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sábado, 22 de dezembro de 2018

Resenha Game: Marvel's Spider-Man: Silver Lining


"Tudo o que tem um começo, tem um fim", já diria a Oráculo de Matrix, e o DLC de Marvel's Spider-Man, The City That Never Sleeps não é exceção. Ontem a Insomniac disponibilizou o último dos três capítulos do conteúdo baixável do melhor game que o cabeça de teia já teve e eu não acho que esteja exagerando quando digo que o melhor ficou guardado para o final.
Conforme ficou claro para quem jogou Turf Wars, o capítulo anterior do DLC, o chefão Cabeça de Martelo não havia morrido nas mãos da capitã Yuri Watanabe. O tal Projeto Olympus havia deixado o don da Maggia ainda mais indestrutível do que antes, de modo que um balaço na testa deixara de ser garantia de morte para o vilão.
Enquanto Yuri foi afastada pela corregedoria, o Cabeça de Martelo segue com seu plano de ocupar o vácuo de poder de Wilson Fisk e se tornar o grande chefão do crime de Nova York usando armamento da Sable International que ficou dando sopa em Nova York após os eventos da história principal do game, e a única coisa entre o bandidão e seu objetivo é o espetacular Homem-Aranha, que continua travando uma guerra particular contra os capangas turbinados do mafioso.
Eis que ressurge Silver Sable. A personagem que foi um pé no saco durante a história principal do game e que me irritou profundamente por sempre aparecer para dar uma coça no Homem-Aranha (em segmentos onde o player não podia controlar o herói para tentar, de fato, vencer a briga) volta a Nova York para lidar pessoalmente com a sua tecnologia nas mãos do Cabeça de Martelo.
Sable é mais uma personagem beneficiada pelo primoroso roteiro do game que, de forma geral, faz maravilhas por todo mundo (mesmo que coisas como a Mary Jane jornalista e o Miles Morales geek me incomodem um pouco...). Quando a mercenária surge, parece que ela está apenas querendo vingança ou proteger os próprios interesses, mas conforme a trama anda, nós descobrimos mais sobre as motivações de Sablinova e isso ajuda a expandir ainda mais o mundo ondo o game se desenrola.
Se Sable parece estar agindo de forma egoísta no início, não tarda para descobrirmos que ela é uma personagem com quem podemos simpatizar e, mais do que isso, alguém com intenções nobres, o que justifica a forma como o Homem-Aranha pega leve com ela. Somado a essa nova luz sobre a personagem, a parceria entre a mercenária curta e grossa e o espirituoso amigão da vizinhança cria um clima de buddy cop que torna a narrativa mais divertida, e gera alguns dos melhores diálogos do game, fazendo com que estejamos mais do que dispostos a ter um pouco mais dessa parceria na tela.
Mas há mais méritos no DLC.
Foi uma sacada de mestre pegar um vilão da terceira linha da gloriosa lista de antagonistas do Homem-Aranha e transformá-lo em uma ameaça real para a trama. Nas mãos da Insomniac o Cabeça de Martelo é mais do que um capanga durão, mas um autêntico chefão do crime com um plano e sem medo de sujar as mãos para chegar no topo da pirâmide. Mesmo que seu visual nesse terceiro capítulo seja bem porcaria ele impõe uma ameaça real durante todo o tempo, e derrotá-lo no final (em uma sequência desafiadora e cinematográfica) gera genuína satisfação.
Claro, as interações entre o protagonista e Mary Jane e Miles Morales e outros personagens ajudam a manter essa Nova York digital viva e reativa, mas Silver Lining é um capítulo dedicado à Silver Sable, e o fato de conseguir tornar a antipática personagem uma presença bem-vinda é testemunho da qualidade do trabalho dos roteiristas do game.
Em termos de gameplay não há grandes novidades.
O sólido sistema do jogo é respeitado e mantido, nós perseguimos veículos, lutamos contra ondas de inimigos e, entre uma coisa e outra, há uma ou duas missões de estilo furtivo, o grande diferencial é a dificuldade. Silver Lining pega pesado na hora de jogar a bandidagem pra cima do cabeça de teia, com todos os tipos de inimigos dos capítulos anteriores dando as caras em grande quantidade com equipamentos de ponta, obrigando o jogador a fazer uso de todo o arsenal de engenhocas aracnídeas à disposição para sobrepujar os inimigos.
Entre os crimes aleatórios retorna o tiroteio com um caminhão tanque no meio que havíamos visto em uma das missões secundárias envolvendo estudantes da UES, mas agora com capangas da Maggia vestindo trajes Olympus, e um "defender a torre" que na verdade é "defenda o caminhão de suprimentos" das ondas de capangas.
Uma das minhas partes preferidas do game, as bases, retorna, e ainda que haja apenas três ou quatro bases para invadir, o nível de desafio é muito bom, com uma grande e variada quantidade de inimigos para enfrentar em estações de metrô abandonadas muito bacanas que, novamente, ampliam o mundo do game aventando um rico subterrâneo para explorar no futuro.
De negativo, novamente, os desafios da Screwball. Não são muitos, seis, se não me falha a memória, mas, rapaz, eu odeio a Screwball. Ela é a millenial quintessencial e eu realmente torço para que ela morra na prisão já que o game não me deixou matar ela com as minhas próprias mãos.
Outra missão secundária nova são os registros de cenas de crimes, onde o Homem-Aranha é colocado para procurar por gravações deixadas em locais onde assassinatos ocorreram. Cada um dos arquivos encontrados pelo herói desvelam uma nova peça em um quebra-cabeça que leva até a capitã Watanabe, e, ainda que o segmento não tenha um desfecho de fato, ele deixa portas abertas para o futuro de Yuri, seja numa sequência ou em outro DLC.
Sem mexer num gameplay que funcionou perfeitamente, Silver Lining conseguiu ser uma ótima revisita a um game que todo mundo tinha adorado e oferecer um grande nível de desafio durante os combates ao mesmo tempo em que criou missões secundárias satisfatórias e com consequências para o futuro do personagem e o mundo que ele habita.
Quem jogou os dois capítulos prévios não perde por esperar, pois o melhor foi, como eu disse lá no início, guardado para o final que, ainda que seja agridoce, amarra as pontas soltas com propriedade e fundamenta esse mundo para receber mais e mais histórias de personagens que aprendemos (ou reaprendemos) a amar.
Que venha mais Marvel's Spider-Man.

"-Onde você aprendeu a lutar?
-Nas ruas da Symkaria.
-Eu aprendi vendo filmes, devíamos trocar anotações."

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