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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Resenha Cinema: Capitão América 2 - O Soldado Invernal


Lá em julho de 2011, eu falei que, para tornar o Capitão-América mais palatável ao grande público, os estúdios Marvel, o diretor Joe Johnston e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely não contaram a história de um bandeiroso super-soldado norte-americano, mas sim a história de um rapaz idealista que aceitava ser cobaia em uma experiência para poder fazer sua parte em uma luta contra o mal.
Esse retrato do Capitão América como a síntese do jovem valente de boa índole querendo desempenhar o seu papel num mundo onde o mal não podia ser mais óbvio talvez seja a melhor interpretação do personagem.
Enxergar Steve Rogers como um ingênuo idealista dos anos quarenta representando um ideal perdido em um passado distante é certeza de descobrir alguma empatia por um personagem que, em tempos de anti-americanismo exacerbado, já começa a se tornar repulsivo nas cores do uniforme.
Seguindo a cartilha da Marvel, Capitão América 2 - O Soldado Invernal, não apenas mantém essa imagem do personagem, como aprofunda o herói ao colocá-lo como um sujeito nascido em 1918 que enxerga tudo em preto e branco no mundo tomado por tons de cinza do século XXI.
A nova aventura de Steve Rogers começa com o herói (Chris Evans) morando em Washington e seguindo com sua tentativa de se reintegrar ao mundo, ouvindo músicas, assistindo filmes, conversando com novas pessoas como sua vizinha Kate (Emily VanCamp) ou com o soldado reformado Sam Wilson (Anthony Mackie) enquanto colabora com a SHIELD de Nick Fury (Samuel L. Jackson) fazendo o papel de super-soldado que foi criado para desempenhar.
Porém, após uma missão particularmente nebulosa, que vai rapidamente do resgate de reféns sob poder do terrorista argelino Batroc (O lutador de MMA Georges Saint-Pierre) em uma incursão de espionagem e roubo de dados da Viúva Negra (Scarlett Johansson, gostosíssima), Rogers percebe que não está se sentindo muito confortável com seu papel no atual esquema das coisas, especialmente após descobrir que a SHIELD está criando um novo sistema bélico de vigilância sub-orbital que pode eliminar inimigos antes mesmo que eles sejam capazes de agir.
Enquanto é alertado de todos os lados sobre a dificuldade de sustentar a ingenuidade de sua visão de mundo, Rogers vê Fury sob ataque, a SHIELD, agora sob o comando de Alexander Pierce (Robert Redford) comprometida desde a raiz, e a lista de pessoas em quem pode confiar sendo reduzida sistematicamente enquanto é taxado de traidor e envolvido em uma gigantesca conspiração que se revela na forma do assassino conhecido como Soldado Invernal (Sebastian Stan).
Chega a ser admirável o salto de qualidade nas produções da Marvel pós-Vingadores.
Se Homem de Ferro 3 não foi muito mais que um divertido mais do mesmo centrado na impagável figura do Tony Stark de Robert Downey Jr., Thor - O Mundo Sombrio encontrou o tom em sua divertidíssima salada de referências que iam muito além dos quadrinhos do Deus do Trovão, passando de O Senhor dos Anéis a Star Wars, e Capitão América 2 - O Soldado Invernal, ergueu ainda mais o padrão ao conseguir contar uma história de fundo político cheia de temas atuais e relevantes em um filme de ação e espionagem que, em nenhum momento, se envergonha de sua origem (Um ótimo arco de histórias escritas por Ed Brubaker) ou de seus coloridos uniformes.
Sob a batuta dos irmãos Joe e Anthony Russo (Não eram exatamente os nomes dos irmãos da Blossom?) o estado de vigilância excessiva, medo do terrorismo e liberdade controlada norte-americana pós ato-patriótico se integra perfeitamente à história de super-herói e homem fora de seu tempo e de seu ambiente de Steve Rogers sem abrir mão da ação, do espetáculo visual e até mesmo dos alívios cômicos que se tornaram a marca registrada dos estúdios Marvel (Nem tudo funciona, porém. A piadinha particular pros brasileiros na caderneta de referências do Capitão é meio sofrível, quem indicaria Xuxa e Mamonas Assassinas pra alguém que teve a sorte de estar congelado durante esses "fenômenos"?) numa fita de alta qualidade que chega a surpreender pela coesão, pelas reviravoltas e pelo peso de seu desfecho.
Equilibrado entre o roteiro redondinho (Novamente de McFeely e Markus), o bom trabalho dos diretores e de um elenco de atores esforçados ou talentosos ou ambos, onde se destaca a maturidade de Chris Evans, visivelmente evoluindo como ator e confortável no papel do herói, Scarlett Johansson, um colírio adorável com sua voz rouca, e Anthony Mackie, ótimo como Sam Wilson, o Falcão, herói boa-praça que tem algumas sequências de ação vertiginosas, mais Redford, como Pearce, além dos retornos de um sem-número de caras conhecidas dos filmes da Marvel(Cobbie Smulders, Maximiliano Hernández, Gary Shandling, Hayley Atwell, Toby Jones...).
Em suma:
Assista no cinema, o 3-D é totalmente dispensável, mas o espetáculo do retorno do Sentinela da Liberdade é obrigatório.
Ah, claro, fique até o fim dos créditos, há duas cenas extras.

"-Isso não é liberdade. Isso é medo."

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