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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Resenha Game: Rise of The Tomb Raider


Levou quase um ano para Rise of The Tomb Raider, game que dá sequência às aventuras de Lara Croft após o ótimo Tomb Raider, de 2013, deixasse de ser exclusividade da Microsoft, e fosse lançado para PS4.
A estratégia da empresa do Bill Gates foi muito bem sacada. Os caras precisavam de um jogo de exploração e aventura para fazer frente ao Uncharted da Sony, e lady Croft era a opção óbvia, de modo que os donos do console da Sony tiveram que esperar até o início de outubro para ver como andava a vida de Lara.
Após a aventura de 2013 reimaginar Lara Croft como uma jovem aspirante a arqueóloga de 17 anos lutando para sobreviver durante uma expedição que ia para o inferno no Triângulo dos Dragões, uma jornada que forjava o caráter da nova Lara Croft enquanto testava toda a extensão de seu conhecimento e habilidade e a apresentava a um novo tipo de lesão a cada segundo, uma das coisas mais bacanas de Rise of The Tomb Raider é que, nessa sequência, vemos Lara de fato crescer.
Sua motivação principal na nova aventura não é mais a sobrevivência pura e simples do game anterior, mas sim, a obsessão em concluir o trabalho de seu pai, e fazer as pazes com seu passado.
Lara planeja dar fim à busca de lorde Croft pela Fonte Divina.
Um artefato de uma civilização perdida que teria o dom de oferecer vida eterna àqueles que fossem colocados em sua presença, mas Lara não está sozinha nessa busca.
O conluio secular conhecido como Trindade também está em busca da Fonte Divina, e ao contrário de Lara, conta um uma infinidade de recursos humanos e bélicos capazes de obliterar os Remanescentes, ancestrais do Profeta que descobriu a Fonte, e a mantém protegida há gerações.
Entrar em detalhes sobre os vilões seria estragar uma boa surpresa e revelar alguns plot twists bem interessantes, então só me deixe dizer que os vilões de Tomb Raider são tão sólidos em suas construções quanto a força motriz que impulsiona uma obsessiva Lara Croft em direção ao legado de seu pai.
Conforme descobrimos ao longo do game, lorde Richard Croft foi desgraçado e ridicularizado publicamente por conta de suas pesquisas, que custaram a vida de sua esposa, e o afastaram de Lara enquanto ela crescia.
Toda a bagagem emocional de Lara, e sua relação conflituosa com o pai são um bônus extremamente agradável em um game de uma personagem que, historicamente, era rasa feito um pires...
A atriz britânica Camilla Luddington interpreta a Lara digital com galhardia e inspiração, oferecendo ao player um retrato sólido de uma personagem em busca de paz para com seu passado, enriquecendo profundamente uma narrativa que, outrossim, poderia ser apenas um acessório para a pirotecnia.
E não me entenda errado, há pirotecnia.
Muita!
Rise of The Tomb Raider é composto por tiroteio em terceira pessoa, exploração correndo, escalando, deslizando e subindo por cordas, e resoluções de puzzles embalada por uma trilha sonora bacana e colecionismo de arrancar os cabelos.
Fazendo justiça ao título do game, a parte de explorar tumbas é, de longe a mais divertida do game.
As Tumbas Opcionais espalhadas pelo mundo "semi-aberto" do game são ótimas.
Mais atreladas à narrativa do que no game de 2013, esses puzzles oferecem um nível de desafio crescente conforme avançamos na story line, e por vezes são difíceis o suficiente para garantir uma sessão de jogo inteira dedicada à sua resolução.
Se isso é ótimo, e coerente para com a raiz da série, também cobra seu preço:
O combate acaba sendo um acessório indesejável em certos momentos.
Ao contrário do game anterior, quando Lara era uma mocinha indefesa precisando lutar com unhas e dentes pra sobreviver, em Rise ela é uma mulher forte e cheia de recursos, a quem os operativos para-militares da Trindade simplesmente não compõe ameaça praticamente nunca.
Mesmo no princípio do jogo, armada apenas com o arco mais fuleiro e a piqueta de escalada, na dificuldade normal, Lara é perfeitamente capaz de limpar o chão com os inimigos.
Conforme avançamos no game, Lara vai se tornando mais e mais cheia de truques e habilidades, de modo que em momento algum eu achei que fosse morrer enfrentando os bandidões da Trindade.
Um par de lobos surgindo de dentro de uma caverna escura, ou uma chegada descuidada à beira de um precipício me custaram muito mais vidas do que os inimigos armados e armadurados que brotavam de cada brecha na rocha durante uma invasão que eu simplesmente não me vi, em momento algum, inclinado a usar de furtividade para vencer os inimigos, uma abordagem quase obrigatória no game anterior.
A facilidade de Lara para matar os adversários é tanta, que não raro nos vemos querendo terminar logo um tiroteio para poder começar a exploração da área atrás de caixas-fortes, moedas bizantinas, documentos e relíquias.
A variedade de coisas por encontrar, desafios a cumprir e tumbas por explorar, além de desafios específicos por área e personagens que surgem oferecendo novas missões é tamanha que, se o jogador entrar numas de fazer tudo o que o game proporciona, as, em média quinze horas de gameplay para cumprir o modo história, são esticadas facilmente para coisa de quarenta.
Especialmente porque a versão de PS4 já chegou com as DLCs Blood Ties, onde o jogador explora a Mansão Croft em busca do testamento de lorde Richard, e a ótima Baba Yaga, onde Lara precisa dar um tempo em sua busca pela Fonte Divina para enfrentar a decana das bruxas do folclore leste europeu.
Com gráficos belíssimos, engenharia de fase esperta, cenários grandiosos e bem sacados, que incentivam a exploração, uma personagem central bacana, bons vilões e uma história que aprofunda e aumenta o escopo do game anterior em todos os aspectos, Rise of The Tomb Raider é um jogaço, que valeu a espera de quase um ano para donos de PS4 e absolutamente vale a jogatina.

"Lara, ouça-me... Um dia você deixará sua marca nesse mundo."

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