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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Resenha Série: O Justiceiro, Temporada 1, Episódio 12: Home


Atenção! Há spoilers do episódio abaixo!
O episódio 11 de O Justiceiro, Danger Close, se equiparara aos melhores momentos da série solo do vigilante mais sanguinário dos quadrinhos. Home, porém, deu um passo além, e foi, sem sombra de dúvida, o melhor capítulo da jornada solo de Frank Castle.
Frank e David vão até Madani e oferecem seus testemunhos para a Segurança Nacional antes de colocar em prática um plano suicida para recuperar Sarah e Zach das mãos de Billy Russo e Rawlins em um arriscado movimento que coloca o Justiceiro nas mãos de seus inimigos e em uma batalha definitiva de vida ou morte.
Se Home fosse o último episódio de O Justiceiro, teria sido o proverbial fecho de ouro para uma série que sempre foi muito acima da média das adaptações de quadrinhos televisivas.
Numa das melhores decisões narrativas do programa, o episódio colocou a audiência dentro da cabeça de Frank Castle enquanto ele decidia se era hora de se juntar à sua esposa e filhos na morte, ou se tentaria se manter respirando para lutar por mais um dia.
As cenas onde Frank e Maria (Kelli Barrett) dançam em um cenário onírico quando o espancamento de Rawlins se torna mais feroz e sangrento são sensacionais para nos aprofundar na psique do Justiceiro, e nos mostrar que, por mais que valorize a sua família, Frank é, acima de tudo, um soldado com uma missão, e não há descanso enquanto a missão não for cumprida. O que significa más notícias para Rawlins e para Billy.
Rawlins, aliás, seguiu com seu papel de vilão genérico nesse episódio. Sim, ele torturou Frank com vontade durante quase o capítulo inteiro, mas isso não o tornou um personagem mais interessante em nenhuma medida já que conhecemos o agente da CIA em uma sessão de tortura.
Entre os vilões da trama, Billy segue sendo o mais interessante, e sua interação com Frank durante um intervalo no espancamento de Rawlins, onde ele assume seu papel na morte da família Castle, parece ser muito mais dolorido para Frank do que qualquer um dos socos do Agente Laranja.
Os escritores da série fizeram um trabalho sensacional ao tornar Billy Russo um vilão humano e cheio de camadas, a quem a audiência pode entender, mesmo se não possa gostar ou aprovar. O desenvolvimento do personagem foi louvável ao longo de toda a temporada, e o trabalho de Ben Barnes com o material é ótimo, tornando a jornada de Billy absolutamente plausível e crível, um dos pilares da série.
Outro pilar da série é Ebon Moss-Bachrach. O personagem que surgiu como um maluco algo arrogante escondido em um porão qualquer passou por uma transformação sutil ao longo dos últimos onze capítulos. Sua aliança com Frank se tornou uma verdadeira amizade, e mudou sia visão de mundo. O David Lieberman que luta para salvar seu amigo não é o mesmo que perseguiu Frank Castle com sistemas de vigilância intrincados no início da temporada. Ele é um sujeito que foi impregnado com o senso de justiça bíblico preto no branco de Frank, e está disposto a lutar por isso.
A cena onde ele implora pela vida de seu amigo é ótima, mas quando ele desafia Madani a respeito de como se faz para levar justiça a homens como Russo e Rawlins é que nós somos capazes de vislumbrar a evolução desse personagem.
Jon Bernthal segue sendo um capítulo à parte. Seu trabalho à frente de O Justiceiro é digno de premiação. Muito das razões para que vejamos Frank como uma pessoa dolorosamente atormentada e não como uma máquina de matar movida a desejo de vingança passa pelo trabalho do ator que empresta uma humanidade quase dolorosa ao anti-herói. As lágrimas que ele derrama ao descobrir que Billy sabia que sua família seria assassinada são de partir o coração, e conseguir emprestar esse tipo de emoção a um personagem que passou a maior parte da temporada empapado do sangue de seus inimigos é testemunho do talento de Bernthal.
Quem não tem tanta sorte é Amber Rose-Revah. Dinah Madani segue sendo uma personagem que parece tão perdida na trama quanto o Rawlins de Paul Schulze. Enquanto os três personagens centrais da trama têm objetivos definidos e que são integrais à trama, Madani está ali orbitando a jornada desses três sem, de fato, ser mais do que um acessório da história, servindo apenas para ocupar o meio-campo entre esses três homens e a lei. Veremos o que o futuro reserva para ela no capítulo derradeiro da temporada. Enquanto isso, Home se garante como o melhor capítulo de O Justiceiro até aqui, e provavelmente um dos três melhores episódios de qualquer série da Marvel/Netflix.
A luta de Frank para escolher entre vida e morte garantiu uma hora de entretenimento com coração e alma graças aos trabalhos inspirados de Bachrach, Barnes e especialmente Bernthal.


"-Esse homem está morrendo pela sua justiça, que tal fazer alguma pra ele?"

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