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sábado, 6 de março de 2010

As coisas mudam... ?


Ventava muito naquele dia. O tempo estava seco, ainda não era inverno de fato, mas o outono já arrumava suas malas pensando em se refugiar no hemisfério norte por algum tempo, isso talvez explicasse a temperatura baixa. Estava um friozinho que muitos considerariam gostoso, mas o vento, o ventou açoitava as ruas com um chicote gélido de quando em quando, forçando os transeuntes á procurarem abrigo dentro de grossos casacos e blusas. Ainda assim, era um belo dia. O céu, pintado de um azul sonolento mostrava aqui e ali pequenas rajas brancas de nuvens tênues, o sol brilhava com pouco caso no céu, aparentemente não fazendo esforço algum para aquecer o mundo abaixo.
Andando pelas ruas ela sorriu brevemente ao ver um punhado de folhas em tons de laranja, amarelo, vermelho e dourado ser erguido do chão pelo vento apenas para ser derrubado novamente alguns metros adiante. Sorriria novamente após passar por uma janela aberta e ver um gato siamês se espreguiçar. Ela gostava daquilo, de dourado, vermelho, laranja e amarelo, de gatos, de vento e de dias secos e azuis. Eram coisas que a faziam sentir bem, até a carícia do vento frio em seus cabelos lhe trazia uma sensação de paz e acalento.
Mas ela estava dividida. Não dividida... Fizera uma escolha, mas não tinha certeza de ter tomado a decisão correta. Agora, enquanto parava pra pensar, imaginava tudo o que estava abandonando, e em troca de que. E se perguntava se escolhera certo.
Não que fosse voltar atrás, não era mulher de voltar atrás. Acertava e errava pela própria cabeça, sempre tivera um orgulho silêncioso da própria teimosia, e pagara os preços cobrados por ela sem reclamar, pois tinha satisfação de ter feito a si própria.
Claro, quando em vez, se flagrava imaginando como teriam sido as coisas se tivesse feito essa ou aquela escolha. Não podia evitar, ela não era diferente de mim ou de você, também tinha essas dúvidas, quem não as têm?
De toda a sorte, sempre lidara de maneira satisfatória, para os próprios padrões, com essas pequenas reminiscências. Então o que era diferente agora?
Talves o fato de que as coisas iam bem, de que ela estava em uma situação que, se não era ideal, se não era a que sonhava, ao menos era confortável e acolhia, sabe-se lá... Uma perspectiva de crescimento, talvez.
Mas ela escolhera largar isso. Escolhera um reinício. Reinícios são bons, abrem a perspectiva de um novo final, mas como saberemos que final teríamos tido sem o reinício se não permanecermos em um caminho para ver como acabará? Era essa dúvida que a torturava naquele momento. Não estava trocando o certo pelo duvidoso, trocava o menos duvidoso pelo quase desconhecido, o que era uma perspectiva que não a agradava nem um pouco. Por que estava arriscando-se daquela forma?: O que esperevava encontrar? Uma segunda chance? Mas já não tivera uma? Não a estava vivenciando até poucos meses atrás? Queria então uma terceira chance da qual nunca ouvimos falar? Será que não haviam regras contra elas, as terceiras chances? Ela esperava francamente que não.
As coisas pareciam, ao mesmo tempo tão diferentes e tão iguais... Ela gostava dessa perspectiva. Algumas coisas mudam, outras não... Mas será que as coisas que ela gostava não mudariam? Será que as que a incomodavam mudariam? Ela não sabia... Não tinha certeza. Mas não queria voltar atrás.
Ou talvez fosse exatamente o que ela queria.

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