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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Resenha Cinema: 47 Ronins


Quando vi os trailers e as primeiras imagens de 47 Ronins na internet, logo pensei: "Porcaria da grossa".
Sejamos francos, ninguém espera que um filme que mistura a história tradicional do Japão com elementos de fantasia falado em inglês e com um herói norte-americano estrategicamente infiltrado vá dar em grande coisa, né?
Se fui assistir ao filme na sexta-feira da estréia foi muito mais por força do voto de ir assistir a ao menos um filme por semana no cinema e pelo minguado calendário de lançamentos desse final de janeiro.
A fita de estréia de Carl Rinsch, que até 47 Ronins tinha feito apenas curtas, conta a história de Kai (Keanu Reeves, com a falta de expressão peculiar), um jovem mestiço encontrado na floresta por lorde Asano (Min Tanaka), senhor de Ako, joia japonesa do período do xogunato.
Contrariando os apelos de seus samurais, lorde Asano leva Kai para viver entre sua família e seu povo, onde ele cresce próximo à filha do senhor, Mika (Kô Shibasaki), mas sendo desprezado e brutalizado pelos samurai, que o veem como um sinal de azar.
Anos mais tarde, durante a visita do Xogun Tsunayoshi (Cary-Horoyuki Tagawa), lorde Asano prepara um torneio para honrar o governante, mas durante as celebrações, lorde Kira de Nagato (Tadanobu Asano, de Thor), trama com sua feiticeira (Rinko Kikushi) para tomar Ako para si, e desposar Mika.
Usando os poderes da bruxa, lorde Kira consegue fazer com que lorde Asano ataque seu hóspede, caindo em desgraça, e sendo condenado a realizar o ritual suicídio do seppuku para morrer com sua honra.
Com a morte de Asano, e Mika sendo prometida pelo xogum a Kira, Ôishi (Hiroyuki Sanada), líder dos samurais de Ako é aprisionado, Kai exilado, e os guerreiros a serviço do clã Asano, dispersos.
Um ano depois, Ôishi é libertado, e parte em busca de vingança contra Kira ao lado de Kai e de seus companheiros, reduzidos a 47 samurais sem mestre. 47 Ronins. Em um caminho turbulento onde a única certeza, muito além de vitória ou derrota, é a morte.
É maneiro, o filme.
Talvez por ter expectativas abaixo de zero com relação ao longa, 47 Ronins foi um programa muito menos indigesto do que se poderia esperar. Com algumas sequências de ação bastante interessantes, efeitos visuais maneiros e atuações bem-intencionadas de todo o elenco, o longa consegue se equilibrar e levar a audiência interessada até o final da trama a despeito da falta de acuro histórico e das liberdades criativas no roteiro de Chris Morgan e Hossein Amini.
Talvez o grande defeito de 47 Ronins seja a rápida resolução de embates que se prometiam grandiosos. A presença de piratas, dragões, guerreiros/monge/demônios, alces-monstro de oito olhos, gigantes e samurais lovecraftianos não tira o foco do filme da missão dos samurais em desgraça, o romance de Kai e Mika é meio morno, mas tem sua razão de ser assim, já que Mika é uma tradicional donzela nipônica e Kai um pária. Mesmo a presença de Kai, além de servir de trampolim para a tradicional história de amor proibido, e pra dar uma amenizada na repulsa dos estado unidenses a um longa cheio de japas também acaba sendo um elemento interessante para mostrar a queda do status dos samurais após tornarem-se ronins, o que fica claro conforme o tratamento deles com relação ao mestiço muda no decorrer da trama.
Cheio de boas intenções, belos cenários e direção de arte caprichada 47 Ronins pode não ser um grande filme, mas merecia melhor sorte do que o naufrágio que sofreu nas bilheterias dos EUA.
Assista sem preconceitos e divirta-se. Vale o ingresso.

"-Eu vou com você, mas se voltar a se ajoelhar diante de Kira, corto sua cabeça."

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