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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Resenha DVD: Amante a Domicílio


Após ver e rever o trailer de Amante a Domicílio no cinema e em DVDs e Blu-Rays que aluguei recentemente, vou confessar que apenas uma coisa me fez efetivamente assistir ao filme:
Woody Allen.
Não que eu seja um desses devotos fãs de Allen. Não sou. Embora goste de muitos de seus filmes, nem sempre os assisto, e se vi Magia ao Luar na estréia, não é menos verdade que ainda não assisti Para Roma, Com Amor... Mas a verdade é que Allen, no trailer do filme de John Turturro, num dos seus raros trabalhos em um longa que não escreveu/dirigiu, parecia muito engraçado. Leve. À vontade... Então, ao me deparar com o filme na locadora pensei:
Por quê, não?
E lá fui eu.
Amante a Domicílio mostra Fioravante (Turturro), um florista do Brooklyn, que é convencido por seu amigo Murray (Allen) a aceitar um emprego de meio período como garoto de programa após Murray ouvir de sua dermatologista doutora Parker (Sharon Stone, ainda batendo um bolão), que ela gostaria de fazer sexo a três com sua amiga Selima (Sofía Vergara) e um estranho.
Murray diz ter imediatamente pensado em Fioravante, que sempre se deu bem com as mulheres, tem sex-appeal e coragem de sujar as mãos.
Reticente de início, Fioravante acaba sucumbindo à pressão de Murray, que promete agenciar o amigo em troca de uma parcela dos lucros, e vai a um encontro inicial com a doutora Parker, sozinha, para que ela o avalie.
Daí em diante, Fioravante e Murray, agora atendendo com os nomes artísticos de Virgil Howard e Dan Bongo, passam a espalhar a satisfação entre as mulheres solitárias de Nova York por um preço módico.
As coisas começam a se complicar quando Murray recomenda Fioravante para Avigal (Vanessa Paradis), uma solitária mãe de seis filhos viúva de um rabino hassídico, que, inicialmente resistente a tentar o "tratamento" do prostituto iniciante, acaba por encontrar nele o contato humano de que desesperadamente necessitava, um contato que não passa despercebido a Dovi (Liev Schreiber), Shomrim vigilante do bairro de Avigal, e apaixonado pela viúva, que não gosta nada, nada da ideia de ela flertar com um sujeito de fora da comunidade.
Tem muita coisa errada em Amante a Domicílio desde a premissa, basicamente uma fantasia masculina das mais básicas (que não gostaria de ser pago pra comer Sharon Stone e Sofía Vergara ao mesmo tempo, mesmo não sendo um sujeito bonito?), passando pelo evento que coloca a trama em movimento (alguém tem alguma relação médico/paciente em que o doutor externe suas fantasias sexuais durante aquele rápido papo após a consulta?), até o julgamento hassídico pelo qual Murray passa com a ajuda de seu advogado Sol (Bob Balaban).
Nada faz lá muito sentido, nem mesmo o porquê de Murray pensar que Fioravante aceitaria ser garoto de programa de repente, ou de onde vem a ideia de que o florista daria conta do recado...
Ainda assim, mesmo longe de sua forma em Romance e Cigarros, Turturro consegue equilibrar doçura e acidez no que poderia ser descrito como uma comédia romântica para adultos. E se a trama eventualmente soa demasiado insólita, sempre há a presença de Allen, ponto alto do filme no que é definitivamente em um de seus melhores papéis em anos como o livreiro falido Murray, se virando como pode pra dar uma vida melhor à esposa Othella (Tonya Pinkins e seus três filhos Cefus, Coco e Cirus, num improvável casamento inter-racial do Allen judeu até a espinha com a negona que promete cair feito Michael Corleone se alguém ferir um fio de cabelo do amado.
No fim das contas, mesmo com seus desvios de rota e problemas de desenvolvimento, Amante a Domicílio ainda vale tranquilamente a locação, e em seus pouco mais de 90 minutos, arranca algumas risadas, e deixa um agradável sorriso residual.

"-Então é oficial. Eu sou seu puto.
-Bom... É a profissão mais antiga do mundo..."

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