Pesquisar este blog

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Resenha Cinema: Animais Fantásticos e Onde Habitam


Conforme testemunha meu atraso de quase um mês para assistir Animais Fantásticos e Onde Habitam, eu não sou um grande fã de Harry Potter.
Eu não li os livros, e ainda que tenha assistido a todos os filmes, a maioria deles no cinema, a verdade é que jamais foi, pra mim, um programa obrigatório.
Não me lembro se foi A Pedra Filosofal ou A Câmara Secreta, mas um desses filmes eu vi no cinema apenas porque sabia que ele seria precedido pelo trailer de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres.
E se assisti na estréia a todos os filmes de O Cálice de Fogo em diante, foi porque meu irmão, esse sim, um declarado fã da obra de J. K. Rowling, me obrigava a acompanhá-lo.
Ainda assim, confesso que os trailers de Animais Fantásticos me deixaram curioso com relação ao filme, e se não fui assisti-lo antes, foi mais por incompatibilidade de horários, já que a grade de exibição dividida entre dublados e legendados quebra as pernas de qualquer um.
Apenas ontem fui ver a aventura de Newt Scamander, que, conforme fui informado anos atrás, era um magizoologista respeitadíssimo por seu trabalho catalogando criaturas mágicas em seu famoso guia que empresta nome ao filme.
No longa acompanhamos a chegada de Scamander (Eddie Redmayne) a Nova York na década de 20. Ele chega à grande maçã trazendo consigo apenas uma mala.
Sua bagagem, porém, na melhor tradição da T.A.R.D.I.S. é bem maior do que aparenta por fora, e está repleta de animais fantásticos.
Bestas mágicas desconhecidas pela população em geral, e temidas pelos bruxos às quais Scamander dedica-se a proteger.
Esses seres, porém, não são os mais comportados, e estão esperando apenas uma oportunidade para sair da mala de Newt e explorar seus arredores.
É quando uma dessas criaturas, um pelúcio (um tipo de ornitorrinco extremamente ágil com predileção por coisas brilhantes), escapa da mala de Newt perto de um banco que o caminho dele se cruza com o do aspirante a confeiteiro Joseph Kowalski (Dan Fogler).
Após uma confusão dentro do banco, as malas de Newt e Joseph se trocam, e antes que o bruxo possa desfazer a confusão, ele é preso por Tina Goldstein (Katherine Waterston), uma ex-auror a serviço da MACUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos da América, na sigla em inglês) tentando recuperar seu posto em um momento onde o delicado equilíbrio entre os segredos do mundo dos feiticeiros e os não-majs (modo como os americanos chamam os Trouxas) é ameaçado por ataques de um bruxo anarquista chamado Grindenwald, que desencadeou as manifestações de pessoas chamadas de Nova Salemitas, que se dedicam a expôr e caçar os magos, pessoas como Mary Lou Barebone (Samantha Morton), que se dedica a adotar crianças e colocá-las na linha de frente de sua cruzada.
Não tarda para que Newt, Dan, Tina e sua irmã Queeni (a gatinha Alison Sudol) se vejam até o pescoço na tentativa de recuperar as bestas mágicas enquanto são caçados pelo auror Graves (Colin Farrell), um bruxo cheio de segredos que tenta usar o filho de Mary Lou, Credence (Ezra Miller), para encontrar uma criança que pode se tornar uma arma poderosíssima.
Eu sei, parece um bocado de trama pra cobrir em um filme de pouco mais de duas horas, e é mesmo.
Alguns personagens são subaproveitados, perguntas ficam sem resposta, e subtramas são mal-resolvidas, mas isso é o de menos.
Animais Fantásticos deve ser uma série de cinco longas, e esse é apenas o primeiro.
O importante é que o roteiro de J. K. Rowling, a idealizadora do universo de Harry Potter pela primeira vez escrevendo um script, está repleto de todos os ingredientes que tornaram o menino bruxo um fenômeno capaz de fazer uma geração de imbecis ler calhamaços de quinhentas páginas sem gravuras.
Animais Fantásticos e Onde Habitam não é um filme que vá mudar a vida da audiência, nem tampouco é uma obra cinematográfica singular, ainda que haja um trabalho esmerado do departamento de arte, um roteiro competente o bastante (inclusive traçando paralelos entre a tensão entre bruxos e não-majs e a Lei-Seca e a ascensão da Ku-Klux-Klan), uma direção bastante segura do veterano do universo Potter David Yates e um elenco cheio de talento em todos os papéis (Além de Redmayne, Waterston, Fogler e companhia ainda há John Voigt, Ron Perlman, Carmen Ejogo, Zöe Kravitz e Johnny Depp), o filme está fadado a viver na sombra da multi-bilionária franquia original, e não tem atributos que o façam se destacar entre outros bons blockbusters de verão, mas a verdade é:
Quem liga?
Os fãs de antigos têm uma oportunidade de revisitar o universo que amam, e velhos amargurados que não gostam de crianças protagonistas iguais a mim podem ver o mundo de Harry Potter por outro prisma. Um que, devo dizer, me pareceu até mais interessante.
Eu não vou mais ser um trouxa. Quando Animais Fantásticos 2 for lançado, eu não esperarei um mês para assistir ao filme.
Certamente vale a ida ao cinema.

"-Vamos recapturar minhas criaturas antes que se machuquem. Nesse momento elas estão em terreno estranho, cercada por milhões das mais cruéis criaturas do planeta: Humanos."

Um comentário:

  1. Adoro os livros de Rowling. Este livro conta uma história extraordinária, por isso quando soube que estrearia Animais Fantásticos e Onde Habitam soube que devia vê-la. Considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação do Eddie Redmayne, seu talento é impressionante. É uma boa opção para uma tarde de filmes.

    ResponderExcluir