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terça-feira, 2 de março de 2010

As Mulheres Erradas.




Augusto entrou no elevador do hotel, apanhou uma pequena chave do bolso, a encaixou no espaço próprio sob o painel de botões, a girou e apertou o botão onde se liam as letras C e P.
Ele ajeitou cuidadosamente a gravata vermelha que repusava sobre uma camisa branca impecável, e fechou um dos quatro botões do paletó preto imaculado de tão limpo e belíssimamente cortado que usava.
Passou a mão nos cabelos bem penteados e ajeitou os óculos que se equilibravam sobre seu nariz adunco.
Virou de costas para a porta do elevador encarando o espelho que dominava aquela área, viu o próprio reflexo, equilibrou o peso do corpo sobre o pé direito, e então sobre o esquerdo. Passou as costas da mão espalmada pelo ombros removendo uma quase imperceptível partícula branca que o incomodou sobremaneira. Passou a mão pela bochecha constatando que o barbeado da manhã ainda estava em condições embora fossem mais e onze da noite, fez propósito de voltar ao barbeiro no dia seguinte, repetir o barbear e dar uma gorjeta generosa ao sujeito.
Lambeu os dentes verificando se o clareamento que fizera dois meses antes ainda não fora maculado pelo café e pelos cigarros que consumia em quantidade industrial. Pareciam bastante brancos, mas ele não tinha uma base de comparação naquele momento. Apalpou um volume entre o peito e a axila esquerda, e se virou novamente encarando a porta do elevador. Suspirou. Olhou o relógio, marcava onze e dezessete da noite, conferiu o relógio digital no painel do elevador, ele marcava onze e vinte e um. Estava errado, pensou, sentindo uma breve e injustificada sensação de regozijo por ter superado aquele flat caríssimo no tocante ao horário.
Suspirou novamente, bateu o pé no chão duas vezes e observou se podia enxergar o próprio reflexo na superfície do calçado. Não podia. Não se preocupou, sempre encarara esse estigma do brilho dos sapatos como uma licença poética.
Foi quando as luzes dentro do elevador se apagaram, e um solavanco fez o equipamento parar.
Augusto instintivamente se segurou nas paredes com as mãos, ignorando o fato de que se o elevador, de fato, caísse, aquele gesto seria tão útil quanto fogos de artifício embaixo d'água.
Foi até o painel do levador, lembrou-se que no prédio onde sua avó morava quando ele era jovem havia um botão com a legenda campainha, e que, quando aquele botão era pressionado, uma campainha soava como uma trombeta do apocalipse. Ele adorava tocar aquela campainha na infância, o problema é que o zelador do prédio de sua avó não estava em sintonia com as idéias de diversão do, então, pequeno Augusto.
Vasculhou o painel do elevador tentando encontrar algo semelhante ao botão da infância. Havia um abaixo do qual se lia "interfone", o pressionou por um instante sem resposta. Pressionou-o novamente, mantendo o gesto por alguns segundos, entretanto, novamente, não houve nenhum resultado. Associou o interfone á energia elétrica. Não funcionaria se não houvesse luz no edifício.
Procurou seu celular no paletó, retirou o aparelho do bolso interno e tocou na tela, ligando-a. Constatou porém que, embora pudesse usar planilhas, aplicativos, ouvir músicas e ver vídeos, não estava na área de cobertura para o sinal telefônico. Reposicionou o aparelho de volta ao bolso.
Abriu o botão do paletó e, metódicamente, despiu a peça, dobrando-a com cuidado e a pendurando em seguida na barra de metal posicionada sob o espelho do elevador.
Afrouxou o nó da gravata e sentou no chão, apoiando as costas na parede, descansando os braços sobre os joelhos flexionados.
Encarou o elevador sombrio tentando discernir as formas nas quais não prestara atenção ao entrar, mas não conseguiu. Estava escuro demais. Tirou os óculos, fechou as hastes e os colocou no bolso da camisa. Jogou a cabeça pra trás e a escorou na parede, mas imediatamente colocou-a novamente em posição ereta e ajeitou os cabelos.
