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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Retrato verdadeiro


Um motorista de ônibus perdeu o controle do veículo que dirigia, ontem após sofrer um mau súbito. O ônibus, desgovernado, bateu em vários carros e motos estacionados em frente à uma casa noturna onde acontecia um baile funk. Os frequentadores do local, entre os quais, muito provavelmente encontravam-se donos dos veículos danificados atacaram o motorista, e o espancaram até a morte.
Eu estou me referindo a carros e motocicletas de verdade, e não a carroças e cavalos. Isso não foi um episódio ocorrido na idade média, nem em algum lugarejo isolado da Ásia menor, ou da África sub-saariana.
Ocorreu ontem. Aqui no Brasil, em São Paulo. Alguém há de argumentar que baile funk na zona oeste paulista deve estar no mesmo patamar da Ásia menor ou da África sub-saariana. Não sei. Não conheço a zona oeste paulista, exceto pela fama de área violenta. Mas conheço gente muito boa de áreas violentas aqui de Porto Alegre. Não acho que o fato de ser uma área pobre tenha feito diferença pra que o caso acabasse em agressão covarde e morte. Não... Independente da classe social, uma pessoa é uma pessoa, duas pessoas são uma dupla, três um trio, quatro um quarteto, cinco um quinteto e de seis pra cima, são uma turba.
Pessoas juntas fazem coisas que pessoas sozinhas não fariam. Infelizmente, a imensa maioria.
O anonimato oferecido por uma multidão rega o que de pior cresce no âmago do ser humano. Poucos são os que teriam firmeza de propósito para ignorar os seus instintos mais primevos e se ater à civilidade. A civilidade é artificial no ser humano. Nosso estado normal é o barbarismo, como disse Robert E. Howard, e todos os dias nós temos provas disso em todos os aspectos.
Alguém dirá que não devemos nos desesperar. Argumentará que há, afinal de contas, manchas mais claras na escuridão que é a alma humana. Pelo menos em teoria... Se, no fim das contas, Darwin estava certo e nós somos apenas o megazord pilotado pelos nossos genes, isso significaria que estaríamos sempre dispostos a defender com a vida aos nossos. Claro... Eu, como pessimista que sou, como atento que estou sempre ao que há de pior, poderia, na prática, lembrar de meio dúzia de casos que põe por terra essa teoria. Entre Richtofens e Nardones e Fritzls e outros tantos capazes de barbáries que fariam Conan corar de vergonha ou ira...
Não existe escapatória. O ser humano é basicamente mau. Ruim. Estragado. Ele é mantido vagamente sob controle pela educação, em primeiríssimo lugar. Pela criação que recebe, pela sociedade em que vive, pela cultura e até pela religião, coleira máxima da raça humana. Tudo isso, porém, empalidece quando uma turba se forma. O melhor retrato da raça humana, e por "melhor" quero dizer o mais fiel, são episódios como a invasão japonesa a Nankim, ou o Holocausto, ou a chegada de Cortêz ao México.
O Homem é lobo do Homem, alguém já disse. É verdade. Mas no nosso tempo de falsa civilidade e vigilância quase total, esse lobo só ataca em alcatéias. Só um reforço à covardia que é nossa principal característica enquanto espécie.

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