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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Resenha DVD: Megatubarão


Há filmes que a gente vê o título e já espera um determinado perfil. Quer dizer, ninguém em sã consciência espera que um longa chamado Megatubarão vá ser uma maravilha do cinema. Muito antes pelo contrário.
Espera-se uma dessas besteiras de baixo orçamento financiadas pelo Syfy Channel ao melhor estilo sharknado, ou mega tubarão versus polvo gigante ou qualquer outra coisa nesse gênero, filmes de terrir que não se levam a sério e nem agregam lá muito valor de produção.
O ponto é que esse Megatubarão tinha orçamento, estúdio, elenco e lançamento de blockbuster. Custou cento e cinquenta milhões de dólares à Warner e à China Media Capital, tinha no cast nomes reconhecíveis em Hollywood e inclusive encheu o longa de chineses para aumentar a arrecadação na Ásia. Coisas que tornavam esse filme, no mínimo, intrigante.
E foi por mera curiosidade que ontem passei na locadora e catei o filme de John Turteltaub, mesmo dos filmes d'A Lenda do Tesouro Perdido com Nicolas Cage.
O longa abre com uma sequência cinco anos no passado, quando o especialista em resgate sub-marino Jonas Taylor (Jason Statham) e sua equipe tentava resgatar a tripulação de um submarino nuclear naufragado. Durante o resgate, porém, alguma coisa atacou a embarcação, forçando Jonas a tomar uma decisão dolorosa, deixar morrer dois membros de sua equipe para salvar onze vítimas.
Corta para o presente.
O multi bilionário Jack Morris (o eterno Dwaight Schrute Rainn Wilson) chega à instalação de pesquisa submarina que financia. Lá, o doutor Zhang (Winston Chao) e sua equipe vasculham o fundo do oceano e acabaram de fazer uma espetacular descoberta: As fossas Marianas não são o ponto mais profundo da Terra. O que se considerava o fundo das fossas é, na verdade uma camada de fluido em temperatura subzero que mantém isolado um ecossistema quase alienígena do qual ninguém jamais teve vislumbre ou notícia.
Quando uma equipe formada por três pesquisadores alcança a maior profundidade da história da exploração submarina, o impensável acontece, e um megalodonte, o maior tubarão que já nadou nos mares e que todos consideravam extinto, ataca o veículo, deixando o grupo incapaz de retornar à superfície e com o tempo de oxigênio em contagem regressiva.
A única pessoa capaz de executar esse resgate?
Jonas. O homem que vem sendo ridicularizado nos últimos cinco anos exatamente por ter testemunhado o ataque de um megalodonte.
Mas mais do que salvar os pesquisadores no leito do oceano, Jonas e a tripulação da estação precisam estar preparados para as consequências de colocar o maior e mais terrível predador dos oceanos de volta na cadeia alimentar da qual esteve ausente por dois milhões de anos.
A premissa por si só já deixa claro que o longa é um tremendo prepostero, e não haveria nada de errado com isso se o longa simplesmente não se levasse a sério, o grande problema aqui é que o roteiro escrito por Dan Georgarias, Jon Hoeber e Erich Hoeber jamais decide se quer ser uma bobagem estilo Sharknado ou um filme estilo Homem versus Natureza mais sério, como Tubarão.
O longa começa tentando ser assustador, e até consegue gerar uma atmosfera de tensão enquanto a ação transcorre nas profundezas da fossa isolada do primeiro ato, mas do momento em que Statham ressurge na tela em diante, a tensão é mandada lá pra casa do capita em nome de sequências de ação absurdas e frases de efeito engraçadinhas.
Pra piorar o esburacado roteiro do filme não suporta três segundos de escrutínio lógico, o que, novamente, não teria problema se o longa escolhesse um tipo de abordagem condizente e se mantivesse com ele. Como esse não é o caso, temos sacrifícios heroicos, lamentos e piadinhas condensados no mesmo espaço, fazendo com que tudo seja inócuo.
No elenco, destaca-se Wilson, divertido com seu Jack Morris emulando Elon Musk, e Ruby Rose, cuja hacker Jaxx parece uma personagem punk de anime. Além desses ainda temos Li Bingbing, Cliff Curtis, Sophia Cai (porque, afinal, quem não levaria uma criança de oito anos para uma estação de pesquisa submarina?), Page Kennedy, Robert Taylor, Ólafur Darri Ólafsson, Masi Oka e Jessica McNamee, servindo de isca (e eventual petisco) para o Meg.
Praticamente não existe trilha sonora e os efeitos visuais são OK no que é, de longe, o filme de tubarão menos sangrento que eu já vi, afinal, classificação indicativa mais branda se reflete em público mais amplo e, consequentemente, mais grana nas bilheterias e, nesse caso em especial, num clímax que é absolutamente sem graça e monótono, substituindo o pavor de um ataque de fera devoradora de homens por correria.
Geralmente eu tento não pichar filmes que são exatamente o que prometem, mas é difícil pra mim nutrir simpatia por produtos desalmados como esse Megatubarão, mais um exemplo de que combinar cinema norte-americano com chinês resulta em produtos indigestos como Círculo de Fogo 2, A Grande Muralha, Arranha-Céu e esse Megatubarão, o filme trash mais caro e comportado da história do cinema.

"-Meg contra homem não é uma briga... É um massacre."

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