Olhou para a porta do elevador e suspirou.
Estava cansado. Aquele pequeno imprevisto o lembrara de como estava cansado do trabalho, das viagens, das interações sociais falsas, da vida como a estava vivendo.
Não queria mais fazer aquilo. Era maçante. No início, como em qualquer início, há a sensação de novidade, uma adrenalina intrínseca ao desconhecido e ao aprendizado, mas agora Augusto de tornara um mestre no que fazia. E sabia que o era. Augusto sempre fora vaidoso, sempre tivera orgulho do seu próprio desempenho em tudo que fosse bom. Claro, ele não era bom em tudo. Augusto jamais fora bom com números, por exemplo, ele jamais gostara de matemática, tivera problemas na escola por isso.
As ciências exatas, especialmente matemática, sempre o deixaram sonolento, ele não conseguia se concentrar, prestar atenção em como se faziam as tarefas. Isso o incomodava, mas ele aprendeu á conviver com essa deficiência, aprendeu á conviver com todas as suas deficiências. Não era bom com as palavras. Não que não tivesse um bom vocabulário, possuia um bom vernáculo, porém, não conseguia se expressar na frente das pessoas, começava uma frase, e, na metade, imaginava que poderia tê-la começado melhor, então, terminava a que começara de qualquer jeito, e iniciava outra, querendo dizer a mesmíssima coisa, mas com outras palavras. Posto isso, Augusto não era de falar muito.
Era educado, polido, genitl, ás vezes em excesso, levava consigo a máxima de tratar as pessoas como gostaria de ser tratado, ás pessoas por vezes, confundiam isso com fraqueza. O destratavam. Augusto, no início, detestava isso, suava de ódio. Rangia os dentes. Apertava as mãos.
Com o tempo passou á desprezar todas as pessoas. Todas, sem exceção. As encarava como vermes. Menos que vermes. Passou á ver todos como ferramentas. Como meios para um fim. Isso foi de encontro á carreira que escolheu.
Na verdade, ele não escolheu sua carreira, a carreira acabou escolhendo á Augusto.
Foi por acaso.
Na adolescência Augusto tinha amigos que usavam drogas ilegais. Augusto jamais usou. Augusto não fumava, não bebia, e não usava drogas. Andava com aqueles jovens independente do fato de eles usarem drogas, gostava deles, e não se importava com o fato de, eventualmente, eles estarem drogados.
Numa ocasião, o traficante local mandou um cobrador "conversar" com um dos amigos de Augusto.
O sujeito foi, obviamente, bruto com o amigo de Augusto. Augusto, naquela época ainda era dado a arroubos de ira. Se atracou com o valentão, e arrebentou-lhe a cara de pancadas, parando apenas ao ser contido por seis pessoas.
O traficante ficou sabendo, mas ao invés de mandar alguém atacar Augusto, entrou em contato com ele. Queria lhe oferecer um trabalho.
Augusto não acreditou. Mas o sujeito insistiu, mandou dinheiro pra Augusto por um dos seus amigos, casualmente o mesmo que fora atacado pelo cobrador e seguia frequentando a mesma boca de fumo. Se Augusto não quisesse, não precisava ter nenhum contato com Cabelo, o traficante, receberia trabalhos e pagamentos á distância.
Augusto recebeu duzentos reais, e um endereço com uma única recomendação escrita á mão com caligrafia apressada e ignorando a gramática:
"Desse a porrada."
Augusto tinha dezesseis anos, duzentos reais significavam um tremendo conforto para seu final de semana adolescente.
Foi até o endereço, uma vila com casas velhas e pobres. Parou em frente á um casebre com pinturas descascadas, acariciou as duas notas de cem reais no bolso da calça jeans, suspirou e entrou.
Lá dentro havia apenas um sujeito de cerca de quarenta anos, muito magro, deitado em um colchão no chão de uma sala vazia que cheirava muito mal.
Augusto hesitou antes de atacá-lo, mas quando o fez, foi com uma ferocidade impressionante. O sujeito estava desacordado quando Augusto parou de surrá-lo.
