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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Resenha Game: Assassin's Creed III


A aventura de Ezio Auditore da Firenze e Altaïr Ibn-La Ahad haviam encontrado seu fim em Assassin's Creed - Revelations, um bom game, mas apenas isso. Bom.
Depois de Assassin's Creed II e Assassin's Creed - Brotherhood, todo mundo esperava um pouco mais do quarto game da franquia iniciada em 2007 com o maneiríssimo Assassin's Creed, então, mesmo que Revelations estivesse longe de ser um mau game (tinha algumas decisões questionáveis, e mecânicas cretinas como aquele mini-game irritante de defender a torre...), o sentimento dos fãs em geral com o lançamento do game foi de um certo desapontamento.
Eu, como fã declarado da série desde o primeiro capítulo da franquia, fiquei na expectativa dessa nova aventura desde as primeiras notícias, que acenavam com uma viagem ao antigo Egito (O que seria interessantíssimo, mas um tanto anacrônico para com a linha de tempo da série), e depois com a revelação de que seria um jogo passado na época da revolução norte-americana e a luta dos EUA para se tornarem independentes da Inglaterra.
Algumas semanas atrás comprei o game, e devo dizer que Assassin's Creed III me decepcionou mais do que Revelations. Bem mais.
Nesse quinto game da série a ação está, mais do que nunca, dividida entre Desmond Miles e o ancestral da vez, o mestiço Ratonhnhaké:ton (Nem pergunte como se pronuncia, mas se quiser saber o que significa, é Pássaro que Governa os Céus.), filho de uma moicana norte-americana nativa, Kaniehti:io, e de um nobre britânico, Haythan Kenway.
Dessa vez Desmond precisa usar todo o conhecimento que adquiriu de Altaïr, e todas as habilidades que "sangrou" de Ezio, para finalmente botar a mão na massa em missões que acontecem em Nova York, Itália, e até no Brasil (Durante um evento de MMA, e não uma partida de futebol ou o Carnaval do Rio.). Isso, porém, é apenas metade da missão de Desmond, Bill, Shaun e Rebecca, a outra metade das tarefas do grupo estão dentro do Animus, onde Desmond revive as memórias de seu ancestral, Ratonhnhaké:ton. Contudo, embora o ancestral principal do game seja ele, o início das sessões do Animus se dão na pele de outro ancestral, o pai britânico do americano, Haytham.
Esse prólogo do game é extremamente extenso, durando várias horas, e acaba em uma interessante reviravolta.
Quando finalmente estamos no controle de Ratonhnhaké:ton, corre o ano de 1754, e o moleque, com cinco anos de idade, é atacado por colonos brancos e depois encontra sua vila em chamas.
Anos mais tarde, ao passar por uma cerimônia de iniciação, Ratonhnhaké:ton toma conhecimento de sua herança, e descobre que seu caminho segue afastado de sua tribo. Ele deve procurar por alguém para treiná-lo de modo a garantir que ele encontre uma forma de proteger sua tribo da ameaça dos colonos.
Isso faz seu caminho se cruzar com o de Achillis Davenport, um retirado grão mestre da ordem, que, relutante, aceita assumir a tutela do jovem, rebatizando-o Connor, e direcionando-o no caminho dos Assassinos.
Aí o game segue, ao longo de trinta anos da vida de Connor Kenway, e sua luta que o leva a participar de vários eventos históricos e ser peça fundamental na independência dos Estados Unidos, um evento que, como sempre, descobriremos ser apenas o pano de fundo de mais um round na eterna luta entre Templários e Assassinos.
Assassin's Creed III é ótimo na parte técnica. Não é excelente porque só quem consegue fazer games de mundo aberto imensos sem nenhum defeito, aparentemente é a Rockstar. Ainda assim, Assassin's Creed III consegue formular uma bela e variada ambientação onde existem convincentes e belas florestas e cidades coloniais. Há inovações na parte gráfica, como a presença de crianças e animais domésticos vivendo no mundo do game (Pra quem não sabe, até bem pouco tempo atrás, os mundos virtuais eram populados apenas por homens e mulheres adultos, todos mais ou menos com a mesma altura). Além disso, há uma bela paleta de variações climáticas que inclui chuva e neve, além de ambientes mais áridos em certas partes do mapa, e mais úmidos em outras.
