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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Top 10 - Cinema 2016

Sabe qual foi a sorte de 2016 no que tange ao cinema?
Aqui no Brasil, diversos filmes de 2015 estrearam só em janeiro. Empurrando ótimos filmes do ano passado pra lista desse ano, algo que não aconteceu em 2015...
Isso facilitou minha vida na hora de juntar as melhores experiências cinematográficas de 2016 em uma lista com dez longas onde nenhum parece deslocado.
Vamos então, ao que mais aqueceu o coração desse nerd que vos escreve nesse ano maldito que está se encerrando:

10: Deadpool


Muito do mérito do sucesso de público e crítica de Deadpool recai sobre Ryan Reynolds.
O canadense aceitou fazer parte daquela bazófia que foi X-Men Origens: Wolverine apenas para poder fazer o papel do personagem.
Oito anos e muito chororô na internet depois, ele retorna, dessa vez usando o colante vermelho para reprisar o papel de maneira muito mais acertada do que no filme solo de Wolverine.
Com a parceria dos roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick, dupla de Zumbilândia, e o diretor Tim Miller, Reynolds conseguiu criar um divertidíssimo filme para desconstruir o gênero dos super-heróis, brincando com todos os clichês do gênero e tirando onda de Deus e todo mundo em um longa feito a toque de caixa e olhado com certo desdém pela Fox, que acertou em cheio na alma do personagem e se tornou o maior sucesso financeiro do gênero de super-heróis, e uma das mais divertidas sessões de cinema de 2016.

9: Dois Caras Legais


Dois Caras Legais ganha sua vaga na lista por ser a melhor comédia do ano.
O longa setentista de Shane Black sobre um detetive particular e um brucutu de aluguel unindo forças para tentar desvendar uma trama de assassinatos envolvendo a indústria pornográfica e automotiva tem uma trama por vezes rocambolesca, ainda assim, o elenco principal, encabeçado por Russell Crowe, Ryan Gosling e Angourie Rice seguram a peteca mantendo o filme interessante e engraçado mesmo quando o plot se alonga excessivamente e se enrola feito um carretel.
Destaque especial para Gosling, que abre mão da aura de ator sério em nome de uma performance cômica de arrancar gargalhadas, e para Rice, um achado com um futuro brilhante pela frente.

8: Ave, César!


Após trinta anos e dezessete filmes é impressionante como os irmãos Coen ainda conseguem operar dentro de seu próprio sistema de regras e fazer filmes que ninguém mais faria.
Ave, César! tem todos os elementos da filmografia Coeniana, do senso de humor negro feito petróleo às ótimas atuações, passando pela trama entrecortada por explosões de violência, George Clooney interpretando um completo idiota e uma ambientação de época repleta de maquinações políticas, no que poderia ser resumido à história do caubói enfrentando os comunistas pra salvar a alma de Hollywood.
Com sequências de chorar de rir, Ave, César! nem é o melhor filme da carreira de Joel e Ethan, mas um representante robusto da capacidade dos dois de fazer cinema de qualidade ano após ano.

7: Mogli: O Menino Lobo


Nenhum ator em cena exceto o novato Neel Sethi, contracenando com um monte de nada que, mais tarde, seria substituído por ursos, panteras, lobos, orangotangos, cobras e tigres de puro CGI.
Não parece a melhor das ideias, mas nas mãos do diretor Jon Favreau essa mescla se tornou uma das mais belas histórias infantis que o cinema viu nesse ano.
O longa sobre o menino Mogli, criado por lobos sob a proteção da pantera Bagheera (voz Ben Kingsley) sendo forçado a se exilar por causa do desejo de vingança do tigre Shere Khan (voz de Idris Elba) enquanto tenta descobrir seu lugar no mundo é um deleite técnico embalado em uma tocante mensagem de coexistência entre a humanidade e a natureza sem jamais esquecer da aventura, da comédia e da emoção.
A melhor fábula de 2016.

6: Spotlight: Segredos Revelados


Se não fosse um longa de 2015 (inclusive agraciado com um merecido Oscar de melhor filme), Spotlight talvez estivesse até melhor colocado nessa lista.
O longa de Tom McCarthy sobre a equipe de jornalismo do Boston Globe e sua investigação sobre os escândalos de pedofilia ocultados pela igreja católica é de uma diligência e seriedade ímpares, que remontam ao cinema norte-americano dos anos setenta ao se apoiar inteiramente em sua história e no trabalho de seus atores.
Não há pirotecnia, discursos inflamados ou lágrimas pujantes, apenas esforço coletivo temperado com senso de justiça e uma pitada de raiva para fazer um trabalho e entregar uma história.
Exatamente como os jornalistas verdadeiros fizeram.

