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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Certeza


O Antero estourou conversando com o Laerte:
-Tu me irrita muito de vez em quando, velho.
-É...
-Por que, na real, mesmo, tu fica metendo essa banca de senhor de si, de que não acredita em nada, que não tem medo de nada, mas isso é uma puta de uma desculpa pra não precisar se entregar de verdade pra nada. Agora tu tá nessa de "não sei, não pode, não acho", isso aí é bobagem, velho. Sabe quanta gente queria tá no teu lugar? Com esse mesmo tipo de perspectiva?
-Não. Não conheço números confiáveis a respeito da quantidade de masoquistas do mundo, hoje.
-Cala a boca, que masoquismo, velho? Que masoquismo? Por que tu não tem certeza? Por que tu não sabe se é recíproco, se é de verdade? Olha, vai ser como tiver que ser, sabe? Essas coisas são assim, mesmo. Se tu não sabe, se tu chegou a acreditar que fosse, e de repente, já não tem mais tanta certeza, sai dessa, aproveita as tuas férias, vai fazer outra coisa, quebrar as canelas de alguém lá no Marinha fingindo que é futebol, correr no Gasômetro, ver um jogo do Gauchão, vai no cinema ver um dos indicados ao Oscar, vai cortar esse cabelo, aparar essa barba de mendigo, terminar de ler teu livro sobre Hiroshima e Nagasaki, ou o Homem-Aranha: Ruas de Fogo, que tu catou no sebo, vai jogar assassin's Creed Brotherhood, FIFA 2011, ou aquela porra daquele God Of War que tá pegando poeira embaixo da TV nova que tu vai passar o ano inteiro pagando, vai jogar RPG com os teus amigos, ou brincar com o teu cachorro na praça, faz qualquer uma dessas coisas já que tu parece não ter certeza de nada, nunca.
-Tem razão... Pode ser isso, mesmo. Valeu, tchê. Só duas coisas: Não são as coisas das quais eu não tenho certeza que me incomodam. São aquelas das quais eu tenho. Quanto ao jogo... Vou jogar Assassin's Creed, talvez FIFA. Deixa o God of War pegar poeira mais um tempo.

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