Na semana seguinte, o amigo de Augusto lhe entregou outro envelope com duzentos reais, um endereço, e uma frase:
"Foi bem a utima, faiz ingual."
Nas oito semanas seguintes Augusto recebeu envelopes e recados semelhantes. Até que um envelope mais grosso chegou. Dentro haviam dois mil reais, um revólver, e um endereço e uma única frase abaixo na mesma caligrafia de sempre:
"Dois negão, apaga."
Augusto contou o dinheiro, olhou a arma e foi pra casa pensativo.
Dois mil reais... Vinte notas de cinquenta e dez de cem reais enroladas em um elástico amarelo.
Augusto poderia fazer tanta coisa com aquele dinheiro... Podia comprar roupas legais, uma TV grande, assinar uma TV á cabo, ou fazer farra com seus amigos em um prostíbulo caro.
Mas matar alguém... Ele jamais pensara em matar ninguém. Era impulsivo, violento quando brigava, achava até que, em um arroubo, poderia, acidentalmente, matar alguém. Mas sair de casa, procurar uma pessoa, e matar essa pessoa de maneira fria... Premeditada... Isso ele não sabia se poderia fazer.
Durante o resto daquela tarde e toda aquela noite, Augusto pensou, pensou até sua cabeça doer e seus olhos se fecharem. Pensou no que estaria fazendo se aceitasse aquele dinheiro, se matasse dois homens.
Pensou em como aquela experiência o alteraria, que preço estaria pagando em um nível metafísico, se preocupava, não apenas com as leis dos homens que transgrediria, mas também com as leis de Deus. Não tinha lá uma crença muito firme em nenhuma religião em particular, sua avó era uma católica devotada, mas estava longe de ser uma boa pessoa. Seu pai não acreditava em nada e sua mãe acreditava em tudo, de Budismo á gnomos. Augusto estava imaginando como seria matar alguém. Remover aquela pessoa da existência. Dois mil reais... Mil por cabeça...
No dia seguinte, em frente á um boteco pouco maior que um cúbiculo de banheiro público, repleto de sacos de pastelina e garrafas de cerveja e cachaças variadas sobre o balcão, Augusto, vestido com calças jeans, agasalho preto e boné verde escuro vislumbrou dois homens negros sentados á uma mesa. Eles dividiam uma cerveja, um deles, mais velho, era gordo e tinha cabelos grisalhos nas têmporas, bebia tranquilamente enquanto o outro, de bigode, magro e de cabeça raspada, olhava para os lados sem parar. Eram as únicas pessoas fora do boteco. Do lado de dentro, um homem e uma mulher estavam sentados em uma mesa e pouco adiante, quase colado ao balcão, havia um homem de idade avançada comendo um pastel de aparência pouco recomendável.
Augusto se aproximou olhando os dois. O gordo dizia alguma coisa que ele não conseguiu entender, o mais jovem fez um sonoro "Tsc", mexendo muito os braços.
Augusto acariciou a arma em seu bolso. Acertaria os dois? Jamais empunhara um revólver na vida. Jamais disparar uma arma de verdade... Queria matar os dois? Estava tão interessado naqueles dois mil reais? O homem gordo riu alto de alguma coisa, e se virou encarando Augusto. Só então ele percebeu o quanto se aproximara.
O gordo olhou para Augusto, e para seu companheiro de mesa, então, novamente para Augusto.
O rapaz agiu mecanicamente. Não pensou, apenas agiu. Tirou a mão do bolso já com o revólver empunhado, apertou duas vezes o gatilho mirando o sujeito magro de bigode, um tiro pegou no rosto, entre o nariz e o olho esquerdo, o outro no peito, bem no meio do peito.
O gordo tentou se levantar, mas Augusto deu dois passos pra trás, e atirou uma vez na nuca do gordo, que caiu pesadamente sobre a cadeira de metal e então, no chão.
