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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Resenha Blu-Ray: O Destino de Júpiter


E pensar que lá se vão dezesseis anos desde Matrix revolucionar o cinema com sua intrincada mitologia cyberpunk (Até hoje não consegui fazer minha mãe e meu pai entenderem o que eram os agentes e nem o conceito de realidade virtual da Matrix) e o bullet time...
Após Matrix vieram Matrix Reloaded e Revolutions, além do game Enter the Matrix, Speed Racer e Cloud Atlas - A Viagem... E parece que a capacidade dos irmãos Wachowski de fazer bons filmes se perdeu quando Neo se sacrificou por todos nós, ou se foi junto com os colhões de Larry quando ele virou Lana...
Bricadeiras de mau gosto à parte, sou um dos defensores de Speed Racer, um filme que não tinha nada de errado, exceto a forma como foi vendido.
Eu assisti a adaptação do anime no cinema e entendi que era um bom filme infantil, repleto de gags ótimas para a piazada, infelizmente, o estúdio o vendeu como uma fita de ação, o "novo filme dos criadores de Matrix", e a decepção foi geral...
A carreira de produtores de Lana e Andy também não foi das mais bacanas... Se eles começaram com o pé direito com a excelente adaptação do quadrinho V de Vingança, Ninja Assassino foi um filme tão ruim que dispensa comentários além de "Eca..".
Quando começaram a surgir as notícias a respeito da nova empreitada da dupla, este O Destino de Júpiter, eu confesso que não me empolguei nem um pouco, prova disso é que, a despeito da enxurrada de marketing sobre o filme, eu o ignorei solenemente durante sua passagem pelo cinema, escolhendo conscientemente que ele fosse lançado em home video para conferir a empreitada.
Após 127 dos mais cansativos minutos da minha vida, posso dizer que não me arrependo de ter deixado a ópera espacial dos Wachowskis passar em branco na telona.
O longa narra a história de Júpiter Jones (a gatinha Mila Kunis), filha de um estudante inglês de cosmologia, e de uma professora russa de matemática aplicada que após a perda trágica do marido (participação relâmpago de James D'Arcy, o Jarvis de Agent Carter), foge para os Estados Unidos.
Na América, Júpiter sobrevive trabalhando como faxineira com a mãe (pois é, de professora de matemática aplicada à faxineira, vá entender...), os tios, e os primos, odiando cada dia de sua vida, até seu caminho se cruzar com o de Caine Wise (Channig Tatum), um caçador espacial contratado por Titus Abrasax (Douglas Booth, de Noé) para encontrar a reencarnação genética de sua mãe, no caso Júpiter, a proprietária por direito do planeta Terra.
Sim, a encarnação genética prévia de Júpiter, mãe de Titus, Kalique (Tuppence Middleton) e Balen (Eddie Redmayne), era a matriarca de uma raça de milenares criaturas alienígenas proprietários de uma super mega corporação espacial que são donos de planetas inteiros, onde cultivam vida, e, após alguns séculos, fazem "colheitas", extinguindo populações inteiras para produzir o néctar vital que lhes garantem longevidade indefinida.
Essa trinca de oligarcas espaciais, descobre que Júpiter é a reencarnação genética de sua mãe, e precisam que ela assine um documento abrindo mão da posse (ou morra, no caso de Balen, que já é o herdeiro legal) do planetinha azul que vale uma inacreditável fortuna galáctica.
Caine, porém, descobre quase que acidentalmente a identidade régia de Júpiter, e muda de lado, colocando-se como um guardião da jovem e a ajudando a retomar seu posto por direito genético, e impedir a destruição da Terra!
Eu adoraria dizer que é ruim mas é bom, mas estaria mentindo quanto à segunda parte.
O Destino de Júpiter é muito ruim.
A salada de referências a ficções científicas prévias (Incluindo Star Trek, Star Wars, O Guia do Mochileiro da Galáxia e até mesmo Matrix) não tem lastro, o roteiro é fraco, com personagens rasos e mal escritos.
A entidade messiânica de Mila Kunis faz Neo parecer o rei Lear, Caine Wise, o guardião parte-homem-parte-lobo-albino-parte-anjo equipado com patins voadores a jato e buracos portáteis estilo ACME é um pastiche, os atores parecem constrangidos em interpretar seus papéis, à exceção de Redmaine, que manda tudo pro inferno, encarna a diva insana dá suas falas aos sussurros ou aos berros, nunca pisca e controla sua nave pelado dentro de uma piscina de gosma.
Os efeitos especiais não adicionam nada à vida de quem já viu qualquer filme de aventura espacial nos últimos anos, e nem mesmo as sequências de ação são boas. O ponto alto do filme é quando Vanessa Kirby aparece de lingerie, e a única inovação do roteiro é o fato de Sean Bean não morrer (Ops, spoiler alert atrasado).
Sofrendo do mesmo mal de filmes que não decolaram como as prequências de Star Wars, o Homem de Aço, e tantos outros filmes que careciam de identidade, profundidade ou apenas se levaram a sério demais, O Destino de Júpiter é o grande tombo dos Wachowski, o momento em que a megalomania dos irmão/irmã não encontrou nenhum tipo de lastro ou mensagem e foi apenas mais do mesmo.

"Eu odeio minha vida..."

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