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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Resenha Cinema: Liga da Justiça


Os primeiros passos da DC na sua tentativa de criar um universo cinematográfico compartilhado à imagem e semelhança da máquina de fazer dinheiro que a Marvel construiu a partir de Homem de Ferro em 2008 foram, pra dizer o mínimo, claudicantes.
O Lanterna Verde estrelado por Ryan Reynolds, talvez o primeiro filme da DC que parecia estar interessado em levar as coisas nessa direção, foi um medonho tiro no pé.
Ao fracasso de bilheteria e crítica de Hal Jordan, seguiu-se o bom O Homem de Aço, que reintroduziu o Superman nas telonas sem nenhuma conexão com o filme do defensor do setor espacial 2814.
A boa resposta do público ao novo Kal-El e o sucesso estrondoso de Os Vingadores e Homem de Ferro 3, fizeram a DC/Warner pisar com força no acelerador, dando sequencia ao universo iniciado com o Superman de Zack Snyder com, diretaço, Batman vs Superman: A Origem da Justiça.
O longa dividiu opiniões, sendo aclamado pelos fãs hardcore da DC e avacalhado por quase todo mundo que gosta de cinema.
O filme de Snyder jogava o final de O Homem de Aço pela janela, opunha ao Superman um Batman tacanho e homicida vivido por um esforçado Ben Affleck, e ainda acrescentava à salada um equivocado Lex Luthor vivido por Jesse Eisenberg, o vilão Apocalypse, a Mulher Maravilha interpretada por Gal Gadot, e misturava várias histórias clássicas dos quadrinhos em um filme confuso em tom, longo e apressado que era meio sequência de O Homem de Aço, meio filme do Batman, meio Cavaleiro das Trevas do Frank Miller, meio A Morte do Superman, meio embrião da Liga da Justiça, meio pepperoni e meio mussarela.
De repente o universo compartilhado da DC já não parecia mais uma ideia tão boa.
A pressa da Warner em alcançar a Marvel sugeria desespero e o resultado que se anunciava áquela altura era trágico.
As coisas só ficaram mais feias conforme Esquadrão Suicida foi lançado e o resultado foi um grande sucesso de bilheteria para um filme que era horroroso até a medula, e ameaçava se tornar a regra das adaptações da DC.
Mas aí, a Mulher Maravilha de Patty Jenkins surgiu.
Diana Prince deixou Temiscyra para apontar aos homens do estúdio o caminho a seguir.
Sumia o espetáculo tétrico de amargura e ódio de Batman vs. Superman ou o showzinho de conteúdo vazio de Esquadrão, entrava uma história de origem divertida e esperançosa, sobre uma heroína ingênua e idealista disposta a forçar o mundo a fazer sentido fosse pela força, fosse pela sabedoria.
E, vendo como a Mulher Maravilha se tornara um absurdo sucesso comercial e crítico, a DC percebeu que estava sentada em cima de uma mina de ouro que acabava de descobrir como garimpar.
Bem na hora, afinal, a Liga da Justiça estava chegando.
Ben Affleck, Gal Gadot e (possivelmente) Henry Cavill retornariam. A eles juntariam-se Jason Momoa como o Aquaman, Ezra Miller como o Flash, e Ray Fisher como o Cyborgue. O roteiro seguia nas mãos de Chris Terrio, um dos responsáveis pelo tenebroso script de Batman vs Superman, e de Zack Snyder, um cineasta visualmente talentosíssimo mas com sérios problemas de condução narrativa, mas agora havia um mapa do que fazer, uma direção a seguir, e a supervisão de Geoff Johns, um dos principais criadores da DC nos quadrinhos.
Os trailers iniciais pareciam bons, mas não se podia ter certeza de nada, o trailer de Esquadrão Suicida era ótimo, também.
Aos trinta e cinco do segundo tempo uma tragédia familiar afastou Snyder da direção do filme, e Joss Whedon, diretor dos dois filmes dos Vingadores da Marvel, foi chamado para assumir o posto e terminar o serviço, refilmando diversas passagens do longa e reescrevendo partes do roteiro.
A coisa toda cheirava a remodelação e refilmagem da grossa, com Snyder escanteado para que a visão dele não entrasse em conflito com os desejos do estúdio, os augúrios que acompanhavam a Liga pareciam problemáticos, e eu, que já começava a ficar de saco cheio de filmes de super-herói feitos sob encomenda pelo estúdio, desprovidos de alma, me perguntava se valeria a pena ir pro cinema arriscar meu suado dinheirinho numa empreitada que, talvez, fosse me deixar tão aborrecido quanto o último Homem-Aranha.
Mas eu sou um nerd teimoso.
Hoje, meia-noite e dois, eu estava na sala um do meu cinema favorito, confortavelmente sentado para ver o primeiro filme de super-grupo da DC.
Liga da Justiça abre com o Batman (Ben Affleck) investigando o que parecem ser os primeiros passos de uma invasão alienígena.
