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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Resenha Cinema: Busca Implacável 2


Deve ser uma coisa bonita chegar aos sessenta anos de idade sem precisar se reinventar como ator. Deve ser bacana olhar pra trás e ver coisas como A Lista de Schindler e Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma coexistindo em harmonia na sua filmografia.
Quantos atores podem ver isso, e saber que, não só suas carreiras não estão em stand-by, mas também que se tem todo um novo nicho pra explorar?
Eu sei de um que pode:
Liam Neeson.
O ator irlandês que já viu sessenta invernos e continua firme e forte lançando mais de um filme por ano se transformou em action hero depois dos cinquenta, e não para de produzir. Pra melhorar, ele tem mais capacidade de atuação do que outros colegas que foram action heroes a vida inteira e, ou não têm carga dramática pra explorar, ou fizeram cirurgias plásticas demais pra convencer alguém de que têm mais de duas expressões faciais.
Não é o caso de Neeson, que consegue equilibrar no currículo Simplesmente Amor, As Crônicas de Nárnia, O Preço da Traição, Kinsey - Vamos Falar de Sexo e Os Miseráveis sem canastrar jamais, exceto se o roteiro pedir, como em Esquadrão Classe A, e é provavelmente o único ator vivo que tem o estofo moral pra ameaçar a platéia antes de apresentar o trailer do seu filme.
Neeson também é um cara que conseguiu equilibrar seu trabalho entre grandes produções mainstream, ainda que em papéis secundários, como Cruzada e Fúria de Titãs e filmes menores, de diretores desconhecidos e em centros de cinema mais periféricos, sem, no entanto, enterrar a carreira como Nicolas Cage vem tentando fazer nos últimos anos.
Foi, aliás, em uma dessas peripécias fora do grande circuito que Liam Neeson encontrou o produtor/roteirista Luc Besson, o diretor Pierre Morel e Bryan Mills, que seria o personagem a mostrar nas telonas quão casca-grossa Neeson podia ser.
Na trama de Busca Implacável, de 2008, Bryan Mills viajava à Europa e quebrava Paris para resgatar a filha Kim (Maggie Grace), sequestrada por albaneses traficantes de mulheres.
Era uma ótima fita de pai vingativo à moda antiga, com um Liam Neeson raivoso, atirando, chutando, quebrando ossos, eletrocutando e atropelando todo mundo (Nem a mulher do amigo do herói era poupada de levar um balaço do mocinho á certa altura do filme).
O longa fez boa carreira nos cinemas e quatro anos depois, Neeson volta à pele de Bryan Mills para mais uma aventura cheia de porradaria.
Busca Implacável 2 mostra Bryan Mills em férias na Turquia com a ex-esposa Lenore (Famke Janssen, gatona), recém separada do marido rico do primeiro filme, e a filha Kim. Enquanto curte Istambul com a família, Bryan não sabe que está na mira de diversos parentes vingativos dos bandidos albaneses que matou em Paris anos antes.
Esses homens raivosos, liderados por Murad Krasniqi (Rade Seberdzija) decidem sequestrar Kim, Lenore e o próprio Bryan, para cobrar sangue por sangue.
Busca Implacável 2 é isso. Quase uma repetição do primeiro longa, mas com algumas inversões interessantes, como o fato de que, ao invés de Kim ser sequestrada, o sequestrado agora é Bryan, o que gera uma situação bem maneira do herói orientando sua filha para que ela o resgate (O que, aliás, ele faz de uma forma como só um mestre Jedi do calibre de Qui-Gon Jinn poderia fazer).
Outra boa sacada do roteiro é a motivação simples dos vilões. A vingança familiar não só é perfeitamente condizente para com a série, mas também impede que o filme caia na armadilha dos planos excessivamente elaborados e megalomaníacos dos vilões como aconteceu com a franquia Duro de Matar, e a ambientação na Turquia é bacana, claustrofóbica como grandes cidades asiáticas, e estilosa como uma capital européia.
Nada disso, entretanto seguraria o filme sem o carisma de Liam Neeson.
É a presença do ator que impede que Busca Implacável 2 se transforme em uma sessão de Domingo Maior daquelas mais sem graça, e talvez até deixe Luc Besson salivando por um novo filme que, dependendo do roteiro, eu até gostaria de ver. Aliás, fica aqui minha sugestão para um novo nome para a série:
Busca Implacável: Liam Neeson quebra a Europa.
Eu iria ver todos os filmes no cinema com certeza.

"Kim, preste atenção: Sua mãe e eu seremos raptados."

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