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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Resenha Cinema: Bravura Indômita


Eu nunca vi o Bravura Indômita original, de 1969, estrelado por John Wayne, e que rendeu a caubói mal-encarado seu único Oscar, de melhor ator. Também nunca li o livro que deu origem ao filme, ou o folhetin de revista que deu origem ao livro, logo, não sei como o Bravura Indômita de 2010, levado às telas pelos irmãos Cohen (Dos ótimos Fargo e Onde os Fracos Não Têm Vez) funciona enquanto remake, o que eu sei é qe, enquanto faroeste desconstrutivista, ele funciona à perfeição.
Desconstrutivista por que, á exemplo de outros clássicos do gênero como o brilhante Os Imperdoáveis de Clint Eastwood, esse Bravura Indômita não alivia nenhum dos mitos do velho oeste, e não leva livre nem a figura de seu herói, o Reuben "Rooster" Cogburn brilhantemente vivido por Jeff Bridges, pra se ter uma ideia, na primeira aparição do herói, ele está trancado na latrina proclamando em alto e bom som com sua fala arrastada e pesado sotaque que seu intestino não funciona como um relógio.
No filme, a jovem e verborrágica Mattie Ross (Hailee Steinfeld, excelente!) viaja até Fort Smith, Arkansas, para recuperar o corpo do pai, assassinado por um funcionário bêbado, Tom Chaney (Josh Brolin, coadjuvante de luxo.). A jovem Mattie descobre, também, que o assassino escapou, e dirigiu-se a território indígena, fora da jurisdição do xerife local. Sedenta por justiça para seu pai morto, resta a Mattie apenas tentar encontrar um xerife federal que tope caçar o bandido. Aí entra Cogburn, um velho "marshall" conhecido por ter uma lista de mortes muito mais longa do que a de prisões, e pela sua crueldade para com aqueles que cruzam seu caminho.
Além da improvável dupla, junta-se a caçada LaBoeuf, (Matt Damon) afetado ranger texano que também caça Chaney, procurado no Texas pelas mortes de um senador e seu cachorro. LaBoeuf, com sua roupa repleta de franjas, esporas barulhentas e voz anasalada, escapa de ser um personagem cômico por conta da interpretação de Damon, que é ótima, e do prisma escolhido pelos diretores pra contar a história, onde há lugar para humor, sim (Lá está o urso curandeiro, que não me deixa mentir), mas não às custas de seus protagonistas, que são os responsáveis pelos melhores momentos do filme.
É com essa toada que os Cohen contam um western que beira a perfeição, com personagens falhos, cheios de defeitos, e desprovidos de idealismos holywoodianos, amargos e duros, como o terreno que eles percorrem em sua caçada.

"-Senhor Cogburn, em seus quatro anos como xerife federal, em quantos homens o senhor atirou?
-Atirei, ou matei?
-Vamos nos resringir a mortes para termos um número mais palpável.
-Doze, ou quinze...
-Doze ou quinze... Foram tantos que o senhor nem sequer é capaz de lembrar. Bem, eu tenho um relatório acurado, aqui.
-Bem, nesse caso, acredito que contando os garotos Walthon, foram vinte e três."

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