certamente com mais atores em cena do que Mogli, diga-se de passagem), o longa conta a história do pequeno Pete (Levi Alexander), que durante uma viagem de verão para as florestas do noroeste dos EUA sofre um acidente que custa a vida de seus pais, mas não a sua.
Conseguindo sair do automóvel capotado, o guri vaga pela floresta até ser cercado por uma alcateia. Quando os lobos famintos se preparam para o ataque, uma enorme criatura surge do meio das árvores.
Um dragão que sem esforço afugenta os lobos e gentilmente acolhe Pete.
Seis anos mais tarde, Pete (Agora Oakes Fegley) e o dragão, chamado de Elliot, vivem na floresta à sua própria maneira. Os dois são melhores amigos e passam o dia explorando a mata em busca de pequenas aventuras como perseguir um coelho ou afugentar um urso pardo, saltar de altos despenhadeiros e ler o livro favorito de Pete, "Elliot se Perde", de onde vem o nome do dragão.
Nas profundezas da mata os dois construíram um lar numa caverna sob uma imensa árvore, e lá, vivem em paz, evitando a presença dos humanos que volta e meia aparecem no lugar, como a guarda florestal Grace (Bryce Dallas-Howard), uma engajada protetora da natureza ou os lenhadores que trabalham com os irmãos Gavin (Karl Urban) e Jack (Wes Bentley), donos da madeireira local.
O sossego de Pete e Elliot acaba quando Gavin decide cortar madeira mais para dentro da floresta, causando a ira de Grace e obrigado Jack a acalmar os ânimos entre os dois, enquanto os três discutem, Pete, que observa à distância é visto pela pequena Natalie (Oona Laurence).
Não tarda para que Pete seja pego por Grace, obviamente preocupada com uma criança feral vivendo sozinha na floresta, e levado de volta à civilização.
E enquanto Gavin e os outros lenhadores começam a vasculhar a área onde Pete foi encontrado, deparando-se com vestígios da existência de alguma outra coisa vivendo lá, Grace começa a se perguntar como Pete sobreviveu na floresta por seis anos, algo que a leva a revisitar as histórias contadas por seu pai, Meecham (Robert Redford), que há anos sustenta a existência de um dragão nas matas ao redor da cidade.
Enquanto Grace tenta descobrir de onde Pete veio e como sobreviveu na floresta, Gavin e seus colegas começam uma caçada pelo dragão de Millhaven.
É bom ver que Hollywood ainda produz filmes como Meu Amigo, O Dragão.
O longa é carregado daquela ingenuidade e pureza que foram regra da Disney em suas animações do passado, ao mesmo tempo em que oferece uma deliberada negligência para com que seria uma fórmula mais comercial.
O longa não está preocupado com a trama. A trama é secundária.
Meu Amigo, O Dragão parece infinitamente mais interessado na relação entre Pete e Elliot, e Grace, e Natalie, e entre Grace e Meecham, e até entre Gavin e Jack, do que em dar espetáculo, e esse compromisso para com a inocência e a leveza é sentido na forma como a audiência se preocupa com Pete e seu dragão-cachorro, uma brilhante criação em CGI, com movimentos perfeitos, pelo ondulando naturalmente, e olhos repletos de personalidade que imediatamente nos fazem pensar em nosso animal de estimação...
É um daqueles filmes que não tem um grande lançamento, nem criam grande alarde na mídia especializada, mas que têm tanto coração que é impossível não se sentir tocado com o trabalho do diretor e co-roteirista David Lowery e Toby Halbrooks, que trabalham o script original de Seton Miller, S.S. Field e Malcolm Marmorstein.
Cheio de qualidades técnicas, de carisma e boas atuações do elenco (em especial Howard e Redford), e com toneladas de coração, tu tem que estar morto por dentro pra não gostar de Meu Amigo, O Dragão.
O longa certamente vale a locação, e garante 102 minutos de lágrimas e calidez que, ao contrario do dragão Elliot, não desaparecem à vontade.
Reconecte-se com sua criança interior e divirta-se.

"-Por quanto tempo ele ficou lá?
-Seis anos.
-Ninguém sobrevive seis anos naquela floresta. Não, sozinho."

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