Dentro do boteco a mulher gritou e se abaixou protegendo a cabeça, o homem se jogou no assoalho de ladrilhos cor de laranja, e o botequeiro se escondeu atrás do balcão, apenas o velho seguiu impassível, comendo seu pastel, alheio á tudo.
Augusto olhou os dois homens no chão. O mais gordo estava morto. Os olhos abertos e desprovidos de brilho. O outro se retorcia, gemia. Abriu os olhos e mirou Augusto. O rapaz o olhou por um segundo, ergueu o revólver e disparou de novo. Na testa do homem.
Se deteve brevemente olhando o sangue claro e grosso, quase cor de rosa que escapava da cabeça do gordo. Saiu sem dizer nada. Andou por alguns quarteirões, tirou o agasalho que usava sobre a camiseta e o amarrou na cintura, e jogou o boné e a arma no lixo. Antes de largar o revólver, o limpou com cuidado usando a própria camiseta.
Foi a primeira vez que Augusto matou alguém. Ele fez o serviço por mais do que dinheiro. Ele fez o serviço por curiosidade. Queria saber, mais do que, como era matar alguém, como se sentiria após matar alguém.
Após o crime, duas conclusões chegaram-lhe á mente. Uma, ele não sentiu nada de particularmente diferente ao matar aqueles homens. Sentira um frio na barriga, uma leve apreensão, uma injeção de adrenalina antes de puxar o gatilho, mas não fora mais intensa do que o que sentira ao fazer sexo pela primeira vez, nem de como se sentia antes de uma briga.
Segundo, após matar aqueles dois desconhecidos, Augusto não se sentiu nada diferente, exceto por estar dois mil reais mais rico. Descobriu, então, que poderia fazer aquilo. Que poderia ser bom naquilo.
Nos meses seguintes, Augusto seguiu surrando devedores do tráfico, após quatro meses, recebeu dois mil reais e uma nova ordem de morte, e cumpriu com a mesma frieza de antes.
Cabelo e ele se encontraram. O traficante felicitou Augusto por seus trabalhos até ali, lhe deu cinco mil reais e uma pistola prateada. Era um trabalho para um sujeito graúdo. Não era um amigo de Cabelo, era um sujeito endinheirado que queria que "apagassem" o namorado da filha. Augusto pegou o dinheiro, recebeu as informações de Cabelo, e saiu.
Fez o trabalho três noites mais tarde. Matou o sujeito saindo de uma danceteria.
Roubou a carteira, o telefone e o relógio do pobre coitado, mais para afastar qualquer suspeita do sujeito "graúdo" que encomendara o assassinato.
Sua fama se espalhou no submundo. Recebia, através de Cabelo, vários trabalhos semelhantes. Matou devedores, matou policiais, matou advogados corruptos, matou um político. Os preços variavam de acordo com a dificuldade e a importância do alvo, o valor mais caro que cobrara fora de setecentos mil reais para matar um candidato á senador. Após quinze anos, Augusto perdeu as contas de quantas pessoas matara. Raramente sabia dos motivos, nunca queria saber. Quanto menos soubesse das vítimas melhor.
Mas agora, aos trinta e um anos, sentado em um elevador parado, ele se perguntava se já não fizera o suficiente.
Estava cansado. Cansado de matar pessoas. Acumulara uma imensa quantia, não passaria por problemas financeiros.
Abrira uma empresa de informática como fachada para o dinheiro que recebia pelos assassinatos, já acumulara mais de uma dezena de milhões de reais. Poderia se aposentar agora e viver bem até o fim da vida. Quem sabe uma casinha no interior do estado?
Casaria com uma boa moça, não as vagabundas caras com quem se distraia e desopilava as suas tensões, uma boa moça, carinhosa, que o amasse. Talvez um filho, ou dois...
A luz voltou. O elevador voltou á se mover. O mostrador digital mostrava o número dezoito, e seguiu em direção ao dezenove.
Augusto levantou, alisou a camisa, recolocou os óculos, ajeitou gravata, vestiu novamente o paletó. Tirou a arma do coldre e encaixou o silenciador no cano da pistola. O elevador parou após o vigésimo nono andar com uma campainha fazendo "ping", e a porta se abriu para um hall bem decorado que separava o elevador de uma porta dupla de madeira. Dois homens gordos vestindo ternos azul-marinho o encararam incrédulos. Augusto matou ambos, um tiro na testa de cada um.
