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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Homem do Momento


Quando a Flávia disse pro Alfredo que queria fazer um lance diferente naquela noite, ele já estava soltando fogos de artifício achando que ela iria querer usar uma lingerie diferente, transar de salto alto, ou, quem sabe, ver um pornozinho antes de deitar, mas, quando ela disse que estava a fim de tentar uma sessão de sexo a três com eles dois e mais a Jussara, do trabalho, ele ficou perplexo.
Não no mau sentido. Oh, não... Longe disso.
O Alfredo ficou perplexo, mas de exultação. Ele flutuou, ficou encantado. Mesmo sem conhecer a Jussara, do trabalho, sem saber se ela estava mais pra Xuxa ou pra Marlene Mattos, ele estava felicíssimo com a ideia de ter, não uma, mas duas mulheres na cama consigo.
Ele nem raciocinou, mas já sabia que, na pior das hipóteses, ele veria uma fantasia lésbica ao vivo, in loco, e participando nem que fosse dizendo baixaria enquanto assistia e passava a mão, senão na Jussara, do trabalho, na Flávia, com quem ele já tinha bastante intimidade.
O Alfredo não racionalizou as coisas, não procurou pelo em ovo. Não ficou pensando que a Flávia, que nunca tivera nenhum relance de homossexualidade, de repente querer mais uma mulher no quarto com eles, podia ser sinal de que ela sentia falta de alguma coisa.
Ele não ficou imaginando que aquela extravagância sexual poderia culminar com a destruição do relacionamento dos dois, que bastaria um toque ou um suspiro diferente dele enquanto estivesse engajado com a Jussara, do trabalho, e a Flávia poderia desmoronar em lágrimas e toda a relação dos dois colapsaria ante o peso inenarrável da luxúria.
O Alfredo nem mesmo se preocupou que, aceitar de maneira tão alegre aquele ménage feminino, poderia colocá-lo em posição de, no futuro, ter que aceitar um mènage masculino, com, sei lá, o Torquato, do trabalho. Não... O Alfredo não pensou em nada disso. Toda a sua energia, daquele momento em diante, estava direcionada em imaginar elaborados cenários sensuais envolvendo a Flávia e um vasto catálogo de mulheres imaginárias que iam da Megan Fox à Wilza Carla, e se preparar para aproveitar todos e cada um desses cenários, aclimatar-se a eles, para que, na hora da verdade, ele pudesse usufruir o momento sem decepção.
O Alfredo era assim. Inconsequente.
Sempre fora. Era homem de momento. De aproveitar as oportunidades que se apresentassem fossem quais fossem, e sem se preocupar com o que viria depois.
Funcionava pra ele.
O Alfredo raramente, pra não dizer nunca, se decepcionava com nada. Estava sempre curtindo sem racionalizar, mastigar, esmiuçar cada segudo da vida e cada evento, por ínfimo que fosse.
...Que inveja do Alfredo...

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