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sexta-feira, 27 de julho de 2018

Resenha Cinema: Homem-Formiga e A Vespa


O Homem-Formiga entrou, novamente, eu uma posição complicada do calendário da Marvel. A exemplo do que acontecera em 2015, quando o filme do herói diminuto foi lançado pouco tempo após Vingadores: Era de Ultron, provavelmente o filme mais ambicioso do Marvel Studios até então, nesse 2018 o alter-ego de Scott Lang voltou aos cinemas após Vingadores: Guerra Infinita, provavelmente o maior filme do Marvel Studios em todos os tempos.
Se três anos atrás, ao menos pra mim, Homem-Formiga fora uma agradável surpresa após Era de Ultron me decepcionar um pouco, dessa vez Guerra Infinita fora praticamente tudo o que um fanboy poderia querer (ainda posso me considerar um "fanboy" na minha idade? Talvez "fanguy" seja mais apropriado...), deixando a nova aventura do discípulo de Hank Pym na desconfortável posição de parada obrigatória antes de Vingadores 4.
Foi apenas por problemas pessoais e correria pura que eu não fui ver Homem-Formiga e A Vespa na pré-estréia. Acabei demorando bem mais do que gostaria pra conseguir ver o filme, o que só aconteceu ontem.
O longa abre com uma revisão da conversa onde Hank Pym (Michael Douglas) conta à Hope Van Dyne (Evangeline Linda, digo, Lilly) sobre qual fora o destino de sua mãe, Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer).
À sequência que havíamos visto no primeiro longa, com o Homem-Formiga e a Vespa originais tentando impedir que um míssil atingisse os EUA, é adicionada uma sequência do ponto de vista de Hope, se despedindo de sua mãe antes de ela se perder pra sempre no Reino Quântico.
Ou, não tão pra sempre, já que Scott Lang fora capaz de ir até o vácuo quântico e retornar.
De posse dessa informação, Pym começa imediatamente a trabalhar em uma forma de ir até o Reino Quântico para tentar resgatar Janet se ela ainda estiver viva após trinta anos perdida.
Enquanto isso, Scott Lang (Paul Rudd) está nos estágios finais dos dois anos de prisão domiciliar que lhe foram impostos após sua captura durante a Guerra Civil.
Ele tem trabalhado em uma companhia de segurança junto com Luís (Michael Peña), Dave (Tip "T.I." Harris) e Kurt (David Dastmalchian) e se virado para entreter a filha Cassie (Abby Ryder Forston) sem poder sair de casa. Tudo parece ir bem, sua relação com Maggie (Judy Greer) e Paxton (Bobby Cannavale) é ótima e até mesmo Jimmy Woo, o agente do FBI responsável por monitorá-lo (Randall Park) parece gostar dele porque, afinal, Scott é um sujeito gostável.
Quem não gosta dele são Hope e Hank, que foram expostos após a participação de Scott na Guerra Civil e se tornaram fugitivos enquanto tentam encontrar Janet, uma situação deveras desconfortável pela qual eles não parecem dispostos a perdoar o ex-presidiário com quem cortaram relações.
Ao menos até Scott se tornar a chave para a localização de Janet ao mesmo tempo em que o traficante de tecnologia Sonny Burch (Walton Goggins) e a misteriosa Fantasma (A bela Hannah John-Kamen) tornam, cada um por razões totalmente distintas, o laboratório miniaturizável de Pym o alvo de suas atenções.
Com inimigos múltiplos em seus calcanhares, fugitivos da justiça e em uma contagem regressiva para o que pode ser a última chance de resgatar Janet, não resta alternativa a Hank e Hope, senão recorrer, novamente, à ajuda do Homem-Formiga, que dessa vez, trabalhará com uma parceira, a nova Vespa, manto pelo qual Hope esperou sua vida inteira.
Homem-Formiga e A Vespa é um filme muito parecido com seu antecessor.
Ele é muito menor em escopo do que os últimos filmes da Marvel têm sido, e isso pode incomodar parte da audiência que vêm de Thor Ragnarok e Guerra Infinita, que são dois filmes decisivos para o Universo Cinemático Marvel e Pantera Negra, que apesar de ser um filme de herói bem convencional, tornou-se um fenômeno cultural por sua representatividade, mas isso não necessariamente é uma coisa ruim.
