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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Resenha Cinema: Trapaça


Se existe algo pra se falar de mal sobre o diretor David O. Russel, certamente não deve ser sobre a sua direção de atores.
De seus últimos três filmes, sujeito colocou nada menos do que onze atores na briga por estatuetas, e mesmo antes da maré iniciada com O Vencedor, e seguida por O Lado Bom da Vida e esse Trapaça, ele já havia arrumado boas atuações e elogios para George Clooney e o mono expressivo Mark Wahlberg por Três Reis, e comandado show de Dustin Hoffman e Lilly Tomlim em Huckabees.
Christian Bale foi premiado por O Vencedor, Jennifer Lawrence levou por O Lado Bom da Vida, e além dela, também foram indicados Bradley Cooper, Amy Adams e Robert De Niro. Não é de se estranhar, então, que o cineasta tenha conseguido trazer todo esse povo de volta pra Trapaça.
O filme, escrito por Eric Warren Singer e o próprio Russel conta, de forma ficcionalizada, a história da operação Abscam, engendrada pelo FBI nos anos setenta, logo após o escândalo Watergate, para apanhar congressistas norte-americanos corruptos com a boca na botija.
Os federais criaram um xeque árabe falso, uma grande companhia de mentira e pegaram diversos políticos no flagra.
A verdadeira operação Abscam foi organizada com o auxílio de Melvin Weinberg, um golpista de carreira que foi cooptado pela justiça para prestar consultoria na arte de enganar os outros.
No filme, conhecemos Irving Rosenfeld (Christian Bale), golpista de carreira que ao lado de sua amante Sidney Prosser, também conhecida como Lady Edith Greenly (Amy Adams), organiza esquemas fraudulentos de empréstimos, vende obras de arte falsas e mantém até alguns negócios legítimos.
Sua vida dupla de homem de negócios legítimo e trapaceiro profissional, amante de Sidney, porém, vai por água abaixo quando eles são encurralados pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper), um ambicioso federal que quer fazer sua fama e galgar os degraus do bureau através de operações que o levem até os peixes graúdos da política.
Irving e Sidney se veem obrigados a entrar na dança, e ajudarem DiMaso a armar uma arapuca visando o populista prefeito de Candem, Nova Jérsei, Carmine Polito (Jeremy Renner), envolvido com a reconstrução de Atlantic City, e cheio de conexões mafiosas da pesada.
Como se não tivesse o suficiente em seu prato, Irving ainda precisa lidar com sua esposa Rosalyn (Jennifer Lawrence), uma bomba relógio passivo-agressiva completamente imprevisível que pode colocar toda a operação a perder e a vida dos envolvidos em risco.
É muito bom. Trapaça é cheio de reviravoltas e golpes aplicados de parte à parte, a direção é segura e o roteiro é sólido, mas o espetáculo de Trapaça, fica mesmo por conta do elenco.
Bradley Cooper e Jeremy Renner convencem como o bunda-mole que quer ser um agente fodelão do FBI e o prefeito ítalo-americano de bom coração, mas que é sujo de nascença, Amy Adams está hipnótica como a mulher que sai do lixo e deseja, de qualquer maneira, ser mais do que é, e há, ainda, uma ponta interessante de Robert De Niro como um mafioso casca-grossa (com um penteado bizarro, igualzinho ao resto do elenco).
Capítulo à parte no longa, porém, merecem Christian Bale e Jennifer Lawrence.
A atriz de vinte e poucos anos incorporou trejeitos de Melissa Leo em O Vencedor de uma maneira violenta, formulando uma Rosalyn Rosenfeld repulsiva e magnética na mesma medida. É, fácil, uma das melhores atrizes em atividade no cinema americano, hoje.
Já Bale, reconhecido por suas assustadoras transformações físicas (O Vencedor, O Operário, Batman Begins...) agrega mais uma ao repertório e ganha uma pança e uma reluzente careca coberta com um comb-over tão feio quanto elaborado pra dar físico à sua atuação serena e madura do trapaceiro-mestre Irving.
Bom filme, divertido quando é pra ser divertido, tenso nos momentos que pedem tensão, show de um elenco acima da média trabalhando com um diretor que sabe tirar o melhor de seus atores. Programaço.
Assista no cinema, vale demais a pena.

"-Ás vezes, tudo o que temos na vida são escolhas fodidas e venenosas."

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