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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Resenha Cinema: Os Infratores


Eu confesso que já andava de saco cheio de ver o trailer de Os Infratores em todos os filmes que eu ia assistir no cinema. Já não suportava mais a cara de ovo do Shia LaBeouf cantando a Mia Wasikowska, o Tom Hardy grunhindo e o Guy Pearce falando com vozinha fina na inserção que andou praticamente onipresente nas salas de cinema nos últimos dois meses.
Não é menos verdade, porém, que eu fiquei muito interessado em ver o filme.
Ontem, com alguns dias de atraso, fui ao cinema assistir Os Infratores, e gostei demais.
O filme se passa em 1931... São os anos da grande depressão nos Estados Unidos. Impera a Lei Seca. No pacato condado de Franklin, Virgínia, três irmãos lucram contrabandeando uísque e conhaque artesanal destilado em seu próprio alambique.
São os irmãos Bondurant, Jack (Shia LaBeouf), Forrest (Tom Hardy) e Howard (Jason Clarke), bastante satisfeitos com sua vidinha pacata, exceto por Jack, o caçula que narra a história e sonha em ser como os grandes gangsteres de Chicago como Floyd Banner (Gary Oldman), e despreza a falta de visão dos irmãos mais velhos.
A rotina tranquila dos Bondurant, porém, acaba, com a chegada das autoridades ao condado na forma do ajudante especial Charlie Rakes (Guy Pearce), que surge para, ou conseguir uma bela fatia dos lucros da contravenção local, ou acabar de vez com ela, o que o coloca em rota de colisão com os obstinados Bondurants, levando o pacato condado à uma verdadeira guerra.
É ótimo o filme de John Hillcoat, o diretor australiano do bom A Proposta, e do excelente A Estrada, em mais uma parceria com o multi-homem Nick Cave, autor do roteiro baseado no livro The Wettest County In The World, de Matt Bondurant, neto do Jack verdadeiro.
O cineasta faz um filme de gângster em que some a figura cinematográfica do bandido simpático e charmoso como o John Dillinger de Inimigos Públicos, e do agente federal obstinado e incorruptível da estirpe de Elliot Ness em Os Intocáveis e faz um retrato distorcido do gênero, criando o agente federal corrupto e cheio de trejeitos afetados de Guy Pearce, e os mafiosos caipiras que, ou são trogloditas brucutus monossilábicos como o personagem de Hardy, ou são deslumbrados incautos como o Jack de LaBeouf, mantendo como regra apenas a violência (extremamente gráfica em varias e ótimas sequências) e a vaidade dos protagonistas, que gastam uma grana federal em roupas da moda e carrões, se penteiam e perfumam com esmero, ou apenas acreditam em sua própria lenda.
Claro, desconstrução, por si só, não basta, mas Os Infratores tem mais a oferecer.
Toda a parte técnica, com ótima fotografia, boa trilha sonora e efeitos visuais está excelente, a direção de Hillcoat é estilosa, dá o recado sem ser invasiva, e oferece aos atores espaço para trabalhar, o que faz com que a audiência se envolva com os personagens, tornando difícil não simpatizar com Forrest, o ogro blasé interpretado com serenidade por Hardy, ou não se apiedar em alguns momentos, e se irritar em outros com o coitadismo de Jack, interpretado com esmero por um Shia LaBeouf (desesperado por credibilidade artística depois de Transformers e mais Transformers) e sentir repulsa pelo excessivo Rakes de Pearce. Há ainda no elenco a bonitona e ruivíssima Jessica Chastain, no papel de Maggie Beaouford, Mia Wasikowska, como Bertha Minnix, e Dane DeHaan como Criquet Pate, todos bem em seus papéis
Em suma?
Duas horas de cinema da melhor qualidade.
Corra pra assistir.

"Eu sou um Bondurant. Nós não baixamos a cabeça pra ninguém."

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