5: Rogue One: Uma História Star Wars


A Disney comprou a Lucas Film com a óbvia intenção de transformar Star Wars em um programa anual para os fãs.
A segunda cartada após Episódio VII: O Despertar da Força, foi Rogue One.
E não é que foi bom?
O longa de Gareth Edwards é uma inspirada fita de guerra no estilo homens (e mulheres, e robôs) com uma missão situada em uma galáxia bem, bem distante, que trafega por espaço não mapeado entre os episódios III e IV, rastejando na lama de maneira mais suja, corajosa e sombria do que seus co-irmãos, lançando uma nova luz sobre Uma Nova Esperança e relembrando à audiência que vilão ameaçador Darth Vader pode ser enquanto tritura bilheterias ao redor do Mundo.

4: Capitão América: Guerra Civil


O mais ambicioso passo da Marvel desde Os Vingadores em 2012, Capitão América: Guerra Civil pegou os heróis apresentados ao longo dos outros longas do estúdio da Casa das Ideias e os colocou em lados opostos de uma questão ideológica.
Quem conhece quadrinhos sabe que, inevitavelmente, discussões ideológicas entre heróis acabam em troca de bordoadas.
E os irmãos Russo sucederam na tarefa ao reduzir sensivelmente a quantidade de piadinhas do longa, oferecendo um pouco da gravidade que havia feito maravilhas por O Soldado Invernal, mas sem descaracterizar a fórmula que transformou os filmes da Marvel em sucessos bilionários.
Ver o conflito entre Tony Stark e Steve Rogers alcançar seu pico e ainda apresentar Pantera Negra e Homem-Aranha no processo não tem preço.
E a luta do aeroporto, sozinha, já vale dois ingressos, fácil.

3: Star Trek: Sem Fronteiras


Quem diria que, em algum momento, Star Trek ia ser melhor do que Star Wars?
E quem diria que seria justamente quando J. J. Abrams virou a casaca e deixou Justin Lin na cadeira de diretor?
Certamente eu não diria.
Ainda assim, Sem Fronteiras tem toda a aventura que eu espero de um filme de Star Trek, além de ação, comédia e Sabotage dos Beastie Boys.
Pois é... Eu sei.
Mas funciona.
A trama sobre como, em meio à sua missão de cinco anos em espaço profundo, a Enterprise se vê envolvida nos planos do vilão Kraal (Idris Elba) para se vingar da Federação é divertidíssima, ágil, esperta e ainda se dá tempo para escrever uma carta de amor à franquia em seu cinquentenário.
O primeiro filme de 2016 a me deixar com um sorriso idiota na cara ao final da projeção ganha lugar no pódio.

2: Capitão Fantástico


O road movie de Matt Ross, baseado parcialmente na sua própria vida sendo criado em comunidades na Califórnia dos anos setenta é especial...
O longa que mostra como Ben Cash (um soberbo Viggo Mortensen) cria seus filhos à margem do modo de vida capitalista ao qual ele despreza até ser arrancado de suas ideologias pelo suicídio da esposa bipolar abre mão das soluções fáceis.
Seria uma barbada demonizar o sogro vivido pelo ótimo Frank Langella, ou santificar o papai-sabe-tudo de Mortensen, mas o longa não o faz.
Ao invés disso, o filme apenas nos leva numa viagem com essa família, nos oferecendo a chance de interpretar o que nos é mostrado, e tentar decidir se Ben é o melhor pai do mundo, o pior, ou apenas um homem de convicções seguindo suas crenças e fazendo o melhor que pode para que seus filhos tenham uma vida melhor do que a do resto do mundo.
Com momentos de riso e lágrimas, ótimas interpretações e uma trilha sonora excelente, Capitão Fantástico ganha um mais que merecido lugar no pódio dos melhores do ano.

1: A Chegada


Nos últimos anos vêm sendo pródigos com um dos meus gêneros favoritos quando se trata da sétima arte:
A ficção científica.
De 2013 pra cá, sempre tivemos uma grande sci-fi entre os melhores do ano, Perdido em Marte, Interestelar e Gravidade, todos foram grandes filmes e mereceram seu espaço na lista de dez melhores do ano.
Em 2016 que ganhou lugar na lista foi o canadense Dennis Villeneuve e seu A Chegada, um filme de ficção científica do diretor de Incêndios, Os Suspeitos e Sicário: Terra de Ninguém só podia dar em coisa boa, e em A Chegada, Villeneuve fez mais do que isso, fez uma das mais humanas histórias da ficção em anos recentes embrulhada em um filme de alienígena.
E o fez sem abrir mão de espetáculo, CGI, efeitos visuais, tensão, ritmo...
Está tudo está lá, mas não para ser a alma do filme e sim uma muleta.
Porque o essencial em A Chegada é a história de como esse primeiro contato da humanidade com vida inteligente de fora da Terra mexe com a vida de Louise Banks, a linguista escalada pelo exército dos EUA para tentar se comunicar com os visitantes.
Um sensacional quebra-cabeça narrativo que brinca com as convenções do cinema, o longa é amparado por boas atuações de Jeremy Renner e Forrest Whitaker, mas se apóia inteiramente nos ombros de Amy Adams, que devora com gosto seu papel, sem jamais perder de vista seu ponto central:
As relações humanas.
O melhor filme de 2016, com folgas.

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