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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Resenha DVD: Caçadores de Emoção: Além do Limite


Em 1991, foi lançado Caçadores de Emoção, um filme policial de ação e esportes radicais que se tornou extremamente cultuado entre os fãs do gênero e fez críticos de cinema coçarem a cabeça se perguntando o que é que aquele filme tinha demais?
Pra ser bem franco, eu também não sei.
Talvez fosse o fato de história de Johnny Utah (Keanu Reeves) um jovem agente do FBI infiltrando-se num grupo de surfistas ladrões de bancos liderados por Bodhi (Patrick Swayze) mesmo sem ser um filme de grandes luzes, estar na (alta) média dos filmes de ação da época, que contavam com Máquina Mortífera, Duro de Matar e outras boas produções do gênero. Talvez fosse o fato de o filme mostrar, mesmo que sem intenção, um novo movimento na cultura dos EUA, com os yuppies oitentistas sendo substituídos pelos grunges curtidores da geração que fez a transição entre os X e os millenials... Sei lá.
O que não se pode negar é que, com ação conduzida por Kathryn Bigelow (uma mulher com mais colhões que a maioria dos diretores de ação da nova geração), Caçadores de Emoção era um filme divertido, empolgante com um elenco maneiro e diversas sequências de ação inspiradíssimas, de modo que a mim não surpreende que o filme seja, ainda hoje, uma referência (conforme vimos em Os Vingadores e Chumbo Grosso).
Outra coisa que infelizmente não me surpreende é que Caçadores de Emoção tenha ganhado um remake.
Todos os filmes de grande orçamento nos cinemas atualmente são remakes, adaptações, releituras ou continuações, e praticamente todos os filmes dos anos 80/90 que tiveram alguma notoriedade entraram no grupo. Máquina Mortífera rendeu quatro longas (e eu adoro todos) e agora vai ser série de TV, Duro de Matar vai ganhar sua quinta sequência, o Exterminador do Futuro ganhou sequências, remakes, prequels e até misturas de tudo isso. Porque é que o Caçadores de Emoção (que foi descaradamente copiado em Velozes & Furiosos) ficaria de fora?
De qualquer forma, eu não levei fé suficiente no filme para arriscar assistir no cinema. Mas no final de semana aluguei o DVD para ver se era tão ruim quanto eu achei que seria.
No longa conhecemos Johnny Utah (Luke Bracey), um jovem praticante de esportes radicais que, após uma tragédia, abandona o mundo extremo e resolve ser agente do FBI.
Quando dois espetaculares roubos realizados com técnicas de esportes radicais (base jumping do centésimo andar de um prédio com motocicletas e paraquedismo para dentro de uma das maiores cavernas verticais do mundo), Johnny percebe um padrão.
Somando dois mais dois, Utah chega à conclusão de que os bandidos são esportistas radicais em busca de realizar um circuito extremo conhecido como Os Oito de Osaki entre um crime e o próximo, e leva a informação ao seu superior, o instrutor Hall (Delroy Lindo).
Ninguém no FBI leva a teoria de Johnny a sério, mas Hall vê méritos na ideia, e incumbe o rapaz de ir até o local onde o próximo desafio de Ozaki poderá ser cumprido, a costa francesa, onde um evento geológico está causando ondas gigantes, e tentar encontrar pistas do grupo de facínoras.
Com a ajuda do agente Pappas (Ray Winstone), Utah chega à costa da França bem a tempo de encontrar um grupo de jovens sarados aproveitando o surfe nas gloriosas ondas.
Tentando se enturmar, Utah acaba engolido por uma onda de mais de vinte metros, mas é salvo por Bodhi (Édgar Ramirez).
Não tarda para Utah se juntar a Bodhi e seus amigos na busca pelo desafio de Osaki, fazendo snow board pelos alpes, ou atravessando cânions com wingsuit Também não demora para ele se envolver com a gostosinha da galera, Samsara (Teresa Palmer), e logo considerar o grupo um tipo de família.
Ao menos até ele ter certeza de que Bodhi e companhia são os responsáveis pelos crimes que ele investiga e ser forçado a perseguir seus novos amigos.
Caçadores de Emoção: Além do Limite é ainda pior do que eu imaginava.
O longa de Ericson Core consegue a proeza de ter todos os defeitos do filme original e nenhuma das qualidades.
Para substituir Keanu Reeves no papel principal, encontraram um ator tão inexpressivo quanto, mas sem um décimo do carisma.
Luke Bracey é sofrível, e convence como agente do FBI tanto quanto Channing Tatum e Jonah Hill convencem como alunos do ensino médio, o problema é que ele não está fazendo piada.
Édgar Ramirez, por sua vez, sabe atuar, mas é impossível ser crível disparando diálogos como os contidos no roteiro de Kurt Wimmer, que faz com que todos os personagens pareçam estar permanentemente chapados vomitando bobageira pseudo-filosófica new age. Delroy Lindo e Ray Winstone parecem estar no piloto automático, enquanto Teresa Palmer tem um papel simplesmente constrangedor.
As relações entre os personagens são mais artificiais do que Ki-Suco de groselha, e a conexão entre Utah e o grupo de Bodhi é tão forçada que chega a ser embaraçosa.
Pra piorar, o que poderia ser o ponto alto do filme, as sequências de esportes radicais e ação, são picotadas em uma edição incompetente, e parecem comercial de isotônico ou anúncio do canal OFF.
Com atuações canhestras, mau roteiro e direção amadora o único limite que o novo Caçadores de Emoção ultrapassa é o do bom senso. Se os executivos de Hollywood tivessem algum, essa porcaria jamais teria sido lançada nos cinemas.

"-Te vejo em breve, irmão"

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