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sábado, 17 de dezembro de 2011

Grande Tubarão Branco


O grande tubarão branco não evolui mais. Ele chegou ao seu ápice. É a síntese da perfeição da forma em nome da função. Do olfato apuradíssimo às arcadas dentárias múltiplas, o grande tubarão branco é tudo o que ele precisa ser para ser o senhor do seu domínio. A mais perfeita máquina de caça sub-aquática que existe nos sete mares.
Alguém poderia supor que o megalodon, o parente pré-histórico gigante dos tubarões, o branco entre eles, seria mais eficaz.
Engana-se.
Poderia meter mais medo. Especialmente em criaturas que tem noção de tamanho como as cobras e nós. Mas não seria mais eficiente. Certamente precisaria comer mais de modo a alimentar o corpanzil gigantesco e fazê-lo funcionar a contento, ou seja: Pouco prático.
Não.
O grande tubarão branco é o cara. Nós podemos simpatizar mais com outros animais, mas quem alcançou o píncaro da evolução da espécie foi ele.
Nesses dias doentes em que fiquei acamado de manhã à noite vi, sim, muitos documentários do Discovery HD Theater. E foi justamente assistindo a um sobre o tubarão que não pude deixar de me perguntar se a evolução, forma, função, etc, etc... Não eram apenas parte da coisa toda... Quer dizer, será que, além disso tudo, não há algo mais?
O meu palpite é que há, sim, um item que passa batido pra todo mundo... O grande tubarão branco não tem noção de que alcançou o apogeu da evolução... O grande tubarão branco não sabe que não tem mais no que evoluir. Ele nem sequer toma conhecimento disso quando come a perna de um surfista, ou um leão marinho ou um pneu... Ele não faz a mais remota ideia de que é o máximo que um peixe carnívoro poderia ser.
Talvez por isso o grande tubarão branco seja tão casca grossa. Ele não se deixa levar por essa fanfarronice de "zênite da evolução"... Não. Ele continua lá, com contrição de monge budista, concentração de jedi, e frieza psicopata na sua tarefa diária de comer tudo o que se mexe e sangra dentro d'água.
Se o grande tubarão branco soubesse que é o máximo, talvez ele se tornasse relapso. Talvez ele se deixasse levar pelos elogios. Talvez ele deixasse coisas importantes passarem...
Mais ou menos como o Homem.
O ser humano fez isso. Ele viu que chegou a um ponto em que pode tudo, em que acha que sabe tudo, e que o que não sabe vai descobrir, nem que seja colidindo hádrons.
O ser humano pode até ter alcançado o seu ápice, sei lá. Eu acho brabo que tenha, considerando coisas como nossas políticas econômicas, os conflitos sem sentido, o Pânico na TV, a Maria Gadú, e a matriz energética burra, mas quem sou eu pra afirmar qualquer coisa?
De qualquer forma, se o Homem chegou a seu máximo em termos de evolução, e ele teve suficiente consciência (e uma boa dose de soberba) pra, ao sacar tudo isso batizar a própria espécie de homo sapiens sapiens, ou, homem que sabe que sabe... Puxa... Eu não posso deixar de cogitar a hipótese de que, o quê estragou tudo, foi essa consciência, verdadeira, ou não, de ser o zênite, ápice, apogeu e tudo mais da evolução da espécie.
Talvez, se nós tivéssemos a impressão de que vai vir coisa melhor mais tarde, nós tentássemos parecer menos escrotos pra posteridade, talvez tentássemos ampliar o escopo das coisas boas que a humanidade é capaz de fazer ao invés de perpetuar o que fazemos de errado e doente, talvez, se não fôssemos donos de tanta sapiência, ou ao menos se não fôssemos capazes de saber que sabemos, nós poderíamos estar sendo menos cretinos uns com os outros e com o lugar onde vivemos... Ou, na pior das hipóteses, estaríamos apenas tentando comer a perna dos surfistas no nordeste...

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