Eu não acho que todo o herói tenha que ter o destino do mundo em suas mãos o tempo inteiro, e pra mim faz sentido que as histórias solo do Homem-Formiga e seu núcleo ocorram em um universo menor (sem trocadilhos).
Óbvio que o filme poderia se valer de um pouco mais de ambição do diretor Peyton Reed, ao menos nas sequências de ação. Muitas delas são prenhes de boas ideias, mas tão curtas que vimos praticamente todas nos trailers e spots de TV, de modo que resta pouca novidade para apreciar durante o filme nesse quesito.
Os vilões, vividos por Walton Goggins e Hannah John-Kamen são irregulares. Enquanto ela tem poderes muito bacanas, e um visual sensacional, aos quais junta-se uma história de origem convincente, que coloca o lado mais sombrio da SHIELD e de Pym em evidência, mas que mal e mal é arranhada no filme, em grande parte por causa de Burch, um vilão bastante descartável e genérico cuja única função na trama parece ser ter capangas para os heróis espancarem, o que é uma pena já que desperdiça o talento de Goggins e a presença de John-Kamen.
Por outro lado, os personagens principais seguem sendo bem aproveitados pelo roteiro escrito por Chris McKenna, Eric Sommers, Andrew Barrer, Gabriel Ferrari e o próprio Paul Rudd. O protagonista, em especial, é um personagem muito bacana. Scott Lang é um sujeito de bom coração, empolgado e humano. Sua comédia funciona em uma nota diferente da dos outros heróis da Marvel e isso sempre oferece um frescor ao personagem. Hank Pym é outro.
É muito legal ver que o roteiro não se furta da chance de sempre demonstrar o cientista como um sujeito de gênio difícil. Irascível e intratável, Pym parece ter um passado difícil com todo mundo que cruzou seu caminho conforme o doutor Bill Foster de Laurence Fishburne testemunha, e ainda que nós saibamos que ele não é mau, também percebemos que ele é um sujeito com um temperamento explosivo que poderia ter espancado a esposa ou criado Ultron, como aconteceu nos quadrinhos.
Hope, por sua vez, fica no meio-termo.
Apesar de não ser tão subdesenvolvida como os antagonistas ela não chega a ter o brilho de Scott. Após a cena pós-créditos do primeiro filme, eu realmente achei que, ao se tornar a Vespa, Hope se divertiria a valer com aquilo. No trailer, ela me pareceu austera, quase rabugenta, algo que, felizmente, não se confirma no filme mesmo que a leveza que a personagem poderia ter seja roubada, até justificadamente, pela gravidade da missão de resgatar Janet.
Michael Peña segue sendo um tremendo ladrão de cenas.
Dessa vez ele tem apenas uma das geniais montagens onde conta uma história de maneira muito particular, e é um dos momentos mais engraçados do filme (e provavelmente quando Rudd e Lilly têm mais química em cena). Penã, Dastmalchian e Harris são os responsáveis por algumas das melhores risadas do filme (ainda que a sequência com Hank na escola seja muito boa, também), enquanto Cannavale e Gryer são relegados à quase pontas junto com Randall Park.
A trilha sonora praticamente inexiste, mas os efeitos visuais são excelentes, com destaque para o rejuvenescimento digital de Douglas e Pfeiffer, quase assustador de tão natural, e o 3D é absolutamente desnecessário.
Em suma, Homem-Formiga e A Vespa é uma divertida e descompromissada sessão de cinema. A pesar de algumas conveniências de roteiro ao estilo "porque sim", quem gostou do primeiro filme certamente gostará desse, ele é menor que seus mais recentes pares, mas coisas pequenas podem ser muito boas.
Vale a ida ao cinema, há duas cenas prós-créditos, a primeira, uma ponte com Guerra Infinita, a segunda, uma trollada ao estilo Homem-Aranha: De Volta ao Lar.

"Você pode fazer qualquer coisa. Você é a melhor avó do mundo."

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