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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Resenha DVD: Alice Através do Espelho


Alice Através do Espelho foi um dos grandes fracassos de bilheteria desse ano. Com orçamento de cento e setenta milhões de dólares não chegou sequer aos trezentos milhões em bilheteria mundo afora, o que, considerando-se produção e marketing, não foi suficiente nem pra pagar as contas da Disney com o filme, algo que pegou a indústria de surpresa já que Alice no País das Maravilhas, o filme do qual Através do Espelho é sequência direta, faturou mais de um bilhão de dólares em bilheteria.
Mas a verdade e que o mistério aqui não é por que Alice Através do Espelho foi um fracasso de bilheteria tão retumbante, mas sim por que Alice no País das Maravilhas foi um sucesso bilionário, já que os dois filmes são basicamente iguais, e igualmente ruins.
Através do Espelho abre com Alice (novamente Mia Wasikowska) capitaneando o Wonder, navio que pertenceu a seu pai pelos mares da China.
Ela é perseguida por três naus piratas mongóis, e usando toda a sua categoria, habilidade e destreza faz uma manobra arriscada para despistá-los declarando claramente e com todas as letras que ALICE NÃO PRECISA DA AJUDA DE HOMENS.
De volta a Londres, ao entregar o relatório de sua missão marítima que se estendeu por três anos além do período estimado, Alice descobre que seu ex-chefe morreu, e a empresa mercante para a qual ela trabalha, agora, é chefiada por Hamish Ascot, o noivo a quem ela abandonou no altar.
Hamish planeja tomar o Wonder de Alice, já que o navio foi dado como garantia da hipoteca da casa de sua família, e sua mãe, Hellen (Lindsay Duncan) não teve condições de fazer os pagamentos enquanto Alice esteve fora.
Pior do que isso, Hamish diz que a empresa não irá mais suportar mulheres capitãs, e a única posição vaga para Alice é a de secretária, declarando claramente e com todas as letras que TODOS OS HOMENS SÃO PORCOS.
Em desespero por ter sido traída por sua mãe e prestes a perder o navio do pai a quem amava Alice acaba sendo atraída por uma borboleta azul a quem reconhece como Absolem, a ex-lagarta azul (voz do finado Alan Rickman).
Absolem leva Alice através do espelho, levando-a de volta até o País das Maravilhas (agora Submundo, já que Wonderland virou Underland no filme de 2010).
Lá, a jovem reencontra Mirana, a Rainha Branca (Anne Hathaway), Twidledee e Twidledum (Matt Lucas), o coelho branco, o gato de Cheshire, o perdigueiro, a lebre de março e todos os seus amigos exceto o Chapeleiro Louco (Johnny Depp).
Tarrant Cartola, lhe dizem os demais, está estranho... sorumbático, diferente de seu antigo eu, confinado em sua casa precisando de ajuda.
Alice, claro, não tarda em oferecê-la, e descobre que o Chapeleiro quer de volta sua família, morta pelo Jaguadarte anos antes, durante o reinado da Rainha Vermelha (Helena Boham-Carter).
Para realizar tal tarefa, Alice precisa da Cronosfera, um artefato usado pelo Tempo em pessoa (Sasha Baron-Cohen) para manter o fluxo dos dias.
Alice consegue chegar ao palácio do tempo e roubar a Cronosfera, viajando cada vez mais profundamente ao passado, revisitando a vida do Chapeleiro, mas também a das rainhas Branca e Vermelha, numa corrida contra o Tempo que pode comprometer a própria existência do País das Maravilhas.
Muto ruim.
Mas muito ruim, mesmo, em todos os aspectos.
As únicas interpretações dignas de nota são de Bohan-Carter e Baron-Cohen, que pouco têm a fazer com um roteiro que parece ter sido escrito com giz de cera no papel higiênico, os dois tentam oferecer alguma cor e fúria aos seus personagens enquanto Mia Wasikowska vê sua capacidade de projetar ingenuidade aventuresca ser esticada além do limite, Johnny Depp se resume a ser estranho ou vagamente furioso e os demais são meros acessórios para uma trama desencontrada e aborrecida passada num cenário que parece ter sido pintado por um fã daltônico de Salvador Dalí sob o efeito de ácido lisérgico.
O roteiro de Linda Woolverton (mesma do Alice anterior e do igualmente chato Maleficente) é pouco mais que uma desculpa esfarrapada para passear por cenários de CGI que não impressionam enquanto a fantasia pedófila de Lewis Carrol é pasteurizada num veículo para o diretor James Bobin emular o pior momento da carreira de Tim Burton em duas horas de bocejos, ajeitadas da bunda no sofá e olhares pro relógio imaginando se falta muito pra acabar.
Se há alguma coisa positiva em Alice Através do Espelho é o fato de que o longa realmente parece ter encerrado as aventuras no País das Maravilhas, impedindo que a Disney tivesse a tentação de transformar os contos de Carrol em uma franquia que já tem dois filmes além do que era aceitável.
Passe longe, a menos que tu tenha gostado do primeiro filme. Se foi o caso, assista.
Os dois são absolutamente iguais.

"-Todos se despedem de tudo eventualmente, minha querida."

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