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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Resenha Cinema: Precisamos Falar Sobre Kevin


No sábado, após perder a sessão de Millenium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, vi as opções disponíveis e resolvi encarar Precisamos Falar Sobre Kevin. Não tinha muita ideia de quê se tratava o longa metragem, resolvi encarar mais por conta do elenco, a sempre ótima Tilda Swinton e o competente John C. Reilly.
O filme mostra Eva Khatchadourian (Swinton, brilhante, desde já minha favorita ao Oscar, mesmo sem indicação), uma mulher lidando com um pesadelo vivo:
Seu filho, o Kevin do título (interpretado por três atores ao longo do filme, em ordem: Rock Duer, Jasper Newell e Ezra Miller), cometeu um daqueles massacres escolares americanos que nós nos acostumamos a ver nos noticiários, e cabe à ela a dor de lidar com a responsabilidade que sente, a culpa e o luto, além da condição de pária social.
A culpa que acomete Eva é justificável. A narrativa não linear da história mostra as dificuldades da personagem em se conectar a Kevin desde a mais tenra infância.
Eva não queria ser mãe. Não estava preparada nem era talhada para esse trabalho.
Enquanto seu marido Franklyn (Reilly, ótimo.), permissivo e deslumbrado, adora a ideia de ser pai e faz vista grossa aos deslizes do filho, Eva encara diariamente a face mais sombria de Kevin numa relação, desde sempre, caminhando para um mau fim.
As cenas em que Eva aparece quase como refém do seu rebento, então com cinco, seis anos de idade dão a tônica da relação dos dois durante toda a vida da família.
Após as cerca de duas horas da projeção, conferido o filme, fica a certeza de quê o maior mérito do longa é, mesmo, sua protagonista.
Não que a diretora, a escocesa Lynne Ramsay, estrague alguma coisa. Não, embora finesse não seja o forte da cineasta, ela não chega a atrapalhar o andamento do filme, e acerta ao apoiar seu roteiro nos ombros de Tilda Swinton, sempre um trunfo.
A atriz inglesa consegue mostrar vários aspectos desagradáveis de sua personagem e ainda assim, fazer uma protagonista que nos desperta simpatia, isso graças à sinceridade que ela empresta à sua Eva.
Ezra Miller, intérprete do Kevin adolescente também faz um bom trabalho. Se Lynne Ramsay exagera um pouco nas cores do longa (ás vezes literalmente. Nosso maior norteador de que faixa temporal estamos acompanhando é a constante presença de vermelho nos enquadramentos do presente.), Miller consegue contrabalancear a maldade óbvia de Kevin com uma familiar atitude de arrogância e rebeldia adolescente, não deixando seu personagem se tornar um "vilão" dos mais óbvios.
Precisamos Falar Sobre Kevin não é um filme muito regular, mas encontra equilíbrio no seu ótimo elenco, e sem se transformar naqueles made for TV de lágrimas fáceis, mostra um lado das tragédias que geralmente nos passa despercebidos.

"-A senhora sabe pra onde vai no pós-vida?
-Na verdade eu sei, vou direto pro inferno, fogo, enxofre danação eterna e tudo mais. Bom dia."

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