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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Amanhã?


E quem sabe o que virá amanhã?
Ele certamente não sabia. E, pra ser o mais honesto possível, ele nem sequer ligava muito. Ele não ligava pro amanhã. Também não era um desses pseudointelectuais new age que vivem o hoje da maneira mais intensa possível. Não. Ele era uma pessoa normal, com preocupações normais, mundanas, até rasteiras.
Ele podia, vez que outra se preocupar com o futuro do conflito Árabe/ Israelense, com as guerras tribais da África continental. Ele podia, de vez em quando, sentir os olhos marejados ao imaginar um urso polar morrendo de cansaço e fome após nadar por quilometros a fio sem encontrar lugar para parar por conta do aquecimento global, ele se preocupava com o aquecimento global, comprara uma sacola ecológica que seguia esquecendo em casa, ele tinha opinião formada sobre quase tudo, e queria saber tudo, ou o máximo possível, mas a verdade é que suas preocupações de verdade eram rasas e imediatas no contexto global, mas profundas feito a trincheira Mariana no seu microcosmo.
Ele se preocupava hoje com suas responsabilidades de hoje, e amanhã com as de amanhã,, atendia á elas com devoção, aproveitando o que de bom se pudesse colher de sua rotina que, se não era perfeita, também estava longe de ser um malefício insuportável.
Mas havia ela. Ela, que o cativara com amizade, com palavras, com silêncios... Ele se entregou por completo já quando se conheceram, terminou com um relacionamento de longa duração por causa dela, sem nenhum tipo de promessa de nada além de amizade, apenas por saber que, se sentia daquela maneira por causa dela sendo apenas sua amiga, seu relacionamento não tinha nenhuma chance.
Ele seguiu sendo amigo dela, houveram idas, houveram vindas, voltas e solavancos, mas ele não podia, e, de novo, nem queria, apagá-la de sua vida.
Ele tomou atitudes das quais não se orgulhava, disse coisas das quais se arrependeu, mas no final das contas haviam coisas, pequenas coisas, que sempre permaneciam, e ganhavam novas dimensões em seu microcosmo.
O sorriso dela, por exemplo. Não esses sorrisos de propaganda de colgate, não, um sorriso natural, perfeito em suas particularidades. O modo como a pele se franzia de leve sob seus olhos e sobre o nariz, os lábios se contraindo. Sim, o sorriso era uma dessas coisas. O silêncio antes de ela rir, ou dizer algo que parecia não ter sentido algum, mas só parecia. Vai saber, talvez ele visse sentido onde não existia. Mas, que diabos. Por que isso seria ruim, certo?
Apenas pensando nela ele se preocupava, de fato, com o amanhã. Em como estariam amanhã. Ela, sem dúvida estaria linda, adorável, transcendental. Será que haveria espaço pra ele no amanhã dela? Será que o amanhã dele poderia cruzar os caminhos de ambos? Ele não sabia. Mas isso, ele, no fundo, até que gostaria de saber.

Um comentário:

  1. Gostei!
    Estou esperando o que acontecerá com esse rapaz e essa moça... será que terão um final feliz???

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