Pesquisar este blog

quinta-feira, 22 de março de 2018

Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 7: I Want You Cray Cray


Atenção! Zona de spoilers abaixo!
De longe o episódio mais interessante da temporada I Want You Cray Cray foi um mergulho no passado de Alisa e Jessica (e Trish) após o acidente automobilístico que acometeu a família Jones. O episódio foi, novamente, regado a muita conversa, mas esse falatório todo serviu para dar profundidade às jornadas dessas pessoas tão insuportavelmente ferradas da cabeça. Ao longo de 54 minutos nós descobrimos o que aconteceu com Alisa após ela despertar no laboratório do doutor Karl Malus na IGH e descobrir que tudo em sua vida havia mudado.
Após cinco anos em coma, Alisa Jones descobriu que havia passado cinco anos em coma, e passado por extensivas cirurgias plásticas e tratamento de redesenho de DNA que mudaram totalmente a sua aparência ao mesmo tempo em que lhe fizeram desenvolver super-força e surtos psicóticos.
Como se não bastasse, Alisa descobriu que seu marido e filho estavam mortos, e que sua filha havia sido adotada por outra família e pensava que ela estava morta...
Quando feriu gravemente Inez e matou a outra enfermeira do IGH, Alisa estava tentando fazer contato com sua filha perdida.
E Jessica estava, mesmo, bem perdida.
Uma aluna meia-boca e desinteressada na faculdade, Jessica orbitava, com a cara de enfaro habitual, o mundo de Patsy Walker, que fazia a transição de estrela infantil para pseudo cantora rebolativa.
O clipe de I Want You Cray Cray é tão dolorosamente Britney Spears anos 2000, com direito a franjinha e tomadas de dançarinas com pouca roupa que chega a ser risível. Aliás, fica a pergunta de como Trish conseguiu deixar pra trás toda aquela bazófia e se tornar uma apresentadora de rádio razoavelmente respeitável, chegando ao ponto de almejar uma carreira no jornalismo de verdade... O flashback deixa bem claro que Patsy era uma fedelha mimada e uma completa junkie, o que ajuda a entender a sua completa escorregada com relação ao inalador de Simpson (mas deixa a dúvida de por que o mesmo não aconteceu com as pílulas vermelhas da última temporada...).
De qualquer forma, talvez a grande revelação do flashback seja a de que a relação de Jessica e Trish nem sempre foi tão boa. Que as duas chegaram a passar meses sem se falar na época de estrelinha junkie de Patsy, e que Jess teve um primeiro amor, no caso, o bartender Stirling Adams (o genérico Mat Vairo). Um rapaz ambicioso que sonhava em abrir sua própria boate e que não se importava nem um pouco em ter uma namorada com super-poderes. Na verdade, Stirling gostava de ter uma garota que pudesse abrir caixas eletrônicos com as mãos, roubar relógios caros de dentro de joalherias, e afugentar agiotas que levaram um calote.
Adams tratava Jessica como uma mistura de investimento e animal de estimação, e a relação do casal deixa claro que Jessica já tinha tendência a ser manipulada por homens quando conheceu Kilgrave. Não há outra forma de enxergar a relação do casal quando Stirling facilmente a convencia a arrombar uma loja e roubar uma jaqueta de couro para ele presenteá-la.
A despeito de Stirling ser obviamente um escroto do caralho, Jessica o amava, e estava disposta a fazer tudo o que ele pedisse contanto que ouvisse umas palavras doces antes e depois.
Se não fosse pela fuga assassina de Alisa do IGH, provavelmente Jessica teria se tornado uma super-criminosa pra ser presa pelo Demolidor.
Em sua tentativa de retomar o contato com a filha, Alisa inadvertidamente flagra Stirling planejando prostituir os poderes de Jessica para um grupo de bandidos em troca do perdão de sua dívida e 25% dos lucros dos crimes onde os poderes dela forem utilizados.
Não é necessário conhecer muito sobre mães ou surtos psicóticos para saber que Alisa não gostou nada de ouvir isso, e que a coisa toda acabou muito mal para Stirling, e que essa revelação não é lá muito saudável para a relação de Jessica com sua mãe.
Uma interessante jornada à uma parte nova da história de origem de Jessica, I Want You Cray Cray mostra que Jessica já era uma personagem profundamente perdida e problemática muito antes de Kilgrave surgir em sua vida, e que muito mais do que os abusos do vilão, todas as escolhas de vida de Jess moldaram a sua personalidade destrutiva. O capítulo também deixou claro que Jessica e Trish se dão muito melhor juntas do que separadas, e o afastamento das personagens até aqui pode ter sérias consequências para a dupla nos episódios vindouros.

"-Todos ao meu redor morrem.
-Não eu. Eu vou viver pra sempre.
-Não se não conseguir ajuda."

Nenhum comentário:

Postar um comentário