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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Resenha Cinema: Um Novo Despertar


Mel Gibson é maluco. Todo mundo sabe que ele é maluco. Até a violinista russa que casou com ele e estranhou quando apanhou e foi ameaçada por telefone devia saber que ele não batia bem da cacholeta quando se casou com ele. Em seu primeiro papel de destaque ele era Mad Max. Ele interpretou o psicopata do bem Martin Riggs na série Máquina Mortífera, Ele ousou dirigir filmes falados em línguas mortas. Mel Gibson sempre é um maluco convincente. E, mesmo sendo doido, tanto na frente das câmeras, quanto atrás delas, quanto na sua vida pessoal, ele ainda é uma persona cinematográfica com estofo suficiente pra segurar um filme nas costas, pois mesmo fazendo quase sempre a mesma coisa, ainda é, sim, um ator acima da média.
Então, nada mais natural que, na hora de dirigir um filme sobre um sujeito com problemas mentais, Jodie Foster, amiga de Mel desde a época do divertido faroeste Maverick, recorresse ao bom maluco do cinemão hollywoodiano.
No longa, vemos a história de Walter Black (Gibson, ótimo.), pai de família, presidente de uma fábrica de brinquedos, que mergulha em uma profunda crise de depressão. Walter tenta todos os artifícios à sua disposição em busca de uma cura, mas nada dá certo. E Walter se flagra um zumbi vivendo à base de anti-depressivos e dormindo o tempo todo. O resto da família de Walter não vai muito melhor. Sua esposa, Meredith (Jodie Foster, sempre muito bem, apesar de discreta.), não suporta mais a letargia do marido, e vive em tele-conferências com clientes asiáticos de madrugada. O filho mais velho, Porter (um surpreendente Anton "Pavel Chekov" Yelchin), afasta-se o máximo que pode do pai enfermo enquanto junta dinheiro fazendo trabalhos escolares para os colegas. E o filho mas jovem, Henry(Riley Thomas Stewart, fofo sem ser chato), é incapaz de se relacionar com qualquer pessoa.
Após ser mandado embora por Meredith, Walter se vê á beira do suicídio, mas acaba impedido de consumar o ato após encontrar um fantoche de castor, o "The Beaver" do título original. Walter acorda de sua mal fadada tentativa de suicídio sendo chamado pelo animal de pelúcia (As cenas em que Gibson dialoga com o fantoche, que fala com um pesado sotaque de Geordie Boy britânico são geniais, e mostram que ator o Mad Mel pode ser.), que lhe propõe uma mudança.
Com o brinquedo atrelado ao seu braço esquerdo, Walter parece renascer, ele reencontra a vida, e a abraça. Ele se relaciona com o filho Henry, com Meredith, retoma as rédeas de sua empresa, e se torna uma pessoa melhor, mas até que ponto o "fantoche prescrito" de Walter pode levá-lo sem que ele precise usar as próprias pernas?
O filme é ótimo,a direção de Foster, sem arroubos, dá espaço para o elenco (que ainda conta coma oscarizável Jennifer Lawrence e Cherry Jones) trabalhar, e trabalhar bem, mas não vai, de maneira nenhuma, ser um sucesso de bilheteria.
Ontem, no cinema, haviam pouco mais de dez pessoas na sala de exibição para o filme, e o casal atrás de mim, pareceu desapontado pelo fato de um filme não ser uma comédia (Uma dica, retardados, procurem o gênero do filme no jornal, na internet, na casa da mãe de vocês, e na próxima vez escolham um lugar mais apropriado pra conversar, tipo, uma biblioteca ou um hospital.).
Um Novo Despertar também não vai fazer sucesso pois, apesar da delicadeza de Foster em lidar com um tema espinhoso como a depressão e as relações interpessoais que a doença afeta, o longa é pesado, e mesmo sabendo rir de si mesmo (há sequências cômicas ótimas), ainda é um drama denso que embora muito competente, não agrada à todas as platéias. Jodie Foster e Mel Gibson podem não obter um mega retorno financeiro com Um Novo Despertar, mas ela obtém uma estrelinha dourada na sua produção como cineasta, e ele mostra que, além de um maluco com presença e carisma, também é um tremendo ator.

"Olá. Esta pessoa está sob os cuidados de um fantoche prescrito. Por favor, trate-a como você normalmente faria, mas dirija-se ao fantoche."

5 comentários:

  1. Amei!!! Acho que tentarei ver esse! Despois dessa propaganda, me interessei bastante!!!
    Ah, levarei cartazes, pros retardados... hahaha

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  2. Cartazes ou um martelo... Eu devia ter levado um martelo.

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  3. Ótima resenha!
    Estou baixando o filme ansiosa por assistir!!!
    Que tipo de idiota acha que um filme que fala de um homem com crise de meia idade que precisa de apoio de um fantoche, poderia ser comédia?!! De qualquer forma, basta ler o gênero néam? ¬¬'

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  4. Só uma dica:
    Suas resenhas são excelentes, mas meio difícil de serem encontradas (dentro do seu próprio blog)
    Seria legal se você colocasse uma caixinha de pequisa para os leitores buscarem outras novas resenhas. Vi que usa tags nos seus posts, então seria legal usar um gadget de tags para facilitar também... (Desculpe se estiver sendo inconveniente, é que sou blogueira também e além disso sou web designer, daí fico com essa mania de "consertar" o blog alheio... hehe
    Bom, de qualquer forma parabéns e desculpe o incômodo. Sucesso!

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  5. Não, imagina, inconveniente nenhum, Nikita, vou dar uma olhada nos gadgets e ver se encontro isso, obrigado, e sucesso pra ti, também.

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