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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Ainda Assim...


Acorda de madrugada. A garganta dói.
Arranha tanto que parece as paredes da casa do Wolverine. Tem a sensação de que a mucosa do céu da boca descolou. Também dói. Tenta suspirar, mas o ar não passa pelas narinas. Óbvio que o céu da boca dói. O nariz tampado o obrigou a respirar pela boca. Imagina se os vizinhos do quarto andar ouviram seus roncos. Supõe que sim.
Senta na cama. A barriga reclama. Não é fome. É dor muscular. Decorrente da tosse. Calça as pantufas para ir ao banheiro, esbarra na banqueta coberta de lenços de papel ranhentos amassados. Anda até o banheiro. Cada passo reverbera na cabeça.
Nevralgia da grossa.
Abre a porta do banheiro, o ar que encana da janela basculante parece importado sem escalas de Hoth, o planeta de gelo de Star Wars.
"Está tão frio assim ou estou com febre?".
Vai fazer xixi. Tem a impressão de que o castraram durante o sono, de tão encolhido que está o pênis.
"Estou com febre.".
Olha pra baixo enquanto a urina sai do acanhado membro.
"Definitivamente com febre.".
Dá descarga, lava as mãos. A água o açoita gélida. Bochecha um bocado de água para aliviar a dor no céu da boca. Tiritando de frio.
Seca as mãos. Apaga a luz. Fecha a porta. Corre pro quarto.
Esbarra no banquinho, derrubando mais lenços amassados. Pinga um par de gostas nasais em cada narina, assoa o nariz com vontade. Tira as pantufas, ajeita as meias. Deita, se cobre ligeiro, abafado até o pescoço.
Antes de adormecer de novo pensa:
"Ainda assim... Mil vezes melhor do que o verão.".

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