Há também diversos animais selvagens, como lobos, ursos, jaguares e pumas, além de alces, coelhos, cervos e guaxinins, que podem ser caçados, carneados e vendidos, dando ao game um certo ar de Red Dead Redemption...
No entanto, as grandes inovações do game são no sistema de combate, o mais fluido da série, conforme prometido pelos desenvolvedores antes do lançamento do jogo. A fluidez do movimento e a forma graciosa com que o herói bloqueia os golpes dos inimigos e passa de um antagonista ao outro é tão bem elaborada que ficamos com a impressão de que Connor é o melhor lutador da história da irmandade.
A outra grande sacada do game é um mini-game. Bom... Não tão mini.
Em várias ocasiões surgem no mapa do jogo missões navais que devem ser realizadas. Connor assume então o comando de um navio, o Áquila, e com ele singra os mares do Atlântico da costa dos EUA ao Caribe enfrentando navios britânicos e templários com seus canhões e aparatos de abalroamento. Essas missões são espetaculares, e extremamente divertidas, com comandos fáceis e bem integrados ao game.
Há, porém, outros dois pontos que dão uma bela derrubada em Assassin's Creed III. O primeiro é o próprio protagonista. Connor não convence. Ele é a epítome do herói relutante, mas tão relutante, tão relutante, que chega a ser renitente. Ás vezes dá vontade de sacudir o sujeito pra ver se ele cria uma espinha e para de ser fantoche. O sujeito está sempre sendo mandado daqui pra lá e de lá pra cá, jamais agindo, mas sempre reagindo a algo que aconteceu.
É complicado criar laços com um personagem com tais características depois de ter experimentado estar sob a pele de Altaïr, que não apenas era o melhor assassino da Irmandade na sua época mas também era rebelde, meio arrogante e extremamente desconfiado. Ezio, então, nem se fala, é um personagem que a gente acompanha desde sua entrada, meio aos trancos e barrancos na ordem, até sua transformação no Mestre-Assassino mais respeitado de seu tempo. Era outro personagem cheio de planos e ideias próprios, desobediente, e pró-ativo.
Esses dois, talvez sejam o grande entrave na tentativa de Connor de emplacar na "família". Connor é um bom moço. Nada de errado com isso. Mas enche o saco ver um sujeito tão coxinha usando o manto alvo.
Outro problema do game é o desenvolvimento da história. À certa altura, o personagem principal conversa com outro e comenta "Deve ter sido estranho descobrir a meu respeito como você descobriu...", o lance é que em nenhum momento nós sabemos como o interlocutor de Connor descobriu a respeito dele. Nem como o herói ficou sabendo a respeito desse outro personagem.
Tudo corre meio aos solavancos, sem que o player tenha oportunidade de ver várias coisas, das quais apenas fica sabendo em algum momento, quase ao acaso...
Não bastassem os problemas na linha do game dedicada ao ancestral, ainda há o problema do final do game na sua outra linha narrativa: A de Desmond. Ela acaba de uma forma meio brusca, e isso só não diminui ainda mais o prazer proporcionado pelo jogo porque finais abruptos, abertos e com mais perguntas do que respostas são meio que uma marca da série desde o primeiro game.
Que venha mais um Assassin's Creed, mas que dessa vez os realizadores lembrem de evitar as armadilhas de Lost, de criar mais enigmas do que respostas, e respeitem os legados de Altaïr, Ezio, e, porque não? De Desmond. Eles merecem mais do que Ratonhnhaké:ton, apesar de sua estilosa machadinha, foi capaz de oferecer.

"Eu percebo agora, que levará tempo. Que a estrada é longa, e envolta em trevas. É um caminho que nem sempre me levará para onde eu desejo ir. Mas ainda assim, é o caminho de trilharei."

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