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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Resenha Cinema: Moonrise Kingdom


Há diretores que parecem fazer, basicamente, sempre o mesmo filme. Ou filmes completamente diferentes que contam basicamente a mesma história. Ou filmes diferentes com histórias completamente diferentes que parecem todos iguais porque a assinatura do diretor é demasiado característica... Talvez esse último seja o caso de Wes Anderson, diretor de O Fantástico Senhor Raposo, Viagem a Darjeeling, A Vida Marinha com Steve Zissou, Os Excêntricos Tennebauns e esse Moonrise Kingdom.
Quem conferiu os outros quatro filmes que citei vai, provavelmente, perceber que todos eles tinham essa assinatura extremamente nítida de Anderson. Uma mistura de drama e comédia com toques de esquisitice pura, mas que, por alguma razão, funciona bem.
Vou confessar que não sou lá um grande fã de Anderson. Ainda assim, reconheço seu valor e talento como cineasta.
Nesse último longa o diretor faz mais uma boa demonstração desse talento.
Moonrise Kingdom narra a história de Sam Shakusky (Jared Gilman, ótimo) e Suzy Bishop (Kara Hayward, também ótima), dois pentelhos de doze anos de idade que se apaixonam à primeira vista durante uma peça escolar, e após um ano trocando correspondências, resolvem fugir juntos da ilha onde vivem, New Penzance, na Nova Inglaterra durante os anos sessenta.
Ao colocar seu plano em curso, Sam e Suzy colocam os pais dela, Walt e Laura Bishop (Bill Murray e Frances McDormand), dois advogados que se tratam por "conselheiro" e "conselheira", o único policial da ilha, o capitão Sharp (Bruce Willis), que tem um caso com Laura, e o chefe do grupo escoteiro Ivanhoe, do qual Sam deserta, o escoteiro chefe Ward (Edward Norton) numa busca para encontrar os dois desaparecidos e levá-los de volta pra casa, o que pode mudar a vida de todos os envolvidos na caçada.
Sam e Suzy são excelentes. Ela é uma versão menos caricata da Wednesday Addams de Christina Ricci, mais vaidosa e culta, mas igualmente sisuda, enquanto ele é um discípulo de Daniel Boone com seu chapéu de guaxinim, cachimbo e habilidades de sobrevivência ímpares. O amor partilhado pelo casal mirim é puro, ideal, cheio de descobertas, a cara que devem ter os primeiros amores.
E o impacto desse amor, e de sua pureza, é o estopim que afeta todos os envolvidos, direta e indiretamente, na vida de Suzy e Sam, e mesmo aqueles que olham para os dois e sabem que trata-se apenas de um primeiro amor, provavelmente o único amor da vida da gente que não tem nenhuma chance de ser eterno, se sentem tocados.
Cheio de absurdos hilários e tocante como só histórias de amor mirins sabem ser, Moonrise Kingdom é mais um representante da fofura esquisita da filmografia de Wes Anderson, que tem uma assinatura firme, mas certamente não tem a mão pesada.

"-Eu sinto que estou em uma família de verdade agora. Não como a sua, mas parecida com uma.
-Eu sempre desejei ser uma órfã. A maioria dos meus personagens favoritos são. Acho que suas vidas são mais especiais.
-Eu te amo, mas você não sabe do que está falando.
-Eu também te amo."

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