Com informações limitadas a respeito do inimigo, o homem-morcego segue sua investigação para tentar descobrir os planos desse adversário misterioso, que tem sequestrado pessoas em Gotham e Metrópolis.
As coisas se aceleram quando o tal adversário, o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) surge em Temyscira para reclamar um antigo artefato confiado ás amazonas, uma Caixa Materna, antigos objetos de poder imensurável ocultos em nosso planeta.
Milhares de anos atrás uma aliança entre os velhos deuses, os atlantes, as amazonas e os homens se opôs à primeira tentativa de invasão do Lobo da Estepe e de seu exército de parademônios, uma das caixas ficou em poder das amazonas, outra de posse dos atlantes, e uma terceira foi dada aos homens.
Após a morte do Superman, as defesas fragilizadas da Terra dispararam um alarme nas caixas, avisando o Lobo da Estepe de que o momento para uma nova invasão havia chegado.
O invasor, sedento de vingança pela derrota sofrida em sua última tentativa de conquista, mais sábio, poderoso e cruel, retorna obstinado a cumprir o seu destino e trazer o inferno ao nosso mundo, e a única chance que o Batman e a Mulher Maravilha têm de detê-lo, é unir uma equipe de heróis.
O herdeiro de Atlântida Arthur Curry, o velocista escarlate Barry Allen e o ciborgue nascido do poder das Caixas Maternas Victor Stone precisam ser recrutados para tentar impedir a destruição de nosso planeta.
Mas, mesmo que esses cinco heróis sejam capazes de trabalhar juntos, seu poder será o suficiente para impedir a ascensão do Lobo da Estepe?
Vou iniciar dizendo que há uma série de problemas em Liga da Justiça.
O longa é apressado em alguns momentos, a diferença entre os segmentos dirigidos por Snyder e Whedon é gritante, e o desfecho do longa pode soar insatisfatório para muita gente por sua simplicidade. Posto isso, deixe-me dizer que:
Liga da Justiça é legal pra caralho.
O longa mostra que a DC aprendeu sua lição, e fez um filme de super-herói divertido, movimentado, bonito e esperançoso.
Eu não vou dar spoilers aqui, mas nós finalmente temos sorrisos que haviam feito muita falta em filmes anteriores.
Mais do que isso, temos a super-equipe mais poderosa dos quadrinhos trabalhando junta, estabelecendo uma dinâmica de grupo bacana, dando demonstrações de poder hercúleo e lutando pra salvar a Terra sem que isso pareça um velório.
A diversão está lá, em cada frame, em nenhum momento parece deslocada ou excessiva (ainda que algumas piadas pareçam fora de lugar, mas sem chegar ao ponto dos filmes da Marvel, com uma piadinha em cada cena.), os efeitos especiais são bons, embora o Lobo da Estepe, vez que outra, pareça meio falso, as sequências de ação são boas, em especial o combate que encerra o filme e o resgate da Mulher Maravilha no museu.
A trilha sonora de Danny Elfman é extremamente bem sacada, e as atuações estão muito boas, com destaque para o Ciborgue de Ray Fisher e o Flash palhaço da classe de Ezra Miller.
Além do elenco principal há ainda o Alfred de Jeremy Irons, o comissário Gordon de J.K. Simmons, a Lois Lane de Amy Adams, a Martha Kent de Diane Lane e a rainha Hippolyta de Connie Nielsen, o doutor Silas Stone de Joe Morton, além da apresentação da Mera da gatona Amber Heard e do Henry Allen de Billy Crudup.
Alguns personagens quase não têm tempo em cena, outros parecem ter um pouco de tempo demais, mas, entre mortos e feridos, todos se salvam.
O clima do longa lembra a brilhante animação da Liga da Justiça em diversos momentos, em outros tantos, emula o clima da ótima história Liberdade e Justiça, as duas abordagens são triunfantes, pois tratam-se de dois produtos muito acima da média.
A Liga da Justiça se une, e salva o dia em uma história que transpira otimismo. Não fica muito melhor do que isso.
Falta muito pra sequência?

"A esperança está lá fora. Basta olhar para o céu."

Um comentário:

  1. É uma história totalmente otimista! Antes de qualquer coisa, é bom afirmar que “Liga da Justiça” é uma boa diversão. Os filmes de Ben Affleck realmente são sempre promissores, e a Liga da Justiça não foi uma exceção. Em suma, Liga da Justiça é um filme bem divertido. Ele é um autentico filme de super-herói. Toda a essência dos heróis, está lá e muito bem representada pelos personagens. Mesmo que não tenha sido perfeito, Liga da Justiça apresenta algo promissor que pode render bons frutos em um futuro próximo, ainda mais pelo o que foi apresentado nas duas cenas pós créditos. Mas que ficou aquela sensação de que o filme poderia ter se arriscado um pouco mais, ter tido um pouquinho mais de ambição, isso ficou. Que venham novas aventuras da Liga da Justiça.

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