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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Resenha Cinema: Os Descendentes


Alexander Payne é o diretor de ótimos filmes intimistas e divertidos que podem se classificar naquela categoria que chamamos de dramédia. Sou fã de Payne desde que ele fez Eleição, com Matthew Brodderick e Reese Whiterspon.
Ele fez, também, o ótimo As Confissões de Schmidt, de 2002, talvez o melhor trabalho recente de Jack Nicholson, e, em 2004 a pequena jóia Sideways - Entre Umas e Outras, com Paul Giamatti e Thomas Haden Church. Lá se foram alguns anos investindo na carreira de produtor e na sua tele série Hung, e finalmente Payne voltou à cadeira de diretor para este Os Descendentes, estrelado por George Clooney.
Ontem, um feriado de temperatura senegaleza em Porto Alegre, corri pro cinema munido de um refrigerante e conferi o filme.
É sansacional.
Em Os Descendentes conhecemos Matt King (Clooney), um advogado que vive no Havaí com sua esposa, Elizabeth(Patricia Hastie) e a filha Scottie (Amara Miller). Matt tem outra filha mais velha, Alexandra (Shailene Woodley), que estuda em um internato em outra ilha do arquipélago. Matt faz parte de uma família que descende da realeza havaiana o que os torna guardiões de um enorme pedaço de mata virgem e, por consequência, podre de ricos.
Ao contrário dos primos, que vivem dos dividendos dessa fortuna, Matt vive do seu trabalho, que inclui aí a venda desse enorme pedaço de paraíso à um conglomerado, negócio que renderá centenas de milhões de dólares a Matt e seus primos.
Após um acidente de barco, porém, Elizabeth entra em estado de coma profundo, o que obriga Matt a se reaproximar de suas filhas.
Conforme vai tentando conciliar a rotina de pai, que lhe é totalmente estranha, o trabalho de advogado, e o problema de saúde da esposa, Matt vai fazendo descobertas. Descobertas a respeito de suas filhas, a respeito de sua esposa e a respeito de si próprio. É, aliás, uma dessas descobertas que lança Matt em uma viagem para confrontar o fracasso de seu casamento e de sua vida pessoal como um todo.
Alexander Payne dirige o filme com suavidade e beleza. Consegue trabalhar em um tema dramático sem se entregar ao dramalhão, e intercalar momentos cômicos sem fazer pastiche enquanto mostra o lado idílico do Havaí sem cair na armadiloha do cartão postal. Claro, há um ótimo elenco segurando as pontas, Shailene Woodley está ótima, a pequena Amara Miller, também, há ainda Robert Forster, como o sogro de Matt, retratando a dor deu um pai diante do fim da filha de maneira crua e convincente. Mas o grande show é mesmo de George Clooney. Sua atuação é verdadeira, franca. Nós nos identificamos e nos preocupamos com aquele sujeito cheio de defeitos e suas camisas floreadas, e torcemos por ele em suas desventuras, seus ataques de raiva e suas lágrimas sinceras.
Os Descendentes é um tremendo filme, que pode sair de mãos abanando do Oscar, mas que certamente ganhará um lugarzinho no coração da platéia.

"Não se deixe enganar. No Havaí, mesmo os mais poderosos parecem um bando de desocupados."

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