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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Resenha Cinema: Magia ao Luar


Jurava que ontem era dia de assistir Scarlett Johansson chutar bundas em Lucy, mais recente extravagância cinematográfica de Luc Besson, mas, ao chegar ao cinema, me deparei com o pôster de Magia ao Luar, e, ainda que não soubesse nada a respeito do filme, o elenco interessante, com Colin Firth e Emma Stone, ergueram minhas orelhas, especialmente porque, logo ali embaixo, estava o nome de Woody Allen.
Embora o diretor norte-americano não agrade todo mundo, nos últimos anos tenho assistido apenas ótimos filmes dele, e ainda me remoía por não ter ido ao cinema ver Blue Jasmine, de modo que a comédia romântica que o pôster sugeria, podia ser uma boa forma de me redimir e passar 97 minutos agradáveis.
Dito e feito.
No longa conhecemos Stanley Crawford (Firth), um ilusionista britânico de grande sucesso que viaja o mundo num espetáculo onde encarna Wei Ling Soo, um misterioso mago do extremo oriente (Com direito a maquiagem clichê completa com bigode longo, touca simulando careca e olhos puxados).
A despeito de ganhar a vida com mágica, Stanley é um homem da razão. Um incréu misantropo niilista e cínico para quem tudo deve ser provado por A mais B.
Logo, ele é a escolha ideal para seu amigo Howard (Simon McBurney), também um ilusionista e amigo de infância, que está tentando ajudar um casal próximo com um problema. O psicanalista George (Jeremy Shamos) teme que a mãe e o irmão de sua esposa, Caroline (Erica Leershen), estejam sendo vítimas de um golpe.
Ambos acolheram uma jovem que afirma possuir poderes paranormais, após sucessivas demonstrações dos dons da jovem, enquanto a matriarca Grace (Jacki Weaver) planeja usar a fortuna da família para financiar um centro para a jovem ensinar seu dom ao mundo, o filho Bryce (Hamish Linklater) deseja se casar com ela.
George e Caroline chamaram Howard para descobrir o que havia por trás dos "poderes" da jovem, Howard, porém, confessou ser incapaz de encontrar falhas nas demonstrações dela, mas, Stanley, um ilusionista de grande calibre, deveria ser capaz de fazê-lo.
Intrigado e ansioso por expôr a charlatã, Stanley aceita a proposta do amigo, e parte para a Riviera Francesa.
Lá, ele conhece a bela Sophie (Emma Stone) e sua mãe (Marcia Gay-Harden), e se põe a preparar o ardil para desmascará-las. Mas enquanto é confrontado com os dons da jovem sem ser capaz de explicá-los, Stanley se vê diante de um dilema que considerava impensável:
E se ela for, de fato, o artigo genuíno?
É muito bacana.
Muito mais próximo do clima agridoce de Tudo Pode dar Certo do que do cinismo pleno da tragédia de Blue Jasmine, Magia ao Luar traz todos os truques do baralho de Allen em uma experiência das mais agradáveis.
Com a trilha sonora cheia de jazz, a luz morna na fotografia e boas performances do elenco, Allen se dá bem com seu alter-ego, um Colin Firth exalando cinismo e uma boa dose de auto-indulgência e neurose controlada, bem superior a Jason Biggs e Owen Wilson (Embora meu favorito ainda seja Larry David), mas especialmente na mocinha.
Longe do talento quase aflitivo de Cate Blanchett ou das curvas deliciosas de Scarlett Johansson, Emma Stone tem um espetacular tempo de comédia, e uma doçura inerente que a tornam perfeita para o papel de Sophie.
Com seus enormes olhos verdes encarando o infinito durante seus acessos de vibração mediúnica, ela faz rir de imediato, e sorrindo ao comer pêssegos à luz do sol poente na Riviera Francesa, faz suspirar.
Esse par romântico absolutamente desparelho (Firth podia ser pai de Emma Stone) funciona que é uma beleza no libelo de um Woody Allen que está claramente envelhecendo, e embora veja na beleza juvenil de Emma Stone uma fagulha de esperança na magia, tem na carranca pretensiosa e esnobe de Firth os pés bem firmes no chão.
É bom envelhecer assim.

"-Você nasce, não comete nenhum crime, e então é sentenciado à morte."

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