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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Resenha Cinema: Gigantes de Aço


Se existe um brucutu desvalorizado no cinema, meus amigos, esse brucutu é Sylvester Stallone.
OK, alguém argumentará que ele faturou milhões de dólares nos anos oitenta, e que inclusive tem um Oscar em casa por conta do roteiro de Rocky - Um Lutador, de 1976. OK, verdade. Mas também não podemos esquecer que Sly ainda é uma persona cinematográfica com mais a oferecer do que o freak show pra macho de Os Mercenários. Stallone criou Rocky Balboa, talvez o grande personagem de dramas esportivos do cinema pipoca, ele deu voz e cara a um Rambo que ficou muito maior que o personagem do livro onde foi concebido e ganhou uma sobrevida que já dura quase trinta anos e três filmes com um quarto ensaiando pra surgir. Ele protagonizou filmaços pipoca como O Demolidor, Tango e Cash, Daylight, Falcão - O Campeão dos Campeões, e Cobra... OK, ele fez muita porcaria, também, mas vamos lá, até De Niro e Pacino fazem porcaria pra caramba...
De qualquer forma, eu abri falando de Sylvester Stallone, porque o Sly é, certamente a referência mais óbvia de Gigantes de Aço, filme dirigido por Shaw Levy, egresso de comédias pra toda a família estreladas por Ben Stiller, e estrelado pelo Wolverine Hugh Jackman.
Gigantes de aço se passa em 2020. Com o fim do boxe humano, banido por não ter mais condições de satisfazer uma platéia sedenta de sangue e acostumada aos massacres do MMA, sem colocar a vida dos atletas em risco, surge um esporte muito mais brutal, porém, inofensivo:
O boxe entre robôs.
As máquinas de lutar se entregam à ira de seus controladores e se destroçam em combates ferozes e violentos que se tornam a paixão do grande público e onde, a bem da verdade, ninguém se machuca.
Charlie Kenton (Jackman) é um ex-boxeador que tenta a sorte nesse novo negócio, ele e seu robô Ambush não estão nas grandes ligas profissionais, mas viaja pelo interior dos EUA tentando fazer um trocado com o seu gigante de aço, enquanto foge dos (vários) credores a quem deve. Charlie conhece o negócio, mas é impulsivo e ganancioso demais para o próprio bem.
Em uma dessas viagens Charlie perde seu robô e mais dinheiro do que possui, pra piorar, é surpreendido pela notícia da morte de sua ex-namorada. Sendo o parente vivo mais próximo, ganha a guarda do menino Max (o promissor Dakota Goyo), responsabilidade que promete repassar ao tio do garoto numa negociata após o verão que pretende passar junto do guri.
Juntos, Charlie e Max passam por algumas agruras e veem o novo robô de Charlie, Noisy Boy, reduzido à sucata. Enquanto procuram por peças em um ferro velho, Max se depara com Atom, um antigo robô sparring, que ele apanha pra si.
Atom, apesar de ser um modelo de robô obsoleto, sabe aguentar as mais violentas surras, e, com a dedicação de Max e o conhecimento de Charlie, pode se tornar mais do que um azarão de ferro-velho, e desafiar o invicto campeão Zeus em uma luta pelo título.
Viram? Temos aí o óbvio lutador azarão que pode ter uma grande chance, ou seja, Rocky Balboa, em versão de metal, em Atom. Também temos a relação conflituosa de pai e filho de Falcão - O Campeão dos Campeões, onde o amor entre genitor e rebento floresce em um ambiente violento, a parte rica da família querendo a guarda da criança, etc, etc... Enfim, Gigantes de Aço poderia se chamar "Como a influência de Sly Stallone fez de Transformers um Drama Familiar".
Brincadeiras a parte Gigante de Aço é um bom filme. Não é inovador nem de longe, na verdade é formuláico e previsível até a raíz da alma. Mas tem méritos, entre eles, possuir alma. E coração.
Hugh Jackman é carismático o suficiente pra nos fazer simpatizar com o pai canalha capaz de vender a guarda do filho, é um ator com algum estofo, capaz de convencer como perdedor ganancioso que queria uma segunda chance. O moleque, Dakota Goyo, tem muita química com Jackman, e a interação dos dois convence e até emociona em certos momentos.
O elenco de apoio tem alguns nomes reconhecíveis, como Hope Davis, Kevin Durand, Anthony Mackie e a bonitinha Evageline Lilly. No final das contas, porém, o espetáculo fica mesmo por conta dos robôs.
A fluidez das lutas dos autômatos digitais é excelente, fica difícil não se empolgar nas violentas sequências de luta onde óleo verde, porcas e parafusos voam a cada golpe desferido pelos gigantes de aço criados por Digital Domain, Giant Studios e Legacy Effects em uma mescla de efeitos práticos com modelos de tamanho natural e captura de movimentos. As ótimas sequências de ação nos fazem roer unhas e torcer por Atom, Charlie e Max. As duas horas do filme passam rapidamente, e, ao final, a gente sai com duas certezas:
Primeira, o dinheiro do ingresso foi bem gasto;
Segunda, Sylvester Stallone tem razões de sobra pra se orgulhar do seu legado.

"-Você sabe que está falando com uma máquina, não é?
-Eu sei, Eu sei!"

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