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terça-feira, 16 de maio de 2017

Resenha Série: Deuses Americanos. Temporada 1 Episódio 3: Head Full of Snow


Atenção, pode haver spoilers do episódio.
Uma semana se passou desde que Shadow apostou sua cabeça com Czernobog numa partida de damas. Todos nós provavelmente sabíamos que, de alguma forma, o co-protagonista do programa iria escapar de ter seu cérebro esmigalhado pelo deus eslavo da escuridão e da morte, mas não sabíamos como.
Após uma bela sequência de "Em Algum Lugar na América" mostrando Anúbis (Chris Obi) prestando uma visita à senhora Fadil (Jackeline Antaramian), voltamos a nos encontrar com o ex-presidiário, que dorme no sofá das irmãs Zorya aguardando o amanhecer para encarar, ajoelhado, o martelo de seu algoz.
Entretanto, ele desperta na madrugada para encontrar-se com Zoraya Polunochnaya (Erika Kaar), a terceira e dorminhoca irmã, que lhe oferece um amuleto, e lança o que talvez tenha sido a primeira grande luz sobre o enredo da série ao falar insistentemente sobre crença em seu diálogo com Shadow.
Claro, a essas alturas todo mundo já deve ter entendido que o mote em Deuses Americanos é a luta entre os deuses antigos, esquecidos no mundo moderno, e os novos deuses, dados ao Homem pela tecnologia e que estão ficando com toda a adoração de geração após geração de imbecis.
O que Polunochnaya nos revela com seu diálogo é a ideia de que fazer um incréu acreditar é um conceito poderoso, e talvez, por isso, os dois grupos estejam tão interessados em Shadow. Qualquer tipo de atenção é alimento para esses deuses alquebrados, por isso a linha narrativa de Bilquis é tão bacana, por isso o Jinn (Mousa Kraish) aceita ir ao quarto de Salim (Omid Abtahi) e Anúbis se presta a visitar a senhora Fadil... É do que eles vivem, conforme Quarta-Feira lembra Zorya Vechernyaya em uma ótima sequência do casal passeando pelas ruas de Chicago.
Outra ótima sequência, por sinal, é a do assalto a banco, que deixa claro que Quarta-Feira é um trambiqueiro de mão-cheia e que Shadow, apesar de desconfortável com diversas facetas de seu novo trabalho, está começando a entender que o mundo onde vive é consideravelmente maior do que ele inicialmente supunha.
Aliás, se ele ainda não tinha percebido isso após a nevasca, é bem provável que sua descoberta ao voltar ao hotel tenha feito o serviço.
Com mais um ótimo episódio, que ainda contou com uma divertida participação do Mad Sweeney, Deuses Americanos finca o pé como a melhor nova série da temporada.
O programa não tem paciência com espectadores preguiçosos nem faz concessões em sua forma de contar a história que propõe, as respostas são vagas, não há hiper-exposição, e todos são impelidos a tirar suas conclusões e esperar pra ver se estavam corretas. Isso provavelmente desencoraja o público que, quando vai ao cinema, passa o tempo todo perguntando "quem é esse?", "por que ele fez isso?", "O que tá acontecendo?", e por isso, apenas, a série já teria meu respeito, mas, por sorte, Deuses Americanos tem mais a oferecer do que apenas desinteresse em mastigar a trama, a série é corajosa, divertida, belamente escrita e filmada, e, para quem não faz questão de receber o plot regurgitado direto na garganta, é um prato cheio e intrigante.
Outra semana comprida até a próxima segunda.

"--Eu posso sentir seu gosto na chuva... Que outro gosto posso sentir?
-Guerra."

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