Cruzou o pequeno hall desviando dos cadáveres, abriu a porta de madeira e entrou em uma espetacular suíte duplex lindamente decorada. Subiu as escadas cobertas com um tapete felpudo branco, entrou no quarto onde uma gigantesca cama king size dominava o ambiente. Uma luz alaranjada entrava pelos sacadões, um homem de meia idade e uma mulher muito bonita e jovem devidiam a cama. Augusto pressionou o cano da arma contra a testa do homem e puxou o gatilho antes que ele abrisse os olhos.
Ao tirar os olhos do cadáver deparou-se com a mulher. Ela o encarava com os olhos esbugalhados, apoiada nos cotovelos. Os cabelos loiros e finos estavam sobre seu rosto. Ela olhou o homem morto á seu lado, e, encarando Augusto sussurrou um "Por favor.".
Augusto a encarou. Ela era bonita, jovem. Parecia uma pessoa doce. Foi a impressão que ele teve ao vê-la dormindo, não podia confirmar agora pois ela estava desfigurada de horror. Mas ela tinha um belo corpo, belos olhos. Augusto podia se ver vivendo com uma mulher como aquela. Quem sabe? Poderia poupá-la. A levaria com ele. Ela reconheceria sua compaixão, aprenderia á viver com seus defeitos e a admirar suas qualidades, e ela seria a pessoa que dividiria aquela casinha com ele no interior. Ele abaixou a pistola, e fez uma expressão amigável com o rosto.
Foi quando a mulher, em um movimento rápido, enfiou a mão sob o travesseiro do homem morto, e de lá sacou uma pistola. Ela mirou e disparou duas vezes contra Augusto. Um tiro passou longe dele, o outro, no entanto, atingiu-o na coxa esquerda, arrancando-lhe um grunhido de dor e derrubando-o no chão. A mulher se levantou gritando, largou a arma e correu em direção á escada.
Deitado no chão Augusto mirou nas costas da mulher e atirou. A bala atingiu o alvo e ela rolou pelas escadas. Augusto se ergueu com dificuldade, apanhou os óculos que haviam caído de seu rosto e mancou até o topo da escada. Desceu com dificuldade, parando ao lado da moça, estatelada no meio de uma poça de sangue. Ela o encarou ainda com pavor no olhar, tentou dizer algo, mas seu balbucio saiu gorgolejado de sangue que lhe subia pela garganta.
Augusto apontou a arma para a cabeça da moça, e a matou com um tiro certeiro.
Andou rengueando até o elevador, por onde desceu silenciosamente com uma ponta de aflição de que ele parasse novamente. Isso não ocorreu, e ele saiu tranquilamente do hotel, andou uma quadra e meia com dificuldade e entrou em um táxi.
Foi somente após um médico em necessidade de dinheiro remover a bala de sua coxa, lhe suturar, dar analgésicos, receber mil e quinhentos reais pelos serviços ir embora, que Augusto se deu conta que, em quinze anos de profissão, fora a primeira que se ferira.
Jamais sofrera nada além de um eventual golpe na cabeça ou torso, na época em que surrava devedores. Agora levara um tiro. Justamente quando pensava em largar a atividade, casar e ter filhos.
Não era de acreditar em sinais, mas resolveu interpretar aquilo como um. Apanhou um celular vermelho-escuro de uma gaveta, ligou o aparelho e vasculhou a agenda repleta de nomes femininos. Escolheu um aleatóriamente, falou com uma mulher, combinou um preço e se pôs á esperar pela chegada da prostituta.
Melhor se divertir com as mulheres erradas do que ser alvejado pela mulher certa.

Um comentário:

  1. Ótimo retorno, ótimo texto!!!
    Na vida, as vezes é necessário deixar o tempo passar com quem não está no plano!!!
    abraços, bom retorno!

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