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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Acaso



Terça-feira... Ele saiu do trabalho, foi ao shopping e parou no guichê do cinema.
-Oi, tem pré-estréia do Homem de Ferro 3 essa semana?
-Tem quinta, bom, na verdade sexta... É à meia-noite e um. - Respondeu a menina, olhando o computador.
-Hmmm... - Ele fez, olhando pra cima.
-Tu prefere 3D ou convencional? - Perguntou a mocinha do balcão, sorridente.
-Não tenho preferência, na verdade... Pode ser convencional. - Ele respondeu dando de ombros.
-Convencional é dublado, 3D é legendado. - Ela disse.
-3D, então. - Ele respondeu de pronto.
-Lugares disponíveis em verde. - Ela anunciou enquanto o esquema dos lugares do cinema aparecia na tela virada pra ele.
Ele examinou a tela por alguns momentos, então, após um rápido escrutínio, anunciou:
-Vou querer a 14 e a 15 na fila Q.
-Quatorze e quinze na Q... - A mocinha disse enquanto movia o mouse do seu terminal.
Mas ele caiu em si e disse:
-Não!... Não... Só a quinze.
-Só a quinze, então... -Disse a menina, movendo o mouse novamente.
Ele ficou ali pensando, em como fora um reflexo natural pensar em comprar o ingresso dela, também. Nas duas últimas vezes em que fora à uma grande estréia de filme de super-herói, ela estivera com ele. Era apenas natural pensar que ela estaria lá ao seu lado quando o logo da Marvel aparecesse na tela grande.
Ver esses filmes em pré-estréia, cheio de nerds ao seu redor era das melhores coisas da vida, pra ele. Assim como ela era.
Assim como era o amor genuíno que ele sentia por ela.
Na hora de fazer coisas boas, ele sempre colocava ela nos seus planos. Instintivamente.
Jogar RPG? Não esqueça a ficha do personagem dela...
Comprar encadernado novo? Saber se ela já leu aquele...
Comprar ingresso antecipado pra pré-estréia de filme de super-herói? Comprar o dela, também...
Mas ela não estava mais ali... E ele tinha que se habituar.
A moça entregou o bilhete pra ele. Ele o apanhou e olhou. Lembrou-se da posição das poltronas... Dezesseis a vinte e dois estavam ocupadas. Treze, quatorze e quinze, livres.
Voltou até a moça do guichê:
-Desculpa, tu pode trocar pra mim? Pela 14 na mesma fila?
-Claro. - Suspirou a menina.
Ele pegaria o assento quatorze... O quinze, ao seu lado, estaria livre. Talvez, apenas talvez, o acaso conspirasse a seu favor, por uma vez, e ela compraria aquele ingresso. Quinze, na fileira Q, o acaso os acomodaria sentados lado a lado, como era pra ser...
Na quinta, cheio de expectativa, ele foi lá,mas quem sentou ao seu lado foi um outro sujeito sozinho como ele.
Ás vezes não dá pra contar com o acaso.

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